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Estado de Minas

BH vira ponto de encontro de torcedores de vários países, costumes e sotaques

Turistas que "invadiram" BH se encantam com hospitalidade, deixam boa impressão entre moradores e fazem sugestões para a cidade. Atendimento em outros idiomas e mais banheiros públicos estão entre os pedidos


postado em 16/06/2014 00:12 / atualizado em 16/06/2014 07:24

Confraternização no Mercado Central: o pequeno Lucas, de 10 anos, fez questão de tirar foto com os colombianos Wilfrand e Marisol (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press. Brasil)
Confraternização no Mercado Central: o pequeno Lucas, de 10 anos, fez questão de tirar foto com os colombianos Wilfrand e Marisol (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press. Brasil)

Belo Horizonte tornou-se capital simbólica da Colômbia na última semana. Depois de um jejum de 16 anos sem participar de Copas do Mundo, cerca de 30 mil colombianos desceram em peso para a capital mineira, com ou sem ingressos, para acompanhar a estreia da sua seleção no Mineirão. Sentiram-se em casa. Elogiaram a hospitalidade, a comida típica e relataram familiaridade com o clima ameno e as montanhas, semelhantes aos de Medellín – tida como uma das cidades mais belas e organizadas da Colômbia. À vontade em Belo Horizonte, fizeram também críticas construtivas e deixaram sugestões para a cidade, em especial sobre transporte, atendimento em outros idiomas e pequenos ajustes de estrutura.


Com uma fita trançada na altura da testa, nas três cores da bandeira do seu país, a arquiteta Paula Marizales elogiou BH, enquanto degustava uma farofa, regada a cerveja, em um restaurante na Savassi. “É uma cidade culta e limpa, que se parece com Medellín”, comparou. A colombiana não se importou de interromper o almoço para conversar e arriscou imitar o sotaque mineiro ao agradecer a entrevista. “Muito obrigada a ocê!”, disse. Na mesa ao lado, o analista de sistemas brasileiro João Gabriel Costa Rocha, de 36 anos, casado há dois com a colombiana Claudia González, explicava que a cordialidade é característica do povo colombiano. “É cultural deles. Soa como ofensa deixar de cumprimentar alguém”, contou ele, enquanto sua esposa oferecia gentilmente um pirulito “rojo, de fresa” (vermelho, de morango).


A jornalista Angélica Ramíres, casada com o brasileiro Gleniston Figueiredo, a quem conheceu durante uma viagem a Paraty (RJ), “reclamava” da fartura das porções nos restaurantes locais. “Por Diós! Não consigo mais parar de comer porque o tempero é muito bom. Você pede uma porção para duas pessoas e quatro se servem”, disse. Segundo ela, é mais comum terminar a noite na Colômbia com caldos e sopas, como o caldo de costela. “BH é muito bom. Se tivesse praia, ficava aqui”, garantiu a colombiana.

Ajustes

Sem reparos à hospitalidade – houve colombianos que relataram ter contado com a ajuda de brasileiros para evitar se perder ou fazer caminhos mais longos e demorados –, turistas fizeram avaliação sobre serviços e a estrutura da cidade. Para o contador Gustavo Ramíres, de 52, o sistema de transporte público se assemelha ao de Medellín, que conta com BRT há mais de 10 anos. Ele considera que o sistema precisa de constante ampliação e poderia contar com mais linhas. “Lá, como aqui, ainda não é suficiente para absorver todo mundo”, avaliou. O projeto do BRT em Belo Horizonte prevê ampliação do sistema para outro corredores.


Segundo o contador, as passagens são mais caras em BH, assim como as corridas de táxi. Por outro lado, Ramíres elogiou as ruas largas e “boas para caminhar” das regiões da Savassi e Centro, que lembram bulevares e priorizam o conforto dos pedestres. Por sua vez, o metrólogo colombiano Jairo Duque, de 50 anos, ressalvou que esperava que mais belo-horizontinos que trabalham no atendimento a turistas falassem outros idiomas. “Nos restaurantes, os atendentes falam pouco espanhol. É preciso falar bem devagar e suave para que nos entendam”, disse. Em seguida, como se estivesse arrependido de criticar os mineiros, Duque se emenda. “Apesar disso, são todos muito amáveis.”


Em relação à estrutura para receber turistas, o administrador de empresas Luiz Florez, de 25, sugeriu a instalação de mais banheiros públicos. “Estamos em um Mundial, uai! Não entendo como podem faltar banheiros públicos na cidade”, disse ele, um dos milhares de colombianos que fizeram da Savassi ponto de encontro desde a noite de sexta-feira. 


Mineiros aprovam visitantes

O Mercado Central, centro comercial horizontal mais famoso do hipercentro, ganhou um amarelo diferente, estrangeiro, no domingo de compras e passeio. A alegria dos colombianos arrebatou simpatizantes de todas as idades nos corredores de bancadas. Lucas Gabriel, de 10, fez muita festa para os torcedores visitantes e pediu até para a mãe fazer fotografias dele com os novos amigos. “Gostei muito da Colômbia. Vou torcer para os colombianos até enfrentarem o Brasil.” E aí? Como é que vai ser, Lucas? “1x1. E vamos passar nos pênaltis, depois de muito sufoco”, sorri, saindo do aperto.

Eliza Fonseca, de 44 – a “Lora”, do famoso Bar da Lora –, é outra cheia de boa impressão dos novos amigos vindos da Colômbia. “Todos muito alegres, divertidos, educados, muito parecidos com a nossa boa gente brasileira”, diz. Nos últimos dias, turistas de língua espanhola estiveram misturados ao povo brasileiro na badalada esquina de bebidas e petiscos. O sucesso de audiência no ponto é a porção de fígado com cebola e jiló. Sensação do estabelecimento. Mauro Godinho, de 47, curtindo a cervejinha de antes do almoço, diz não ter dúvida da próxima viagem de férias. “Vou a Medellín. Esse povo é um barato!”, diz o professor.

Ontem, os colombianos se renderam aos doces, pão de queijo e a cachaça de Minas. Maria Angélica veio de Bogotá para acompanhar a seleção do técnico José Pékerman. Depois de festejar noite adentro a estreia do time do coração no Mundial, acordou cedo e foi experimentar os doces da terra na Região Central. “Temos doces incríveis na Colômbia e os daqui são excelentes também”, sorriu.

A geneticista Lorena Sanchez, de 31, estava acompanhada da família no Mercado Central. Na banca de queijos graúdos, diz-se encantada com a hospitalidade do belo-horizontino e com a cidade em festa. O marido, Ricardo, tenta decifrar a melhor peça da casa mineira. No restaurante mais badalado do quarteirão coberto, a estrela da mesa foi Mineirinho Valente – prato vencedor do Comida di Buteco 2005 –, com canjiquinha, costelinha, lombo defumado, linguiça, queijo e espinafre. Segundo Rafael Fabri, de 24, um dos donos do Casa Cheia, o tira-gosto liderou a preferência colombiana.


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