Logo na estreia, uma derrapada. O Bike BH, programa de compartilhamento de bicicletas, começou com problemas em uma das suas quatro estações do Centro de Belo Horizonte. Na manhã de ontem, usuários interessados no serviço não encontraram qualquer bicicleta no ponto do Mercado Central, instalado na Avenida Augusto de Lima, perto da Praça Raul Soares. Lacrada com faixa e com cimento ainda úmido, a estação era uma novidade até para os comerciantes do quarteirão, que viram a estrutura aparecer de um dia para o outro. Mas quem foi ao local aproveitar a novidade logo pela manhã voltou frustrado.
Foi o caso de Marcos Machado, de 45 anos, e Alessandra Machado, de 40. O casal se inscreveu no programa e pagou o plano mensal, na noite anterior, mas não conseguiu usufruir do serviço. “Planejamos um passeio com nossos filhos. Viemos da Pampulha conferir como funciona, porque temos interesse de usar as futuras estações na orla da lagoa.
Já na Praça da Liberdade, havia uma equipe preparada para ajudar o público. E as bicicletas laranjas que se tornaram famosas graças a novelas fizeram sucesso. O bancário aposentado Marcos Vinícius Pires Lopes, de 49 anos, foi um dos primeiros a alugar uma delas. “Há anos não andava de bicicleta. Essa ideia é excelente, vai incentivar o uso desse meio de transporte”, afirmou.
Apesar de festejado pelos usuários, o programa de mobilidade urbana está três meses atrasado e com apenas 40 das 400 bicicletas previstas. Segundo Eveline Trevisan, superintendente de Desenvolvimento de Projetos e Educação da BHTrans e coordenadora do programa Pedala BH, ocorreram problemas no processo licitatório. A empresa municipal de transporte e trânsito liberou 10 alvarás de estações e a Serttel tinha até 90 dias para fazer as instalações, mas, na Pampulha, com a Copa do Mundo, ainda não há previsão para finalizar a primeira etapa do projeto, com 10 pontos. Agora, a previsão é de que até o início de setembro haja 30 estações e até dezembro, 40.
Uma questão de respeito
Trinta e quatro desses pontos serão dentro dos limites da Avenida do Contorno, em espaços de 300 a 500 metros de distância. As outras seis estações ficarão na orla da Lagoa da Pampulha.
Presidente da União Ciclística de Minas Gerais, Carlos Starling, vê Belo Horizonte seguindo uma tendência das grandes cidades, onde programas semelhantes já estão consolidados. “Funciona em todo o mundo, por que não funcionaria aqui? Precisamos é criar uma estrutura urbana para isso: ciclovias e faixas, mas, principalmente, respeito. O Código de Trânsito trata a bicicleta como um veículo com direito a trafegar nas vias públicas, assim como os carros. Mas mesmo eu, que ando 350 quilômetros por semana e sou experiente, tenho receio”, afirma.
Para pedalar
» Como funciona
Para usar as bicicletas é preciso preencher um cadastro pela internet (www.mobilicidade.com.br/bikebh) e pagar o valor do plano escolhido. Para destravar a bicicleta, o usuário pode usar o aplicativo Bike BH para smartphones ou ligar, do telefone celular, para o número 4003-9847, com custo de chamada local.
» Estações
Mercado Central
Praça Rui Barbosa
Praça Afonso Arinos
Praça da Liberdade
» Preço/Planos
R$ 3 – diário
R$ 9 – mensal
R$ 60 – anual
» Horário de funcionamento
Das 6h às 23h, para retiradas, e até 0h, para devoluções.
» Limites de uso
60 minutos – de segunda a sábado
90 minutos – domingos e feriados
* É possível usar a bicicleta quantas vezes o usuário desejar, desde que a cada limite de uso ininterrupto o equipamento seja devolvido a uma estação e se espere 15 minutos para pegá-lo novamente.