A Venda do Zeca virou ponto internacional na Estrada Real. E a estátua do Juquinha, o célebre andarilho da Serra do Espinhaço, já é memória digital nas lentes de gente de diversos países. Nos primeiros dias de Copa, colombianos e argentinos foram a maioria entre os estrangeiros de passagem pelas cachoeiras da Serra do Cipó, que agora atrai também os europeus. Área de proteção ambiental com 100 mil hectares, o parque nacional oferece cerrado, matas, campos rupestres, rios, cânions e sítios arqueológicos.
A menos de 100 quilômetros do Mineirão, em Belo Horizonte, a hospedagem na Serra do Cipó é boa opção para os dias úteis, quando as diárias custam bem mais em conta do que as cobradas na Região da Savassi. Por R$ 100 é possível ter varanda com vista para as montanhas. Nas pousadas de luxo, R$ 900 garantem um fim de semana de sonho, com suíte e piscinas de cinema. Por sua vez, a turma do bate e volta chega cedo, passa o dia em meio à natureza e retorna para a capital no fim de tarde.
Os belgas Nicolas Cassoth e Vincent Miller, ambos de 25 anos, escolheram a Serra do Cipó para se hospedar nos dias entre os jogos da seleção de seu país em BH e no Rio de Janeiro. Logo depois da festa da vitória contra a Argélia, no Mineirão, na terça-feira, os dois viraram a noite na Savassi e seguiram de ônibus pela Estrada Real.
O estudante de jornalismo Nicolas, de Bruxelas, tem se surpreendido com o Brasil. “Esperava encontrar um país muito violento, pois é isso que ouvimos do Brasil na Bélgica. Mas estamos conhecendo um povo alegre e muito amigável. A Copa está bem organizada e com muita segurança”, aprova. O universitário tomou conhecimento da Serra do Cipó pela internet. “Fiquei muito interessado na natureza e no preço, bem mais em conta”, diz ele, sorridente.
O mochileiro Vincent é acostumado a viajar bem e gastar pouco. Funcionário de um sindicato que reúne jovens desempregados de Bruxelas, o ativista está admirado com o Brasil. Depois de passar por Belo Horizonte e pela Serra do Cipó, a dupla seguirá para o Rio de Janeiro e para São Paulo.
Forno a lenha Chi chi chi lê lê lê…Viva Chile! Ainda eufóricos com a vitória sobre a Espanha, os amigos Juan Pablo Quiroz, engenheiro, Roberto Sanchez, químico, Franco Godoy, advogado, e Alonzo Peres, comerciante, escolheram Sabará para curtir o feriado e saborear a famosa comida mineira. “É uma cidade bonita, tem artesanato e muitas igrejas”, elogiou Juan Pablo, enquanto visitava a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. O grupo chegou no fim da manhã e por pouco não viu a procissão de Corpus Christi. “Admirei os tapetes nas ruas”, contou Juan.
Os três amigos vieram da cidade de Concepción e foram ciceroneados por Alonzo, que mora em BH há mais de 30 anos. “Vou levá-los para almoçar num restaurante na estrada para Caeté, com comida feita no fogão a lenha. Eles vão gostar do frango com ora-pro-nóbis”, revelou o anfitrião. Felizes com o desempenho da seleção de seu país, os chilenos soltaram em Sabará o grito de sua torcida. Satisfeito, Roberto elogiou a hospitalidade mineira. “Estamos no ‘Hotel Alonzo’”, brincou Juan Pablo, referindo-se à casa do amigo.