“Minha filha estava em casa, escutou vários estrondos e ficou em estado de choque. Os cacos de vidro se espalharam pela minha sala.” A descrição feita pela empresária Mariana da Silva Costa, de 60 anos, sobre o pânico vivido pela filha, moradora do Edifício José Lima Guimarães, na Avenida João Pinheiro, durante o ataque de vândalos, resume o medo e a indignação de moradores e lojistas do entorno da Praça da Liberdade, na tarde de quinta-feira. “Não dá para ser assim. A polícia tinha que ter agido com mais presteza”, reclama a empresária, no dia seguinte ao ataque de mascarados a agências bancárias e prédios públicos, comerciais e residenciais.
O coro de indignação é reforçado pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Bruno Falci: “Até quando as autoridades vão permitir isso? Tivemos aqui um prejuízo moral. Vamos exigir dos órgãos de segurança um basta para esta situação”. O prédio da CDL foi um dos mais depredados, com vários vidros destruídos e marcas de pedradas. O dirigente da entidade diz que não colocará nenhum tipo de proteção na fachada, pois considera que a responsabilidade pela segurança é da Polícia Militar.
Outro imóvel bastante depredado foi a agência do Santander na esquina da João Pinheiro com a Rua Bernardo Guimarães. Tapumes fecham o espaço dos vidros quebrados. Na Avenida Bias Fortes, esquina com Rua Gonçalves Dias, uma loja de presentes teve parte da vitrine destruída. Ontem, a gerente, Samantha Prado, informou ter tomado duas medidas para tentar evitar mais prejuízos. “Vamos colocar tapumes para proteger a vitrine e teremos um segurança de plantão nos dias de jogos do Brasil e de partidas em Belo Horizonte”, afirma.
O empresário Roberto Cassemiro Reis, responsável por instalar os tapumes na loja de presentes, conta que nos últimos três dias fechou três serviços de proteção de fachadas. “Meu serviço aumentou 30% recentemente”, conta.
As bicicletas de aluguel da estação de compartilhamento da Praça da Liberdade também foram alvo dos vândalos. Uma foi danificada e teve de ser inutilizada. Duas lâminas de vidro que protegiam parte de uma banca de revistas bem ao lado da estação de bikes também foram destruídas. O dono da banca, João Paulo Ferreira, disse que terá que desembolsar R$ 300 para cobrir o prejuízo. Um dos prédios mais bonitos do Circuito Cultural Praça da Liberdade também foi alvo atacado. O Memorial Minas Gerais Vale teve frases contra a PM pichadas na fachada. Ontem, a sujeira foi removida com tinta branca.
O dia também foi de limpeza de cacos de vidro nas agências do Bradesco e do Sicoob, na João Pinheiro. Na sede do Detran), onde os vândalos viraram uma viatura da Polícia Civil, os buracos se espalharam por boa parte dos vidros da fachada.