Jornal Estado de Minas

Início pacífico de protesto na Praça Sete deu impressão de que dia seria tranquilo

Clima começou a esquentar quando manifestantes seguiram para a prefeitura e mascarados começaram a aparecer

Valquiria Lopes

A chegada pacífica e esvaziada do primeiro grupo de 50 manifestantes à Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, por volta do meio-dia, ainda não dava a dimensão do quebra-quebra que seria visto horas depois no entorno da Praça da Liberdade e na Avenida João Pinheiro, a poucos quarteirões dali.

O grupo formado principalmente por movimentos sociais de luta por moradia e estudantes carregava bandeiras contra o Mundial e anunciava aos gritos que “não vai ter Copa”. A concentração foi no quarteirão Xacriabá, entre a praça e a Rua Tamóios, onde o protesto ganhou força e chegou a 500 pessoas. A calçada passou a ser insuficiente para conter a multidão que tomou o pirulito da Praça Sete e a Polícia Militar foi obrigada a fechar o trânsito no entorno.


Mesmo com o bloqueio do fluxo de veículos, a PM sustentava que a situação era tranquila e que a expectativa era para que tudo permanecesse em normalidade. “Desviamos o trânsito porque a PM entendeu que deveria disponibilizar um espaço para os manifestantes, sem trazer grandes prejuízos para a população. Mas o cenário está dentro do esperado pela polícia e bem diferente do ano passado”, afirmou o chefe do Comando de Policiamento Especializado (CPE) da PM, coronel Ricardo Machado. O policial se referia aos protestos ocorridos durante a Copa das Confederações, quando milhares de pessoas tomaram as ruas e provocaram destruição e prejuízo de 16 milhões somente em concessionárias da Avenida Antônio Carlos. Até então, apenas dois rapazes haviam sido detidos por estarem com máscara e soco inglês.

Daniel Otoni dos Santos Ferreira e Ivison Roberto Caetano Moura foram levados para a 6ª Companhia, no Bairro Alípio de Melo.

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A sensação de tranquilidade impressionava até mesmo turistas colombianos hospedados no Hotel Financial, na Avenida Afonso Pena, a cerca de 50 metros do tumulto. “Vimos reações contrárias à Copa em São Paulo, quando desembarcamos no aeroporto. Nos xingaram e pareciam não estar felizes com a Copa no Brasil. Entendemos que as pessoas têm o direito de manifestar e não estamos com medo porque ainda não vimos problemas”, contou a administradora de empresas colombiana Adriana Cardona, de 41 anos. Ela e o marido Carlos Alberto Ramirez, de 52 anos, que é comerciante, chegaram ontem de Medellín, onde moram.

Passeata

Foi na saída da Praça Sete, quando o grupo seguiu até a prefeitura, que o clima começou a esquentar. Surgiram os primeiros mascarados e o prédio da administração municipal foi pichado com os dizeres “Copa pra quê?”. Também foram ouvidos os primeiros rojões estourados por manifestantes. A Afonso Pena foi fechada nos dois sentidos. Toda a movimentação era acompanhada por policiais militares posicionados em frente ao grupo. Apesar das pichações, ninguém foi preso. “Nossa prioridade, nesse momento, é garantir a integridade físicas das pessoas. Entrar com o pelotão no meio dos manifestantes pode trazer prejuízos maiores do que o dano ao patrimônio”, afirmou o tenente Eduardo Torres, do 1º Batalhão da PM. Ele era responsável pelo grupo de aproximadamente 20 homens posicionado ao lado do Parque Municipal e em frente à prefeitura.

Por volta das 16h, o protesto seguiu em direção à Praça da Liberdade.

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