Jornal Estado de Minas

Magistrado da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora é preso

Amaury de Lima e Souza é suspeito de portar uma arma e munições de uso restrito. Também é apurada pela PF a relação dele com presos da Operação Athos, que prendeu uma quadrillha de traficantes

Luana Cruz, Paulo Filgueiras, Cristiane Silva, Daniel Camargos, Mateus Parreiras, Pedro Rocha Franco, Luciane Evans, Leandro Couri TV Alterosa
O juiz afastado da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, Amaury de Lima e Souza, foi preso e conduzido para a sede da Polícia Federal (PF) em Belo Horizonte, na madrugada desta quinta-feira, porque está sob investigação.
Ele é suspeito de portar uma arma e munições de uso restrito. Também é apurada a relação dele com presos da Operação Athos, que aconteceu na última terça-feira e resultou na prisão de 17 pessoas, 12 somente na cidade onde atua o magistrado. A quadrilha de tráfico internacional faturava cerca de R$ 20 milhões por mês, segundo estimativas da polícia, pois o esquema distribuía duas toneladas de cocaína por mês a R$ 10 mil cada quilo.

A PF não deu muitos detalhes sobre a prisão, porque agora o juiz está sob poder do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão, no fim da noite de ontem, na casa e no sítio do juiz. Os imóveis, que ficam na Zona Sul de Juiz de Fora, foram vasculhados por horas.

A PF recolheu documentos, computadores e um Camaro branco. A Corregedoria do TJMG acompanhou tudo e já havia determinado o afastamento dele na quarta-feira, mesmo antes da prisão.
A operação em Juiz de Fora foi blindada pelos policiais federais e corregedores. Primeiro as busca aconteceram na casa, depois no sítio e, por fim, Amaury foi colocado em um carro e transportado para a capital.

Na saída para a viagem, o advogado do magistrado, Augusto Mendes, negou que ele estivesse sendo preso. Esclareceu que ele estava apenas viajando para prestar esclarecimentos no TJMG, em BH. O tribunal confirmou a prisão pelo porte ilegal de armas.

Durante as investigações da Operação Athos, a PF apurou que a droga vinha da Bolívia e passava pelo Paraguai, Triângulo Mineiro e interior de São Paulo antes de chegar à Zona da Mata de Minas. De Juiz de Fora, seguia principalmente para o Rio de Janeiro e o Nordeste. No dia da operação, um laboratório de preparo e manuseio de drogas foi estourado ontem pelos policiais, que também encontraram no local cerca de R$ 1 milhão em cheques. Segundo as investigações, o núcleo mineiro da quadrilha, radicado na cidade da Zona da Mata, usava agências de compra e venda de veículos para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas.

Veja na íntegra a nota do TJMG:


Em decorrência de procedimento instaurado perante o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, que autorizou a investigação de condutas em tese delituosas atribuídas ao magistrado, foi expedido mandado de busca e apreensão na residência deste, ocasião em que a Polícia Federal, incumbida do cumprimento da ordem, encontrou armamento de uso restrito no local, o que, em tese, caracteriza a prática de delitos previstos no Estatuto do Desarmamento.

Em cumprimento ao que determina a Lei Orgânica da Magistratura – LOMAN, o magistrado foi apresentado ao Tribunal de Justiça, lavrando-se o auto de prisão que, em decorrência da preexistência do sobredito procedimento, foi imediatamente encaminhado à Relatora, Desembargadora Márcia Milanez, a quem cabe deliberar sobre o fato e aferir a legitimidade da prisão em todos os seus contornos. A matéria será submetida ao Órgão Especial do TJMG em sessão extraordinária convocada para o dia 13/06/2014, conforme as determinações legais.
.