O uso de máscaras e de tecidos para cobrir o rosto não deve deixar impunes os vândalos que depredaram vários pontos de Belo Horizonte nas manifestações contra a Copa do Mundo, na quinta-feira passada.
Ao todo, 19 pessoas foram detidas pelo vandalismo no entorno da Praça da Liberdade. A Polícia Civil identificou oito, incluindo três presas. Ainda estão detidas a pernambucana Patrícia Dantas Dias, de 25 anos, e Karine Kênia Soares da Silva Melo, de 20, ambas no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Centro-Sul, no Bairro Funcionários. Patrícia é suspeita de ter participado do tombamento da viatura.
Esse tipo de detenção é por tempo indeterminado e só pode ser revogado juridicamente. Karine foi flagrada ao lado do namorado em atos de vandalismo na Praça Raul Soares, segundo a polícia. “Assim que terminarmos o trabalho de identificação, vamos pedir um mandado de prisão para os três que identificamos pela prosopografia. A utilização de disfarces dificulta o trabalho de reconhecimento, mas com essas técnicas podemos reconhecer e prender os criminosos”, informa a delegada.
A técnica de RFH traça pontos para que o reconhecimento seja feito, como o triângulo do rosto, que é composto pelos olhos, nariz e boca. A delegada não dá detalhes do procedimento científico para não atrapalhar a investigação. O Instituto de Criminalística do Paraná, entretanto, revela que é um dos mais avançados do Brasil. “Numa descrição, os olhos equivalem a aproximadamente 50% de um rosto, o nariz a 20% e a boca a 20%, também. Cabelos e queixo somam 5%, cada. Ou seja, o triângulo do rosto é responsável por 90% de uma face bem descrita.” Sinais permanentes como pintas, sardas, cicatrizes, tatuagens e rugas também auxiliam na descrição.
RECRUTAMENTO A Polícia Civil investiga a convocação de jovens de outras regiões do Brasil por grupos violentos que se infiltram nas manifestações e atacam bens públicos, privados e a polícia. Um adolescente que foi detido após o protesto de quinta-feira e a mãe dele contaram em depoimento que o menor teria sido recrutado para integrar um grupo composto por pessoas do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás. “Para mostrar aos líderes a sua disposição em integrar o movimento, o garoto teve que promover quebradeiras em Belo Horizonte, há alguns meses, tendo sido, inclusive, apreendido pelo ato”, informou uma fonte da corporação.
No sábado, o EM mostrou que entre os cerca de 40 black blocs que enfrentaram a polícia na Rua Gonçalves Dias, na Praça da Liberdade e nas avenidas Bias Fortes e Amazonas, estavam pessoas conhecidas da cena cultural alternativa de BH, com participação inclusive, em blocos carnavalescos, mascarados de outras cidades, que tinham sotaque comum do Sul de Minas e de São Paulo.
A Corregedoria da Polícia Militar vai apurar dois casos de denúncia de agressões por policiais. Uma das pessoas é um ator Jhonathan Oliveira, que diz ter sido espancado por policiais no Centro. A repórter da Mídia Ninja, Karinny de Magalhães Rocha Rodrigues, de 19, também afirma ter sido espancada por policiais militares. No caso dela, uma investigação foi aberta também no Ministério Público, que conta com o laudo do exame médico de corpo de delito e está em fase de relatório de testemunhas.
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