Jornal Estado de Minas

Costa-riquenhos se impressionam com BH e dizem que são parecidos com brasileiros

Tiago de Holanda

Os costa-riquenhos Gabriel, Michel e Ricardo Weisleder convidam brasileiros para visitar as atrações turísticas de seu país - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press


“Belo Horizonte é gigante”, exclamou o estudante Gabriel Weisleder, de 19 anos, um dos torcedores de passagem pela cidade para apoiar a seleção do país natal, que tem menos habitantes que os 5,4 milhões de moradores da Região Metropolitana de BH. A Seleção da Costa Rica joga hoje contra a Inglaterra no Mineirão. Apaixonados por futebol, os visitantes se espantaram com o fato de brasileiros ignorarem a nação da América Central. Confiantes, esperam que o bom desempenho no torneio ajude a mudar isso.

Na manhã dessa segunda-feira, Gabriel passeava pela Praça da Savassi, na Região Centro-Sul de BH, acompanhado do irmão, o bancário Michael Weisleder, de 26, e do pai, o bancário Ricardo, de 53. Antes do início da competição, o estudante considerava “um sonho” a classificação de seu país para as oitavas de final. “Quando ganhamos a primeira partida, foi uma loucura. Depois que batemos a Itália, pensei: ‘Uau! Conseguimos!’. Agora, seremos campeões do mundo”, diz o rapaz, sorridente.

Gabriel descobriu que os brasileiros se parecem com os costa-riquenhos.
“Vocês são gentis, gostam de conversar e comem muito arroz com feijão no almoço”, listou, confiante que o sucesso de seu time vá aproximar os dois países. “Perguntaram-me se a Costa Rica fica na África, na Europa. Achei que sabiam pelo menos a localização”, lamenta. “Não temos atrações urbanas interessantes, mas o turismo de aventura é forte, e a natureza riquíssima”, explica.

O administrador Jorge Zuniga, de 29, acha graça na falta de informações dos brasileiros. “Alguns nos confundiram com Porto Rico”, disse. “Outros pensavam que fazíamos parte do México”, acrescentou o jornalista Javier Zuniga, de 26. O grupo, que viu os jogos de seu time em Natal (RN) e Fortaleza (CE), volta quarta-feira à capital San José. “Guardamos dinheiro por três anos para vir à Copa”, revela Jorge.

O advogado Esteván Agüero ressalta as virtudes costa-riquenhas. “A gente de lá é muito amável e trata muito bem o turista. Fomos apontados como o país mais feliz do mundo”, informou, mencionando o ranking baseado no Índice Planeta Feliz, criado pela instituição britânica New Economics Foundation.

ATRAÇÕES DO PAÍS

» Parques com rica biodiversidade e trilhas para tracking, como a Reserva Biológica Monteverde


» As praias de Santa Teresa e Nosara e o litoral da cidade de Puerto Viejo e do Parque Nacional Manuel Antonio

» Vulcões Arenal e Poas


Entrevista

Fernando Brant
Compositor

Coração civil


Durante a ditadura civil-militar brasileira, o compositor mineiro Fernando Brant se surpreendeu ao saber que a Costa Rica não tinha Exército desde 1948, situação que se mantém. Militante do movimento pela redemocratização, ele se uniu a Milton Nascimento para compor Coração civil, em homenagem ao país da América Central.

“Quero nossa cidade sempre ensolarada/ Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”, diz a letra.

Como surgiu a ideia de compor essa canção?

Quando a escrevi, no fim da década de 1970, estávamos sob a bota dos militares. Fiquei curioso pelo fato de a Costa Rica não ter Exército. Um país que vivia não só sem a intervenção militar, como sem militar algum.

Você já visitou a Costa Rica?

Depois de compor a canção, fui duas vezes a San José, mas fiquei poucos dias lá, vi pouca coisa. Não tenho muita informação sobre o país, mas estou acompanhando a Copa. A seleção deles não só está ganhando, como está jogando direito. Quero ver até onde ela conseguirá ir.

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