Padres e outra lideranças católicas de Montes Claros ficaram revoltados com a destruição de sete imagens da Matriz de Nossa Senhora e São José – a mais antiga da cidade. O ato foi cometido por Ítalo Tiago Ferreira da Silva, de 18 anos, que está preso no presídio local. Na terça-feira, ele invadiu a igreja e, usando uma pedra, derrubou e quebrou o que encontrou pela frente, totalizando sete peças sacras: as imagens de Santo Agostinho, Santa Mônica e de São Sebastião e a representação de quatro anjos.
Ítalo somente não provocou prejuízo ainda maior porque foi contido por um grupo de 15 padres, que participavam de uma reunião no salão paroquial ao lado da Matriz e foram chamados pelo zelador da igreja. O rapaz tentou fugir, mas foi perseguido pelos padres e encontrado dentro de um templo da Igreja Evangélica Universal do Reino de Deus, situada na Praça de Esportes, a 500 metros da Matriz de Nossa Senhora e São José. Preso em flagrante, ao prestar depoimento na delegacia, ele alegou que toma remédio controlado e “não se lembrava” dos fatos.
O delegado Carlos Alexandre Gomes dos Santos, que responde pelo caso, disse que Ítalo Tiago deverá ser indiciado pelos crimes de danos ao patrimônio público (que prevê pena de um a três anos de reclusão) e de ultraje ao sentimento religioso (previsto no artigo 208 do Código Penal), que prevê pena de até um ano de prisão. O delegado informou também que, até então, aparentemente, o rapaz agiu isoladamente. Mesmo assim, será investigado se houve algum vínculo entre a atitude dele e a Igreja Universal do Reino de Deus. Ontem, a reportagem tentou, mas não conseguiu falar com a direção da igreja evangélica em Minas.
“O que aconteceu não foi somente a quebra das imagens, mas algo mais sério, que atingiu também a nossa fé”, afirmou o pároco da Matriz de Nossa Senhora e São José, padre Dorival Barreto Junior.
O padre Diogo Afonso Maurício, que ajudou a conter o rapaz que invadiu a igreja, disse que o ataque as imagens provocou um sentimento de perda entre os católicos da cidade, levando várias pessoas ás lágrimas. “O sentimento (de perda) foi muito grande não somente da nossa parte, dos sacerdotes, mas do povo. As pessoas ficaram muito indignadas por causa dessa intolerância religiosa”.
Outro que testemunhou o episódio é o padre Gilberto Rodrigues Junior. “Foi um ato muito respeitoso. Estamos num país democrático, mas todos têm que respeitar o direito ao culto dos outros”, declarou Gilberto..