O primeiro domingo da Copa em Belo Horizonte foi multicolorido e ecumênico, com torcedores de países diferentes dividindo espaço nos principais pontos da cidade. Na Savassi, na Praça da Liberdade, no aeroporto de Confins, os sotaques se misturavam. Eram belgas e argelinos na expectativa do jogo de amanhã no Mineirão, na abertura do Grupo H. Argentinos que não foram ver a estreia de Messi e cia. no Maracanã anteciparam a invasão aguardada para hoje na capital mineira, onde sua equipe (concentrada na Cidade do Galo, na vizinha Vespasiano) enfrentará o Irã no sábado.
Colombianos desejavam aproveitar a cidade mais um pouquinho, antes de rumar para Brasília, palco da partida de quinta-feira contra a Costa do Marfim. Chilenos acompanham os passos de La Roja, concentrada na Toca da Raposa II. Nesse mosaico de nacionalidades, havia também norte-americanos, cujo time estreia esta noite diante de Gana, em Natal, irlandeses, que não se classificaram para vir ao Brasil, e venezuelanos, que jamais disputaram um Mundial .
Recém-chegados da Argélia, os amigos Yacine-Boubrit, Hamza-Zougaie, Smail-Dendaoui, Termkmani-Rachid e Hocimp Mohamed Jamel, vieram ver a Copa. “Estamos num avião alugado, que veio direto de Argel para BH. Foram 11 horas de voo”, disse Yacine. Passaram o dia na Savassi e gostaram de tudo. De BH seguirão para Porto Alegre e Curitiba.
O grupo de corretores de seguro argentino e venezuelano, premiado pela empresa com uma viagem de três dias e entradas para a partida da Colômbia contra a Grécia na estreia do Mineirão na Copa, contou até com guia turistico. “Pela manhã, fomos à Feira da Afonso Pena e ao Mercado Central. À tarde viemos à Praça da Liberdade”, contou o venezuelano de Caracas José Luis Olarte, de 38. O roteiro de hoje deve incluir Pampulha, Inhotim ou Ouro Preto.
No Brasil pela sexta vez, o importador de café norte-americano David Griswold trouxe a família para um circuito que vai unir negócios, turismo e torcida. “Escolhemos BH como nossa base. Vamos para várias cidades do interior, entre elas Poços de Caldas, e vamos assistir a todos os jogos aqui”, conta David. Marie Schumacher já planejava conhecer algumas cidades do entorno, enquanto o filho Gasvin, de 13 anos, aproveitava o guaraná, que não tem nos Estados Unidos. “Ele vai acabar com todo o guaraná do Brasil”, sorriu Marie.
Jogadores do time amador Ballinashkelly FC, da Irlanda, Shane Cryan, Richard Keaveney, David Greene, Dan Lehane e Sean Brophy fizeram a maior festa na retirada dos ingressos ainda no aeroporto. Já que a Irlanda está fora da Copa, vieram ver a Bélgica. “Estamos aqui por curiosidade”, justificou Dan Lehane. Já os colombianos eram só elogios, como confirma o casal Angela Delgado e Alexander Marin, que deixaram BH com destino ao Rio. Do passeio que fez pela cidade, Alexander elogiou o Palácio da Liberdade. Já a memória dela não apaga os 3x0. “Guardo a imagem da partida, do estádio e do placar”, conclui Angela.
Dois amigos belgas chegaram mais cedo. O objetivo era aproveitar para conhecer algumas cidades e locais históricos. Bark van Damme e Jan van Linden chegaram no meio da semana e foram para Barbacena, onde se hospedaram. “Foi bom, porque pudemos fazer um roteiro de visita às cidades históricas, primeiro Ouro Preto, depois Tiradentes, e hoje (ontem) visitamos o Parque do Ibitipoca”, disse o primeiro. “Não esperávamos encontrar tudo tão certinho e pronto como aqui.”
Saem os colombianos, chegam os chilenos. Embora a seleção de seu país não jogue em BH, eles estão por aqui, e acampados, acompanhando sua seleção, concentrada na capital mineira. O local do acampamento, um lote vago em frente à Toca II, cedido por empréstimo. “Vamos dar apoio à seleção. Vamos juntos para o Rio”, disse Carlo Soto.