1,6 mil trabalhadores dos três municípios desde 2011, quando o Ministério solicitou o levantamento ao Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG. Também participaram da pesquisa os sindicatos da categoria e nove empresas de ônibus da Grande BH.
A publicação de 148 páginas traz um retrato das condições de trabalho e saúde dos motoristas e cobradores, que tem o cotidiano marcado pelo estresse causado pelo trânsito, acidentes, estado de conservação da pista, a pressão dos passageiros e a responsabilidade de garantir a segurança dos mesmos.
De acordo com uma pesquisa interna do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviários de Belo Horizonte (STTR-BH), realizada em 2013, entre 23% e 26% dos trabalhadores foram afastados por questões de saúde. Cerca de 30% dos motoristas e cobradores relataram na pesquisa da UFMG três ou mais doenças com diagnóstico confirmado por um médico.
A pesquisa mostra que, além de conviver com o trânsito ruim ou muito ruim (90%), quase metade dos motoristas e 58% dos cobradores informaram sobre a segurança pessoal ameaçada no trabalho.
Atuando há quase uma década no transporte público da capital, um cobrador que não quis se identificar disse ter desenvolvido uma anemia por conta das longas horas sem fazer refeições. Ele foi afastado há três anos e já voltou ao trabalho. O profissional disse ter perdido a conta de quantas vezes foi assaltado. “Já meteram o revólver na minha cara”, diz. O último crime do qual foi vítima aconteceu nesta semana.
Além dos criminosos, os motoristas e cobradores costumam ser vítimas de agressões dos próprios passageiros. Conforme o levantamento da UFMG, mais da metade dos trabalhadores, 53% dos motoristas e 57% dos cobradores disse ter vivenciado agressão ou ameaça no último ano, sendo que os passageiros foram responsáveis por 87% das situações.
“A organização da produção dos serviços não tem oferecido às cidades as frotas e as linhas na quantidade necessária para a demanda dos passageiros. Então os passageiros, insatisfeitos com essa oferta, eles tendem a manifestar suas queixas diretamente aos primeiros atores e agentes que eles encontram pela frente, que são os motoristas e os cobradores. Não entendemos isso como um problema de comportamento dos passageiros, mas entendemos isso enquanto uma insuficiência ou uma deficiência na lógica da prestação dos serviços de transporte urbano”, explica a professora da UFMG e coordenadora da pesquisa, Ada Ávila Assunção.
O procurador do Ministério Público do Trabalho em Minas, Antônio Carlos Pereira, disse que os dados da pesquisa chamaram a atenção, principalmente no que se refere à violência no trabalho.