A Savassi está com lotação esgotada. O principal local de concentração de torcedores em Belo Horizonte desde o início da Copa do Mundo está cada vez mais sufocado pelo excesso de gente. No último sábado, quando Argentina e Irã jogaram na cidade, a Praça Diogo de Vasconcelos e as vias do entorno receberam 20 mil pessoas. Esse é o limite, mas a expectativa de encontro de nova multidão exatamente uma semana depois, dia do jogo entre Brasil e Chile no Mineirão, pelas oitavas de final do Mundial, tornou o alerta inevitável. A Polícia Militar pede para que torcedores evitem ir para a região e procurem locais alternativos para se divertir. Um dos graves problemas gerados pela superlotação é a falta de banheiros para atender tanta gente, o que transformou as ruas em mictórios e um mau cheiro insuportável. Por isso, mais banheiros estão sendo instalados.
A recomendação da PM para evitar tumulto é para que torcedores também não insistam em entrar nas áreas cercadas com grades – onde há programação do Savassi Cultural. Segundo a comandante do Policiamento da Capital, coronel Cláudia Romualdo, cada quarteirão fechado da Savassi tem capacidade para 3 mil pessoas. Na segunda-feira, por exemplo, centenas de pessoas tentaram invadir as áreas delimitadas, que já estavam lotadas. “O controle está nas pulseiras entregues pela organização do evento a cada visitante, mediante a troca por um quilo de alimentos. Quando as pulseiras se esgotam, a entrada fica proibida”, informou a comandante.
“Chegará uma hora em que o espaço físico da Savassi, como um todo, não vai suportar a quantidade de gente, por isso pedimos que as pessoas procurem alternativas para a comemoração”, alerta Cláudia Romualdo. A recomendação vale ainda para a Fan Fest, no Expominas, no Bairro Gameleira, que também tem tido lotação esgotada, especialmente nos dias de jogos do Brasil.
Com a superlotação, banheiro se tornou um problema sério. Depois da festa de sábado, que deixou as vias da região cheias de xixi., a prefeitura aumentou a quantidade de banheiros químicos de 20 para 88. As cabines ficarão na região até 14 de julho, dia seguinte à final da Copa. Em dia de partida do Brasil, serão mais 84 na Getúlio Vargas e na Cristóvão Colombo, totalizando 172 unidades. Mas o número chegará a 272, porque a empresa responsável pelo Savassi Cultural montará mais 100 nos dias do evento, 40 a mais do que os 60 colocados à disposição do público. Segundo a PM, o ideal é uma unidade para cada 100 pessoas em eventos acima de quatro horas de duração.
Ontem à tarde, as primeiras cabines de reforço foram instaladas na Rua Tomé de Souza e na Getúlio Vargas. As novas estruturas ficarão no entorno dos quatro quarteirões fechados na Praça da Diogo de Vasconcelos – 22 em cada um, sendo que dois atenderão portadores de necessidades especiais – até o fim do Mundial.
Segundo o presidente da Belotur, Mauro Werkema, a prefeitura criou uma força-tarefa com todos os órgãos envolvidos no Mundial para melhor o atendimento a moradores e turistas. "Estamos acompanhando diariamente os fatos relativos à Savassi, que vem se tornando um forte polo de atração turística da capital”, afirmou Werkema. Já o diretor da Conecte Inovação, responsável pelo Savassi Cultural, Christiano Rocco, destacou que o reforço é importante “para trazer mais conforto ao público que tem comparecido em peso à Savassi”.
RECLAMAÇÕES
Ontem de manhã comerciantes e moradores reclamaram muito do mau cheiro e da sujeira, mais evidentes nas primeiras horas do dia, antes da passagem dos caminhões-pipa. A lavação, feita com desinfetante, no entanto, nem sempre é suficiente para acabar com o odor, como relata quem vive ou trabalha na região. O grande problema da noite de segunda-feira é que a maior parte dos banheiros químicos na Savassi estava em área reservada ao Savassi Cultural. Com isso, muitos torcedores usaram muros e jardins para urinar.
“Toda manhã é isso, a urina invade a loja”, reclama Daniele Matos, gerente de uma loja de roupas no quarteirão fechado da Rua Pernambuco. Ela usava luvas para abrir a porta de aço do estabelecimento. Até quem trabalha com bar reclama. “Fechamos por volta da meia-noite. Depois disso, os torcedores passam a usar nossa porta como banheiro”, conta Harlley Chaves, gerente de um bar na Antonio de Albuquerque, esquina com a Rua Paraíba.
A limpeza dos banheiros é feita pela prefeitura. Ontem, por volta das 13h, quando torcedores já começavam a chegar para acompanhar as partidas em bares e restaurantes, a higienização das cabines e a lavação dos quarteirões ainda não havia terminado.
Memória
Tumulto em festa irlandesa
Em março de 2011, durante a festa Saint Patrick's Day, padroeiro da Irlanda, a Savassi viveu o seu maior tumulto. Cerca de 35 mil pessoas ocuparam as ruas da região, usaram muros e ruas para urinar, pisaram nos canteiros, depredaram bancos e jardins e não deixaram ninguém dormir. Por causa da confusão e da reclamação de moradores e comerciantes, a prefeitura passou a ser mais rigorosa na concessão de autorização para eventos na Savassi. A festa irlandesa passou a ser realizada então em uma área fechada no Parque das Mangabeiras e a quantidade de pessoas foi limitada.
MULTIDÃO
Lotação da Savassi durante a Copa
13 e 14 de junho...............8 mil pessoas
17 de junho...............12 mil
21 de junho...............12 mil
23 de junho............... 20 mil
28 de junho...............20 mil*
*(estimativa)