Jornal Estado de Minas

Torcedores de vários países, não apenas argelinos e belgas, invadem BH

Só no fim de semana, Belotur atendeu turistas de 39 nacionalidades

Jorge Macedo - especial para o EM
Gustavo Werneck

México: Asael Muro estava em Brasília, mas soube que BH estava animada e resolveu viajar - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press

O norte-americano David Rey, de 48 anos, nem tinha nascido quando ocorreu uma das maiores zebras do campeonato mundial de futebol. Em 1950, no Estádio Raimundo Sampaio ou Arena Independência, em Belo Horizonte, a Seleção dos Estados Unidos venceu a Inglaterra por 1 a 0 e marcou a história da Copa. Apaixonado pelo esporte, David, desde pequeno, se acostumou a ouvir essa proeza, tanto que, este ano, decidiu conhecer a capital onde o seu país, sem a menor tradição no soccer, obteve vitória tão expressiva. Na tarde de ontem, na grande “festa das nações” em que se transformaram os quarteirões fechados da Savassi, na Região Centro-Sul, o enfermeiro David, ao lado de amigos, comentou: “Tinha que vir conhecer esta cidade. Vou aproveitar e visitar outras, como São João del-Rei”.

Estendendo a bandeira, David gritou bem alto: “USA! (United States of America ou Estados Unidos da América)”. E ganhou um abraço do engenheiro argelino Karim Torki. “Estamos todos unidos”, disse Karim.
A exemplo do torcedor fanático dos EUA, outros estrangeiros, cujas seleções não vão jogar em Belo Horizonte, escolheram a capital mineira para se divertir, comemorar a vitória do seu time, provar das comidas e curtir a Copa’2014. No fim de semana, a Belotur atendeu visitantes de 39 países – 19 deles não participam do torneio.

Num bar da Rua Antônio de Albuquerque, o professor universitário Louis Montero, de 30, disse que foi atraído pela famosa hospitalidade mineira. “Muita gente falou que Belo Horizonte é uma cidade segura e tem ótima culinária. Resolvemos testar”, afirmou Louis, em torno de uma mesa animada, regada a chope e simpatia. “Pena que só vamos ficar uma semana”, disse o norte-americano. Segurando uma bola enorme, com as listras e estrelas da bandeira dos Estados Unidos, o casal Mario Cortez e Meaghan Connors, de Houston, Texas, tinha um motivo especial. “Sou colombiano-americano, então vim ver o jogo da Colômbia”, afirmou, todo feliz com a vitória de 3 a 0 sobre a Grécia.

Mesmo sem jogos em BH, o México tem representantes na cidade, com direito a camisa, um boné e entusiasmo. O corretor de imóveis Asael Muro subiu num banco, fotografou uma peladinha improvisada que surgiu no quarteirão e era só elogios. “Estava hospedado em Brasília (DF), de onde me desloquei para o ver o jogo em Natal (RN), na sexta-feira, contra Camarões. Brasília é uma cidade bonita, mas muito desanimada. Então me falaram que aqui estava muito bom, e resolvi viajar. Vou ficar aqui o mês todo”, contou Asael ao lado de amigos.
Ele lembrou ainda a vitória do Brasil, em 1970, no México. “Pelé, Jairzinho… uma grande equipe!”

Estados Unidos: David (de barba) veio conhecer a cidade palco de partida histórica na Copa de 1950 e fez amigos pelos bares da Savassi - Foto: Cristina Horta/EM/D.A Press

Ocupação da alegria
Embora a Alemanha não jogue em BH, teve alemão que resolveu ficar aqui mesmo. “Não consegui comprar ingressos para ver os jogos da minha seleção, só consegui para Bélgica e Argélia. Então, tá valendo”, disse um alemão com a bandeira preta, vermelha e amarela na Praça da Savassi. Ao lado, o engenheiro Jan Gert JanBen, de 35, residente em Hamburgo e casado com uma mineira, assistiu com tranquilidade à goleada sobre Portugal. “Estou feliz, nem esperava!”

Torcedores da Austrália também ocuparam a Savassi e logo se enturmaram com os brasileiros. O ortopedista Roshan Abedi, abraçado aos amigos e com a camisa da Alemanha, assistiu ao jogo entre Alemanha e Portugal no telão de um bar e comentou que a Savassi é o melhor ponto de BH para ver as partidas. “Tá muito legal”, disse.

Acompanhados do amigo James O’Relly, os irmãos Gerard e Eamonn MacDermott, todos irlandeses, vieram do Rio de Janeiro, onde ontem assistiram ao jogo da Argentina. Hoje, a torcida é para Hazard, Lukaku e outros jogadores da Seleção Belga, que, segundo especialistas, é uma das possíveis surpresas da Copa do Mundo. De Belo Horizonte dizem saber pouco, ou nada, nem mesmo que o atacante Fred jogou por aqui, jogador preferido deles na Seleção Brasileira.


Michel Lorrent é francês e está encantado com a capital mineira. “Eu vim para conhecer a cidade e vou embora amanhã para Salvador. Mas estou impressionado com o que está acontecendo aqui, uma verdadeira festa. Fico ainda mais impressionado com a cordialidade e a maneira como as pessoas da cidade estão recebendo os estrangeiros. Magnific!”
 
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