Jornal Estado de Minas

Argentinos gostam de BH e pretendem ficar mesmo sem hospedagem

Flávia Ayer
Nicolás Villarreal e Lucas Lecuona, que chegaram de carona a BH, estão acampados na Praça da Liberdade - Foto: Ramon Lisboa/Em/DA Press


O dia seguinte à invasão hermana ainda foi de azul e branco em BH. Enquanto boa parte se despediu da cidade ao embarcar em Confins e seguiu para Porto Alegre, onde será a próxima partida da seleção, outros gostaram tanto que não pretendem ir embora tão cedo, mesmo sem hospedagem.


Para quem olha de fora, pode parecer algo como estar na rua da amargura. Longe disso. No mundo dos aficionados por futebol, não ter cama nem tomar banho são apenas detalhes fáceis de resolver. Na falta de dinheiro para o hotel, torcedores argentinos estacionaram seus carros em qualquer esquina e ficaram por ali mesmo, ou então simplesmente acamparam nos jardins da Praça da Liberdade.

Já passava das 8h30 de ontem e os argentinos Daniel Torrejón e Marcos Suárez, ambos de 36 anos, estavam em sono profundo dentro do carro em plena Avenida Getúlio Vargas, esquina com a Rua Tomé de Souza. Os amigos saíram de Tucumán, a 3,5 mil quilômetros de BH, sob a condição de dormir dois dias em hotel e dois dias no carro. “A hospedagem fica muito cara.

O câmbio é um real para cinco pesos. Hoje, vamos para um hotel”, conta Daniel, depois de 48 horas sem banho.

“O segredo é beber muito e depois dormir”, diz o torcedor, maravilhado com a festa argentina na Savassi. Eles já passaram por São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Desde terça-feira em BH, não sabem quando vão partir. “Só sabemos que temos bilhetes para a semifinal de 5 de julho em Brasília”, conta. No porta-malas, roupas, comida, fogareiro e uma barraca. A hospitalidade mineira garantiu à dupla acesso à internet wireless, emprestada do bar em frente à vaga em que estacionaram. “Já tenho mais amigos em BH do que na Argentina”, afirma.

A pé e sem condições de pagar por um hotel, Lucas Lecuona e Nicolás Villarreal, ambos de 24, acamparam na Praça da Liberdade, a contragosto de moradores. Os dois malabaristas argentinos estão viajando de carona pela América Latina e, mesmo sem ingressos para os jogos,  acompanharam a festa na cidade. “Já dormimos no coreto e, ontem, um amigo chegou com a barraca. Vamos ficar mais dois dias por aqui”, conta Lucas.

CONFINS


O azul e branco predominou em Confins também. O movimento de partida de argentinos foi intenso na manhã de ontem no Aeroporto Internacional Tancredo Neves. Muitos voaram para Porto Alegre.
Numa fila cheia de torcedores vestindo a camisa 10, do atacante Messi, quatro integrantes da família Witt ainda comentavam sobre a surpresa que foi conhecer BH. “Uma cidade muito bela e o povo muito hospitaleiro. Passamos dias agradáveis aqui e ainda seguimos a seleção no jogo contra o Irã”, disse a empresária Cris Witt. Os filhos dela gostaram muito de conhecer a Praça da Liberdade. “É muito bem cuidada e bonita. Foi uma surpresa conhecer um lugar tão belo, com edifícios interessantes no entorno”, disse um deles, Frederico Lennon. “Foi bom conhecer outras cidades, porque não poderemos acompanhar mais jogos depois da fase de classificação”, disse o comerciante Jonatan Pars. Para ele, o esquema de transporte até o Mineirão por ônibus expressos foi bem eficaz, apesar de ter demorado muito. (Com MP)


Festa na savassi gerou 14t de lixo

Se na noite de sábado a festa na Savassi foi dos argentinos, na madrugada de ontem foi de trabalho duro para a equipe da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) da capital. Para dar conta do serviço, foram usados 50 mil litros de água, 120 litros de desinfetante e 100 quilos de sabão em pó.
Fora a disposição para recolher nada menos que 14 toneladas de lixo, o dobro em relação aos outros dias de jogos. No saldo negativo da festa, jardins pisoteados, canteiros transformados em vasos de lama, além de cadeiras e bancos quebrados. No sábado, os quarteirões fechados das ruas Antônio de Albuquerque e Pernambuco foram invadidos por 12 mil torcedores, a maior parte deles “hermanos” comemorando a vitória da Argentina sobre o Irã, no Mineirão. A limpeza começou ainda durante a festa. Um caminhão ficou rodando a região e 30 garis foram recolhendo latas, garrafas, papel e plástico. Às 3h da madrugada, com a dispersão do público, começou o trabalho de varrição e lavação dos quarteirões, encerrado somente perto das 9h da manhã.  (FA)

.