A comemoração na Praça Diogo de Vasconcellos, conhecida como Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, mesmo depois de adotadas as medidas para melhoria do uso do espaço, não escapou do descontrole e o número insuficiente de banheiros químicos, para um público estimado pela Polícia Militar de mais de 20 mil pessoas. Até mesmo nos quarteirões fechados com grades, com acesso controlado, centenas de pessoas urinaram na calçada, como se podia ver em frente a uma loja de bijuteria e outra de confecção na Rua Pernambuco, esquina com Tomé de Souza.
Do lado de fora das grades, várias pessoas, principalmente mulheres, tentavam entrar nas áreas restritas para ter acesso aos banheiros dos bares mas, sem portar uma das 14 mil pulseiras distribuídas desde a tarde desse domingo, ninguém conseguia avançar, o que gerou protestos. Em pouco tempo, as ruas próximas à praça, num dos pontos mais nobres de Belo Horizonte, se tornaram um enorme mictório a céu aberto. Apesar da falta de estrutura, não foram registradas, segundo o major Marcellos Machado, da Polícia Militar, nenhuma ocorrência grave até as 23h30.
O comerciante Bruno Maltez, que tem um restaurante no quarteirão da Rua Pernambuco, disse que o fechamento com grade melhorou em partes. “O controle evita um pouco do tumulto, mas não conseguiu impedir que vários urinassem à céu aberto na calçada. Acho que tem algo a ser melhorado em relação ao número de banheiros químicos e a colocação deles em locais que estão sendo usado na calçada de forma indevida”.
Nos quatro quarteirões fechados, mesmo com a sujeira e urina espalhada na calçada de alguns deles, prevaleceu o clima da festa verde e amarela, com a vitória brasileira. E, em número tímido, mexicanos, que mesmo sem conseguir a liderança do grupo A, comemoraram muito a vitória de 3 a 1 sobre a Croácia. O técnico em informática Ricardo Sotomayor, de 27 anos, assistiu ao jogo de sua seleção num restaurante de comida mexicana na Rua Antônio de Alburqueque, junto com compatriotas.
“Enfrentar Holanda na próxima etapa não é o ideal. Preferia que fosse o Chile, mas no final o Brasil conseguiu a liderança. Estamos feliz com essa vitória sobre a Croácia, com um bom placar”, comemorou Sotomayor.
Até mesmo os torcedores de seleções desclassificadas entraram no clima de festa. O tenista inglês Ben Whitmore, de 25, filho de mãe croata, era só alegria ao lado de amigos no quarteirão fechado da Rua Pernambuco. “Não importa se meu país está fora. Vamos beber e comemorar. Ficaremos até o final da Copa. Torço para que Costa Rica leve o título.
SHOW O grande público querendo assistir o show de Cidade Negra, no quarteirão fechado da Rua Pernambuco, entre Cristóvão Colombo e Fernandes Tourinho, na Savassi, gerou um princípio de tumulto e necessitou do reforço de seguranças e polícia. Kele Jane, de 23 anos, que trabalhava na coordenação do evento, explicou que foram distribuídas 3,5 pulseiras nas cores verdes para cada um dos dois quarteirões que tiveram shows, e na cor rosa para acesso nos espaços fechados em que estão os bares.
O espaço fechado para shows se tornou uma festa dentro da grande comemoração, com a animação do grupo Cidade Negra e DJs. De Tim Maia ao "Lepo Lepo" e "Aí se eu te pego", tudo era motivo de muita animação, principalmente, para quem conseguiu entrar nos quarteirões fechados. Um grupo, que ficou de fora, fez uma grande roda de samba e capoeira, no centro da praça.
Mas nem tudo foi festa para alguns. Raisa Lobato, de 23, contou que teve que andar cinco quarteirões diante da falta de banheiros químicos do lado de fora do espaço fechado. Alessandra Lacerda, de 23, e o namorado Daniel Pessotti, de 30, gostaram dos shows, mas reclamaram também da falta de banheiro e a dificuldade de ingressos.
A Prefeitura de Belo Horizonte informou que 10 banheiros químicos estão fixos no entorno da Praça da Savassi até o fim da Copa do Mundo. Eles estão distribuídos da seguinte forma: Seis na Rua Paraíba com Antônio de Albuquerque, dois na Rua Tomé de Souza com Getúlio Vargas, e dois na Alagoas com Antônio de Albuquerque. Outros 52 banheiros foram fornecidos pela produtora da Savassi Cultural, evento que acontece no local.
ATRITO Um bate-boca entre um brasileiro e ingleses, que estavam reunidos em um grupo bebendo no quarteirão fechado da Rua Pernambuco, próximo à Rua Tomé de Souza, necessitou da atuação de militares do Batalhão da Copa. Os policiais retiraram o brasileiro de perto dos estrangeiros, o que causou indignação de uma jovem, que pensou que seu compatriota estava sendo preso. Porém, todos os envolvidos foram encaminhados a uma unidade móvel da PM para averiguação e a corporação, inicialmente, não confirmou o registro de boletim de ocorrência do episódio.