Museu Dona Beja, imóvel tombado que fica no Centro de Araxá, no Alto Paranaíba, deverá ser restaurado pela prefeitura da cidade. O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou ação civil pública e conseguiu liminar na Justiça determinando a reforma do imóvel que está condições precárias.
Conforme o MP, o edifício merece uma proteção específica e urgente, sob pena de danos irreversíveis ao patrimônio cultural do estado. Em vistoria realizada pela equipe técnica da promotoria, foram verificados infiltrações nas paredes, buracos nos forros, umidade no piso, presença de cupins na estrutura e em elementos de madeira, até defeitos na fiação elétrica. Para se ter idéia da situação do imóvel, há bacias espalhadas pelo chão para receber as goteiras.
Além de toda situação, em 2013, um incêndio atingiu o casarão. Segundo Corpo de Bombeiros, tudo indica que o curto-circuito na rede elétrica tenha provocado faíscas e as chamas que atingiram cama da famosa e bela Anna Jacinta, mulher de hábitos pouco convencionais que virou tema de novela. Conforme os militares, o fogo foi contido por dois funcionários do museu que usaram extintores.
Decisão
Segundo a liminar da Justiça, a prefeitura tem 120 dias para revisar toda a cobertura do edifício, recuperar os forros de madeira e esteira comprometidos pela umidade, além de realizar reparos no piso, elaborar e executar projeto elétrico e de prevenção e combate a incêndio e pânico. A Justiça impôs multa diária de $1 mil para o caso de descumprimento das obrigações.
A Justiça ainda analisará outros pedidos do MPMG quando julgar o mérito da ação. Entre eles, está o de restauração integral do imóvel e o de execução dos projetos museográfico e museológico, além da conservação permanente e preventiva do museu e do acervo.
Bem tombado
A edificação Museu Dona Beja fica na Praça Coronel Adolfo, no Centro de Araxá, e figura em documentos da década de 1830, sendo que um dos seus primeiros proprietários foi o Capitão Antônio José de Araújo, pioneiro fazendeiro no sertão de Araxá.
Em 1834, o sobrado aparece mencionado como sendo vizinho das casas que Dona Beja havia adquirido na rua Cônego Cassiano. Depois de passar por diversos proprietários, abrigando funções comerciais e residenciais, em 1965, foi criado no local o Museu Dona Beja, por iniciativa de Assis Chateaubriand.
O prédio e o acervo foram tombados em 1990 pela Lei Municipal n° 2.410/90 e estão, atualmente, vinculados administrativamente ao setor de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural Calmon Barreto. O acervo é composto de itens arqueológicos que remetem à tribo dos Arachás e à história de Dona Beja (mobiliário, vestimentas, documentos), além de objetos de natureza sacra e de itens do século XIX, como liteira, tacho de cobre, balanças, teares, máquinas de costura e ferro de passar roupas..