Jornal Estado de Minas

PM detém artistas do Espaço Luiz Estrela no Centro de BH

Os quatro artistas estavam com um carrinho carregado com tintas, madeira, máscaras e arame. Polícia alegou que o material era suspeito

O grupo foi encaminhado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan) - Foto: Espaço Luiz Estrela/Divulgação

Quatro artistas ligados ao Espaço Comum Luiz Estrela foram detidos no fim da tarde desta segunda-feira, na Avenida dos Andradas, no Centro de Belo Horizonte. O advogado do grupo, Joviano Mayer, afirmou que todos foram levados para a delegacia por estarem com tintas, arames e pedaços de madeira, que seriam usados em evento. Já a Polícia Militar alegou que o grupo carregava materiais que poderiam ser empregados em atos violentos e causar ferimentos ou lesões em outras pessoas.

De acordo com o tenente-coronel Alberto Luiz Alves, chefe da comunicação social da PM, os quatro, um argentino e três brasileiros, foram abordados durante patrulhamento de militares empurrando um carrinho de compra com vários objetos. Após revista, foram encontrados pedaços de madeira com pregos na ponta, uma corrente, várias pedras, spray, publicidade com apologia ao movimento Black Blocs e máscaras. “Significa que ali estava caracterizado, despertava a suspeição, de que eles poderiam estar envolvidos nesta situação de manifestantes não pacíficos. Por isso, foram levados até a delegacia”, explica Alberto Luiz.

O defensor dos quatro jovens deu outra versão para o caso. “A tinta, as máscaras e o resto dos produtos seriam usados para uma performance que aconteceria na Rua Guaicurus, próximo ao  Espaço 104, na noite desta segunda, mas eles acharam que eram para algum protesto”. Ainda segundo Joviano, a corrente é usada por um dos artistas para prender a bicicleta.
Já a madeira e os pregos seriam usada para fazer um caixote de madeira durante a apresentação.

Cartaz sobre a intervenção cultural - Foto: ReproduçãoOs quatro artistas foram abordados e levados, por volta das 17h30 para a Central de Flagrantes da Polícia Civil (Ceflan) no Bairro Floresta. “Os policiais alegaram que a condução seria por causa do material suspeito. Só que hoje nem tem manifestação”, comentou o advogado.

Ainda segundo o porta-voz da PM, os detidos não explicaram aos militares na hora da abordagem qual seria a utilização do material. A justificativa sobre o emprego em uma apresentação artística só foi dada na delegacia, com a chegada do advogado deles. O tenente-coronel afirma ainda que a ação dos policiais foi legítima.

 
"A PM fez o trabalho dela. Eles tiveram orientação do advogado e eu respeito. Palavras são o banstante para convencer as pessoas, mas os fatos não são palavras. São fato. E os fatos foram registrados pela PM. Eles não foram presos pela tinta e pelas máscaras, mas pelos outros objetos que caracterizam poder de lesão corporal ou letalidade", argumenta o chefe da comunicação social da PM.

De acordo com a artista Mary Astrus, por volta de 1h três dos quatro detidos já haviam sido ouvidos pelo delegado, que teria informado que o grupo seria liberado após prestar esclarecimento.

Artistas publicaram foto no perfil do Espaço Comum Luiz Estrela no Facebook criticando a ação da PM - Foto: Reprodução / Facebook Espaço Comum Luiz Estrela

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