Jornal Estado de Minas

Chilenos começam a chegar a BH e devem ser cerca de 40 mil até sábado

Torcedores começam a tomar as ruas de BH e se preparar para o jogo contra o Brasil, sábado, no Mineirão

Valquiria Lopes
Torcedores chegaram de fusca pintado com as cores do Chile e assistiram jogos do dia em bar da Savassi - Foto: Leandro Couri/Em/D.A Press

As cores da bandeira do Chile já tomam conta da Savassi e aos poucos ocupam o lugar do azul e branco dos argentinos, que invadiram Belo Horizonte na semana passada. Pela estimativa do Consulado do Chile na capital mineira, entre 40 mil e 50 mil chilenos estão no Brasil para acompanhar a seleção de seu país. São os mesmos que, segundo o cônsul Alexandre Elias Penido, devem chegar a BH até o fim da semana para assistir Chile e Brasil se enfrentarem no Mineirão no sábado. Na tarde de ontem, vários estavam em um bar da Savassi, onde também havia um fusca pintado com as cores vermelho, azul e branco.

Outros quatro que estavam na Praça da Savassi disseram que estão ansiosos para o jogo e, apesar do favoritismo brasileiro, acreditam que o Chile pode desbancar a seleção canarinho. “Acho que temos grandes chances”, disse Felipe Carrillo, de 28, que está hospedado em um hostel no Bairro Sion. Outro que veio a BH para o Mundial é o estudante Felipe Pérez, de 23, que chegou no sábado e tem ingressos para a partida de hoje entre Costa Rica e Inglaterra. Ele veio de Santiago e está hospedado na casa do tio, que mora na capital há 32 anos.
“O Chile tem um histórico de derrotas contra o Brasil, mas agora estamos jogando muito bem. Acho que pode ser a hora de mudar isso”, disse.

Muitos dos chilenos que estão por chegar a BH guardam semelhanças com os hermanos argentinos, como a vinda para o Brasil em carros, motorhomes ou ônibus convencionais. A maior parte também não deve ter ingresso para a partida de sábado, estima Alexandre. O cônsul garante, no entanto, que eles vêm com outra condição financeira. “Podem vir se aventurando por BH e aqui procurarem lugar para ficar. Mas o cenário econômico no Chile é muito melhor e mais favorável.”

Segundo o cônsul, alguns podem vir sem reservas de hotéis ou tíquetes para assistir ao jogo, o que está relacionado ao fato do Chile ter enfrentado dificuldade no grupo B. “Muitas caravanas vieram acompanhando a seleção. Mas acredito que o torcedor tenha sido pego de surpresa, porque não acreditava que a seleção fosse passar. No momento que o Chile venceu a Espanha, tudo mudou, e agora eles se preparam para vir a BH”, afirmou o cônsul. Ele disse que ainda hoje vai entrar em contato com os consulados do Chile no Rio de Janeiro e em São Paulo para ter um número mais real de quantos deles devem chegar a BH.

A cidade já vem atraindo torcedores chilenos desde o início da Copa. Eles chegaram para demonstrar seu amor pela seleção que ficou conhecida como La Roja (a vermelha, em espanhol). A equipe está hospedada no centro de treinamento do Cruzeiro, a Toca da Raposa II, no Bairro Enseada das Garças, na Pampulha.
“Os que ainda não chegaram, mas já estão no Brasil, devem vir em peso para demonstrar apoio pela seleção”, afirma Alexandre. Os chilenos já prometiam invadir a cidade mesmo antes do resultado que coloca a capital mineira no calendário dos jogos. Estava marcada para 15 de junho a passagem de um comboio com 800 carros, sendo a maioria de motorhomes, trazendo cerca de 3.000 chilenos. A Caravana Santiago-Brasil 2014, que eles chamaram de a maior do mundo, planejava um bandeiraço na porta da Toca da Raposa, mas não vieram.

MARACANÃ Diferentemente do comportamento de aproximadamente 100 chilenos no Rio de Janeiro, que invadiram o centro de imprensa do Maracanã uma hora antes do início da partida entre Espanha e Chile, o cônsul acredita que os chilenos não devam causar problemas em BH. “Aquela foi uma situação pontual. Em Belo Horizonte, não deve se repetir porque o fato teve repercussão muito negativa. Além disso, o policiamento deverá ser reforçado no Mineirão”, disse. Depois da invasão, cerca de 80 receberam ordem para deixar o Brasil em até 72 horas.

Argentinos adiam saída de BH

Pedro Ferreira

Argentinos que estão em Belo Horizonte para os jogos da Copa acamparam na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul, um dos pontos turísticos mais visitados da capital. Eles também estacionaram veículos e montaram barracas de camping em parques e outras áreas públicas. Os malabaristas Nícolas Villarreal, de 34, Lucas Lecona, de 34, e o guatemalteco Júlio Arrecis, de 26, armam suas barracas todas as noites perto do coreto recentemente restaurado.
Eles disseram que ainda não têm previsão de quando vão deixar o Brasil, mas que devem partir de Belo Horizonte em dois ou três dias. O grupo é acompanhado da vira-lata Nata, adotada há dois anos e oito meses em Balneário Camboriú (SC) e que já percorreu Equador, Bolívia, Peru, Uruguai e Argentina com o trio.

O Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) informa que vai notificar a prefeitura para que tome providências em relação à Praça da Liberdade, por se tratar de um bem tombado.
Os argentinos se sentem tão à vontade na praça que organizaram um encontro de malabaristas. “Depois de BH, vamos para o Amazonas, e, então, ir de barco para a Colômbia e Venezuela, sempre pegando carona”, disse Nícolas. Ele conta que foram abordados por policiais militares na praça, mas disseram que não incomodavam ninguém e os PMs foram embora.

Agostinho Orona, de 26, chegou domingo na capital. Ele viaja pelos países da América Latina tocando violão nas ruas, bares e restaurantes para ganhar dinheiro. Ontem, também foi para a Praça da Liberdade, mas disse ter conseguido hospedagem na casa de um amigo na Pampulha.

PAMPULHA No Parque Ecológico Lagoa do Nado, no Bairro Itapoã, na Pampulha, mais de 50 argentinos, alguns do Sul da Patagônia, estão acampados há vários dias. São dois motorhomes, duas vans adaptadas com beliches e um carro pequeno. O comerciante Osvaldo Zugoli, de 48, está há quatro dias no local, com três amigos, e pretendem ir embora hoje para Porto Alegre (RS), onde a Argentina enfrenta a Nigéria amanhã. “Depois, seguimos para São Paulo. Vamos acompanhar a nossa seleção para onde ela for.”

Os amigos Julian Rossi, Frederico Piccolli, Simón Armanelli e Germán Melero também estão acampados no parque. Hoje, eles partem para a praia de Copacabana, no Rio, depois para São Paulo e Brasília. “Vamos retornar ao Rio para buscar a taça”, brincou Julian. “O parque é muito bonito, tem muito verde, lagoa, mas muito frio à noite”, disse Osvaldo..