Jornal Estado de Minas

Polícia Militar cerca protesto na capital outra vez

Tática de 'envelopamento' voltou a ser usada para evitar que um grupo reduzido de manifestantes fossem da Praça Sete para a Savassi, mas não houve tumulto e prisões

Mateus Parreiras Alfredo Durães
Centenas de policiais bloquearam manifestantes, que se dispersaram depois de três horas - Foto: LEANDRO COURI/EM/D.A PRESS

A manifestação contra a Copa do Mundo que tinha como proposta de trajeto sair da Praça Sete em direção à Savassi ontem reuniu poucas pessoas e terminou retida em mais um cerco policial que não permitiu que elas caminhassem. Das cerca de 700 pessoas que confirmaram presença pelas redes sociais, a Polícia Militar calcula que apenas 80 compareceram. Depois de três horas, líderes dos movimentos se desentenderam e os grupos se dispersaram para lados diferentes, sendo acompanhados a distância por policiais. O protesto havia ganhado força com uma medida judicial expedida na quarta-feira, que impedia o cerco pela PM, conhecido como “envelopamento”. Mas, um dia depois, a medida foi derrubada.


Os primeiros a chegar à Praça Sete, por volta das 10h, eram pouco mais de 30 manifestantes ligados à construção civil. Um caminhão levou cartazes com críticas às condições de trabalho nos canteiros de obra. Em seguida, chegaram estudantes de direito da UFMG. Um microfone foi aberto para quem quisesse manifestar indignação.

Enquanto isso, policiais fecharam o entorno da praça. Linhas de homens de escudos se estenderam nos quarteirões e canteiros centrais das avenidas Afonso Pena e Amazonas. Ao meio-dia, se juntaram ao protesto militantes do PSTU, PCR, Central Sindical e Popular e estudantes, entre outros.

Do lado de fora, policiais do Batalhão Copa detiveram para averiguação o artesão Igor Damião, de 29 anos, ao perceber que ele tinha uma tornozeleira eletrônica de monitoramento do sistema prisional. No bolso dele, encontraram um alvará de soltura em que a Justiça determinava que sua liberdade seria permitida desde que não voltasse a participar de manifestação. Foi então que os policiais descobriram que Igor foi preso há duas semanas quando militares que faziam cerco à manifestação no dia do jogo Colômbia x Grécia encontraram um coquetel molotov na mochila dele. “Eu estava preso no Ceresp e fui solto hoje (ontem). Estava aqui porque o prédio onde se recebe a tornozeleira fica aqui perto (da Praça 7). Só quero ir embora para casa”, disse o artesão. Ele foi solto e impedido de entrar no quarteirão do protesto.

Por volta das 12h30, os manifestantes foram para a Avenida Afonso Pena. Imediatamente, a polícia correu com escudos a postos e bloqueou o quadrante da Praça Sete formado pelos quarteirões fechados. Uma linha de cavalaria reforçou a ação dos agentes da Afonso Pena para impedir o avanço para a Savassi, como era objetivo dos manifestantes.

REFORÇO Somente a primeira linha de escudos da PM em volta dos manifestantes da Praça Sete somava 288 componentes, fora a segunda fileira, que os substituía quando se cansavam. A cavalaria e outros contingentes ficaram a distância, como a polícia de trânsito, que fez os desvios de tráfego.
Dois blindados, tipo Caveirão, ficaram postados na Amazonas. Quando o jogo começou, os manifestantes isolados pelo cerco jogaram futebol, deram-se as mãos e passaram na frente dos escudos policiais. Dos bares próximos podiam ouvir trechos da narração do jogo, as vinhetas da transmissão e alguns até vaiaram quando a Seleção Brasileira marcou o gol.

Por volta das 14h, líderes dos diversos grupos divergiram sobre os próximos passos e um possível término do protesto. Com isso, o movimento se dispersou e a PM reabriu o tráfego. Segundo o porta-voz da PM, tenente-coronel Alberto Luiz Alves, tudo transcorreu sem problemas. “Não tivemos ocorrências. O direito de manifestar foi garantido a todos. O direito de ir e vir também. O que não queremos é que haja depredação.
Os manifestantes tiveram um impasse e resolveram sair em pequenos grupos. Vamos acompanha-los a distância”, disse. O militar ainda afirmou que mesmo que ocorresse uma mistura de manifestantes entre torcedores, seria possível controlar a situação. “Vamos envelopá-los de novo se fizerem isso.”

ALARME FALSO

Duas horas antes do jogo no Mineirão, uma mala abandonada na Fan Zone, espaço para atendimento a turistas, do aeroporto de Confins obrigou a Polícia Federal a isolar parte do terceiro andar do terminal para averiguar o conteúdo da bagagem. Com isso, o espaço criado pela Infraero em parceria com a Caixa ficou fechado durante a partida. Uma equipe especializada em bombas da PF constatou que era alarme falso, pois não havia nenhum artefato explosivo na mala. Um grupo antibomba do aeroporto da Pampulha também atuou em Confins para fazer uma varredura no terminal.

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