Jornal Estado de Minas

BH tem desafio duplo com jogo da Copa no Mineirão e duelo do Brasil

Segurança e trânsito em BH têm nova prova de fogo hoje, com a circulação de milhares de torcedores entre o Mineirão, que recebe segundo jogo da Copa, e a Savassi, principal ponto de concentração de estrangeiros

Mateus Parreiras

PM fechou Praça Sete e deixou acesso livre à Praça da Estação para manifestantes, no sábado - Foto: Gladyston Rodrigues/EM DA Press

O primeiro jogo da Copa no Mineirão em dia útil e o segundo da Seleção Brasileira, com apenas três horas de diferença, são um desafio hoje para a segurança e o trânsito em Belo Horizonte. A presença de milhares de torcedores que vão circular entre o estádio e corredores importantes, como as avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado  e Carlos Luz, até a Savassi, principal ponto de concentração de brasileiros e estrangeiros que acompanham as partidas do Mundial na capital mineira, fez a Polícia Militar e a BHTrans reforçarem a atenção.

Depois de contidos por uma barreira policial no sábado nas praças Sete e da Estação, no Hipercentro, manifestantes mudaram de tática e marcaram o protesto hoje na Praça Diogo de Vasconcelos (Savassi), onde cerca de 9 mil pessoas se reuniram para acompanhar o primeiro jogo do Brasil, na quinta-feira. A mistura de grupos distintos, um de torcedores e outro de manifestantes, alerta a PM, que mais uma vez avisa que não vai tolerar vandalismo.

Independentemente da estratégias dos organizadores do protesto, a polícia garante  que está preparada para todos os cenários. A convocação da manifestação contra a Copa é feita pelas redes sociais. Até ontem à noite, mais de 800 pessoas confirmaram presença na praça da Savassi, com concentração a partir de meio-dia.

Segundo o chefe da comunicação da PM, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, a tática policial dependerá da atitude dos manifestantes. “Quem quiser se manifestar com civilidade poderá fazê-lo.
Mas a PM manterá a firmeza e o propósito para que não haja nenhum tipo de vandalismo”, disse.

A estratégia de cercar os manifestantes poderá ser empregada novamente se a situação exigir. “No sábado, fizemos isso porque antes os manifestantes estavam se deslocando e promovendo vandalismo por onde passavam. Isso tinha de ser coibido e era uma forma de permitir uma revista eficiente, com apreensão de material perigoso e prisões,” afirma o oficial.

Praça da Savassi recebe a maioria dos torcedores que assistem à Copa em BH - Foto: Tulio Santos/EM DA PressQuanto à possibilidade de manifestantes se infiltrarem entre torcedores, Alberto Luiz informa que a Polícia Militar também tem táticas apropriadas para lidar com essa situação. “Se fizerem isso, terão uma surpresa”, frisou.

O Estado de Minas procurou representantes dos movimentos que articulam as manifestações, mas nenhum quis adiantar a estratégia. “A melhor metodologia é entrar na festa deles e fazer os protestos, como se fosse tudo uma festa”, afirmou um manifestante em uma rede social.

Quarteirões fechados

O evento Savassi Cultural, patrocinado por uma cervejaria, tem licença para usar os quatro quarteirões da praça para oferecer bares, dois palcos com shows e dois telões onde será exibido o jogo do Brasil x México, e haverá show de Ed Motta após a partida. O evento é fechado, com necessidade de troca de alimentos por ingressos. Cada quarteirão comporta 2,5 mil pessoas.

Comerciantes dos quarteirões abertos ao público estão apreensivos. “Desde o início dos protestos essas pessoas tentaram chegar à Savassi e não conseguiram. Acabaram quebrando outros locais. Agora estão vindo direto para cá. Isso me dá um pouco de preocupação.

Se precisar a gente vai usar nosso segundo andar”, disse Nem Melo, gerente de um restaurante no quarteirão fechado da Rua Antônio de Albuquerque.

Torcedores colombianos que assistiam ontem ao jogo Alemanha x Portugal em uma choperia com mesas na calçada afirmaram não temer violência e garantem que vão assistir ao jogo do Brasil na Savassi. “Até agora tudo está muito pacífico. Acho que não vai ter nada muito forte por aqui, pois a maioria das pessoas gostou do Mundial”, afirmou o administrador Camilo Rodriguez.

Representantes da Associação Belga de Futebol também dizem não temer manifestações. De acordo com Erthan Elibol,  cerca de 4 mil compatriotas são esperados. “Como muitos vão para o estádio, nem sequer encontrarão manifestantes. A segurança também está muito forte e achamos que tudo correrá bem”, disse.

Trânsito

A BHTrans, empresa que gerencia o trânsito na capital, não espera congestionamentos hoje porque o jogo Bélgica x Argélia, no Mineirão, terminará antes das 15h, e o do Brasil com o México começa às 16h. Segundo a empresa, o evento na Savassi, por exemplo, não terá fechamento de vias, pois se concentra nos quarteirões fechados. Contudo, os agentes de trânsito estão preparados para fazer desvios e implantar o plano de tráfego caso haja congestionamento ou vias fechadas por manifestações.

Trânsito ficou lento no sábado na Avenida Carlos Luz, uma das vias de acesso ao Mineirão - Foto: Gladyston Rodrigues/EM DA PressA recomendação da empresa é para que os torcedores que vão ao jogo no Mineirão, às 13h, saiam mais cedo, a partir das 8h, e usem o transporte público (Terminal Copa, BRT/Move, Move Copa e linhas regulares)”.



Mais de uma dezena de familiares e amigos da engenheira Maria Luiza Monteiro, de 54 anos, pretendem embarcar nos ônibus especiais da Savassi por volta das 9h. “No primeiro jogo (Colômbia x Grécia) a gente chegou em cima da hora. E como queremos ver o Brasil, vamos sair uns 15 minutos antes de terminar a partida”, disse.

Quanto às manifestações, a preocupação da engenheira é clara: “O negócio é fugir deles. Se fecharem a Savassi, vamos pegar ônibus até o Centro. Vamos todos assistir ao jogo da Seleção Brasileira no Belvedere, e há várias opções de caminho”, considera.

 

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