No caso de Nathália, a tentativa foi atropelada por uma antecipação inesperada da prova, aplicada no fim do ano passado. Na época, quem teve nota acima de 5,5 garantiu o ingresso na universidade. Alunos com notas inferiores a 4,5 tiveram o passaporte carimbado para voltar ao Brasil. Quem teve pontuação entre uma faixa e outra teria o curso de inglês estendido por 20 semanas.
Alunos que tinham chegado havia mais tempo e não foram aprovados voltaram para o Brasil. Nathália e outras cinco universitárias, uma delas da Universidade Federal de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, brigaram para ficar o mesmo tempo que o grupo que havia chegado três meses antes à cidade. Segundo ela, depois de algum tempo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que gerencia o programa, concedeu mais 10 semanas de aulas de inglês. “Fizemos outra prova em 12 de abril e, no dia 25 daquele mês, as aulas acabaram.”
Não tendo conseguido a pontuação exigida, as estudantes pediram mais tempo de curso para a Capes. A partir daí, começou a via-sacra por informações: nem a coordenação, nem a universidade, nem a instituição parceira, que faz a intermediação entre o Brasil e a Austrália, se posicionaram. “Uma coordenadora da Capes me disse, por telefone, não saber que ainda havia estudantes com essa pendência e que a decisão no início do ano foi deixar apenas quem estava com a situação resolvida.”
As estudantes alegam que estão há mais de cinco semanas sem aulas nem acesso a material didático. No último dia 26, receberam um e-mail informando sobre o último teste que fizeram. O resultado sairá dia 21 e a ordem da Capes, caso não sejam aprovadas, é voltarem dia 24, quando expira o visto. Mas a perspectiva de classificação é mínima. “Não estamos matriculadas no curso, ficamos sem seguro saúde e, por todo o estresse, estamos ficando doentes.” As estudantes pediram pelo menos um mês para a prova e cinco semanas de aulas, mas ainda não conseguiram resposta.
Com o fim do contrato de aluguel, a universitária agora mora de favor com amigos. A programação do retorno também é problemática.
O Estado de Minas entrou em contato com a Capes com uma série de questionamentos como esses, mas a coordenação se limitou a responder, por meio de nota, que foi informado às bolsistas sobre a necessidade de começar o curso de preparação de até 25 semanas, mínimo exigido pelo parceiro australiano, em janeiro deste ano, e que foi permitida a elas a permanência por um período adicional, para que pudessem fazer um terceiro teste de inglês. Sobre os vistos, a informação é de que vencem no dia 24 e que não podem ser prorrogados sem “um aceite incondicional de uma universidade australiana, conforme acordado com o parceiro”. A Capes não respondeu quantos alunos dependem ainda de ser aprovados em testes de proficiência para entrar na universidade.
O programa
» Criado em 2011, tem a meta de enviar 101 mil estudantes ao exterior até 2015
» Minas Gerais é o segundo estado que mais envia alunos, atrás apenas de São Paulo
» Cerca de 50 mil bolsas foram concedidas pelo programa
» Estados Unidos é o país que mais atrai os brasileiros