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Estado de Minas

Prostitutas de BH preparam livreto com frases em inglês e elevam os preços para Copa


postado em 06/06/2014 10:55 / atualizado em 06/06/2014 11:08

Os estádios recebem os últimos acertos, aeroportos estão longe do ideal e grande parte das promessas de obras de infraestrutura não foi cumprida faltando menos de uma semana para a abertura da Copa. Enquanto isso, nos bordéis das ruas Guaicurus e São Paulo, a região conhecida como o baixo meretrício de BH, o clima de Copa já toma conta das escadas e paredes, com bandeiras verde e amarelas enfeitando o vaivém de clientes que sobem e descem as escadas em busca de alguns minutos de prazer. Mais do que os enfeites nas cores da seleção canarinho, as profissionais do sexo prometem dialogar em inglês e para auxiliá-las na tarefa irão receber na semana que vem um livreto encartado em uma camisinha, com expressões essenciais para os momentos do enlace íntimo.

Todo esse preparo tem seu preço. Os valores dos programas foram reajustados e, em alguns casos, a "inflação" pode chegar a 100% em relação aos valores no período pré-Copa. Na Avenida Afonso Pena, tradicional via ocupada por prostitutas, o valor passou de R$ 40 para R$ 50 para os programas realizados dentro do automóvel e de R$ 80 para R$ 100 para aqueles que preferem levar a garota a um motel. A presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aspromig), Cida Veira, que faz ponto na avenida, acredita que durante os dias do Mundial o valor pode chegar a R$ 150 (motel) e R$ 80 (carro), o que representa praticamente o dobro do valor cobrado antes da Copa.

A Aspromig organiza desde o ano passado aulas de inglês e espanhol para as garotas de programa, o que, inclusive, gerou repercussão mundial para a associação, com reportagens em diversos países. O professor Igor Fuchs ensina lições básicas da língua de Shakespeare para as moças e travestis da capital mineira, principalmente, as que trabalham em hotéis do baixo meretrício, nas rua Guaicurus e São Paulo, no centro de BH. Ele bolou um livreto que será impresso do tamanho do pacote de uma camisinha e será distribuído junto com o preservativo.

As frases, que pretendem auxiliar a prostituta quando ela não entender o desejo de um cliente ou mesmo auxiliar as profissionais do sexo a dizerem que ela se nega a fazer algo. O nome do livreto é The Bitch’s Book, ou na tradução livre de Fuchs: O Puta livro. "Vai ser impresso e distribuído, mas preciso da ajuda de um designer para finalizar", conta Fuchs. Quem quiser ajudar basta ligar para a Aspromig (3201-1799).

Cida Vieira afirma que a Copa é um momento para as profissionais do sexo faturarem e que elas devem, sim, reajustar os preços. Há alguns anos o valor médio do programa nos hotéis (como são chamados os prédios em que as garotas alugam um quarto e realizam o serviço) está estabilizado em R$ 20, sendo que as mais cobiçadas cobravam R$ 30 e, em muitos, casos chegam a formam pequenas filas aguardando a saída de um cliente.

A reportagem do Estado de Minas percorreu cinco desses hotéis quarta-feira e ontem e apurou que os preços subiram. Algumas garotas estão cobrando R$ 50 e a maioria não cobra menos de R$ 35. Em um desses hotéis, na Rua São Paulo, quase esquina com Rua Guaicurus, ainda é possível conseguir um programa de 20 minutos por R$ 20. Na loja de material esportivo que divide parede com o hotel uma camisa do Brasil – não oficial, mas muito parecida – custa R$ 65, valor que pagaria três programas e ainda sobraria R$ 5, dinheiro suficiente para comprar um caldo de mocotó com dois ovos de cordona na esquina, no bar e lanchonete Primavera.

A presidente da Aspromig quer reforçar o espírito de Copa na Zona Boêmia. Planeja enfeitar toda a Rua Guaicurus com bandeirinhas verde e amarela e organizar, no final da próxima semana, uma partida de futebol entre as garotas de programa. O nome de uma das equipes é "Time das Peladas" e Cida avisa que todas jogarão com o número quatro nas costas.

Somente na Zona Boêmia são 23 hotéis e, de acordo com a Aspromig, são 4 mil profissionais do sexo. Porém, o mercado dos prazeres carnais não é restrito ao baixo meretrício. No Bairro Anchieta, na Boite New Sagitarius, o preço médio de um programa é R$ 400, porém o cliente precisa pagar R$ 86 para entrar e mais R$ 86 para "liberar" uma garota caso queira sair e buscar um motel. Em conversa informal, a reportagem apurou que o local – provavelmente o mais caro da cidade – não pretende elevar o preço durante a disputa do mundial.


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