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Estado de Minas TURISTAS QUE SOFREM EM BH

Desde início da Copa, pelo menos 21 turistas foram alvo de brigas, furto ou extravios

Parte de estrangeiros que estão em BH vive os mesmos dramas de mineiros, como furtos e extravio de documentos. Enquanto outros se aproveitam da Copa para cometer crimes


postado em 17/06/2014 00:12 / atualizado em 17/06/2014 07:30

Junia Oliveira



Apenas cinco dias de Copa do Mundo e tempo suficiente para turistas estrangeiros sentirem na pele problemas típicos enfrentados pelos mineiros no dia a dia. Desde o início do Mundial, foram pelo menos 21 vítimas de brigas, furto ou extravios de documentos, celulares, cartões de crédito e ingressos. Houve registro de ocorrência até contra os Correios.

A dor de cabeça do mexicano José Ramon Obregon Trejo, de 62 anos, da cidade de Obrera, começou no sábado, quando o vidro do carro que a família alugou para passear na capital foi estourado. O veículo foi deixado na esquina das ruas Major Lopes e Lavras, no Bairro São Pedro, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte e, 15 minutos depois, quando pai, mãe e filhos voltaram, duas malas e uma sacola, com roupas e documentos pessoais, incluindo os passaportes com visto norte-americano, haviam sido levadas.

Uma das filhas, que estava indo para o Canadá – a única que guardava o passaporte consigo – embarcou com a roupa do corpo. Como não existe representação diplomática mexicana em BH, a família ficou desamparada. A mulher de José Ramon e o filho foram com o carro quebrado para o Rio de Janeiro resolver o problema, depois de conseguir uma audiência de emergência no consulado.

O alívio veio ontem, de maneira inesperada. A advogada Luciana Atheniense, que ajudou a família, procurou a Polícia Federal para saber os procedimentos a serem tomados, quando foi informada pelo delegado de que, por coincidência, os passaportes acabavam de ser entregues na PF pela Polícia Militar. Luciana, especialista em legislação turística, cobra regras que podem facilitar a vida de turistas em situação parecida. “A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) tem de se manifestar, pois os brasileiros podem embarcar com o boletim de ocorrência, mas quando a vítima é de outro país isso não está definido. Alguns aeroportos aceitam, mas as companhias aéreas não”.

Para um australiano de 40 anos, o sonho de assistir às partidas do Mundial também terminou em frustração. Ele comprou ingressos para cinco jogos em BH e pagou serviços especiais dos Correios para garantir a entrega no local onde está hospedado, no Bairro Santo Antônio, também na Região Centro-Sul. Os mais de US$ 1 mil gastos foram, literalmente, perdidos. Ninguém sabe explicar onde as entradas para o Mineirão foram parar.

Ontem, o boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia Sul, na Rua Carangola, no Bairro Santo Antônio. Os Correios informaram que o ressarcimento será feito em um período que varia de seis dias a dois meses. Na delegacia, o turista foi orientado a procurar o órgão de defesa do consumidor, o Procon, e o Juizado de Pequenas Causas. “Ele disse que está triste não pelo dinheiro, mas por ter que assistir aos jogos pela televisão”, disse uma policial. Na mesma delegacia, um colombiano registrou ocorrência depois de perder o passaporte.


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