Jornal Estado de Minas

Conselho Universitário da UFMG se reúne para apurar denúncia de agressão

Ocupantes da Reitoria deixaram saguão na tarde de segunda-feira depois de reunião com a diretoria da instituição

Junia Oliveira
- Foto: Euler Junior/EM DA Press
O Conselho Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se reúne na quarta-feira, em caráter extraordinário, para discutir uma denúncia de agressão e outra de dano ao patrimônio envolvendo o grupo que estava acampado na Reitoria desde o início do mês. Os integrantes da ocupação dizem ter sido agredidos por seguranças da instituição no sábado e, como resposta, teriam quebrado vidros e a câmera de vigilância do prédio. Ontem, depois de uma reunião com professores e representantes do sindicato dos servidores técnico-administrativo, eles decidiram deixar o local.

A universidade calcula que entre três e 10 pessoas tenham participado do movimento, dissidente de uma outra ocupação, que começou no último dia 6 e terminou uma semana depois. O ponto crítico teria ocorrido no fim de semana, quando cinco integrantes foram para a portaria da Avenida Abrahão Caram afixar uma faixa em espanhol com dizeres sobre os mortos nas obras do estádios brasileiros para a Copa e se depararam com dezenas de guardas.

Estudante do 7° período de ciências sociais, Larissa Dulce Antunes conta que ao se aproximar da cerca foi puxada pela blusa por um deles. “Ele me deu um soco no nariz e, com o impacto, bati num poste e caí desacordada.” Estudante do mesmo curso, Frederico Lopes, do 10° período, diz que cortou a mão ao ter a bandeira que segurava retirada por outro segurança. Ele afirma que pegou a câmera para registrar os fatos e foi perseguido pelos seguranças.

“Corri para a Reitoria, onde pensei estar seguro, mas eles vieram atrás de mim em duas caminhonetes.
Joguei a câmera na barraca e segui para o banheiro. Dois guardas me pegaram, me deram um soco no peito e depois um pontapé”, relata. “Os estudantes que ficaram aqui tentaram abrir a porta para me ajudar e um deles foi agredido também com um chute.”

O grupo assume que, depois do episódio, quebrou quatro vidros e uma câmera de vigilância. Os alunos relatam ainda ter chamado representantes dos direitos humanos e sido encaminhados para o Ministério Público, onde foram ouvidos por uma promotora e teriam feito exame de corpo de delito.
Os estudantes temem o resultado do processo administrativo, já que podem responder pelo dano ao patrimônio. E pedem um momento na reunião do conselho para explicar o ato. “Não é possível que os vidros valerão mais que a agressão. Estamos dispostos a pagar, se for o caso. O que não pode são os responsáveis pela agressão saírem ilesos”, disse Frederico.

A vice-reitora, Sandra Goulart Almeida, disse que uma comissão será formada durante a reunião do conselho universitário para averiguar os casos. Segundo ela, a Pró-Reitoria de Administração, à qual está ligada a segurança, nega ter havido excesso de força na ação. “Nossa posição é de sempre manter o diálogo. Temos filmagens que mostram a destruição ao patrimônio e nenhuma prova da agressão.”

SAÍDA

Os integrantes da ocupação começaram a se retirar do saguão da Reitoria por volta das 14h30.
A reunião foi tensa. A professora Marlise Miriam, do grupo de discussão de direitos humanos da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG, apelou para a possibilidade de eles serem expulsos da universidade para convencê-los a deixar a Reitoria.

A diretora de Governança Internacional, Maria Aparecida Moura, saiu aliviada com o resultado. “Estivemos aqui hoje para prestar nossa solidariedade a eles e para falar da importância do patrimônio e de ele ser preservado”, disse. “Eles têm reivindicações diversas. Algumas do âmbito da universidade e outras não, mas é preciso ter diálogo aberto.”.