Mesmo desclassificados, os ingleses que tomaram a Savassi nessa segunda-feira farão o mesmo no Mineirão nesta terça. Os inventores do futebol venceram apenas uma Copa do Mundo, em 1966, e a grande maioria dos torcedores que têm virado latas e latas de cerveja morna nos bares nunca viu sua equipe ser campeã mundial. É o caso de Wayne Allen, de 48 anos. Ontem, ele bebia sem camisa em BH, exibindo tatuagens com motivos que ostentam a paixão pela seleção do xará Wayne Rooney e pelo time de sua cidade, o Bristol City, que disputa a Terceira Divisão inglesa.
“A única vez que a Inglaterra venceu foi no ano em que nasci. Já fui a quatro mundiais e continuarei indo”, afirma Wayne, que no braço esquerdo tem uma tatuagem com o símbolo do Bristol e cobrindo as costas um leão, símbolo da Seleção Inglesa. Wayne viajou com 12 amigos. Depois da partida de hoje, eles vão para o Rio de Janeiro.
Perder ou ganhar é um mero detalhe para a maioria dos ingleses. Benjamin James, de 38, mora em Londres e viaja sempre para acompanhar os jogos do Derby County, atualmente na Segunda Divisão inglesa. “Sabia que seria difícil a Inglaterra ganhar a Copa, mas esperava mais. Talvez chegar até as quartas de final”, lamentou. Daniel Richard, de 37, compartilha do mesmo sentimento. “Acho até que o time jogou muito bem. Só faltou ganhar”, afirma Daniel, exibindo o típico sarcasmo inglês.
Já o humor de Dex Marshall e de seus três amigos, que desfilavam ontem pela Savassi vestidos de cavaleiros das Cruzadas, remete ao do brilhante grupo britânico Monty Python, que fez história abusando do nonsense. O cruzado veio de Londres e já se tornou um personagem de reportagens, ao ostentar a fantasia no calor tropical de Manaus. Detalhe: ficou três dias sem tomar banho. Em Belo Horizonte, ele garante que o banho está em dia. Com uma lata de Brahma na mão, dizia: “Adoro Skol”.
Dex é torcedor do Tottenham, um dos principais times da capital inglesa. “Desde 1990, acompanho todas as Copas do Mundo. Fui a Itália, Estados Unidos, França, Japão, Coreia, Alemanha e a África do Sul. Agora estou no Brasil”, lista. Perguntado sobre o que todas as Copas têm em comum, ele não hesita: “A Inglaterra perdeu todas”.
O câmbio é o melhor amigo dos ingleses. Uma libra vale R$ 3,80. Alguns podem até cometer extravagâncias, como Mark Rosers, de 50. Ontem, ele desfilava pela Savassi com uma placa dizendo que pretende pagar R$ 10 mil por dois ingressos para a final. “Já recebi mais de 20 propostas”, contou, garantindo ter adotado com sucesso a mesma tática em Copas passadas.