Jornal Estado de Minas

Saiba em quais bairros de BH a Copa não passou

Jorge Macedo - especial para o EM
Luciane Evans

 

'Não sabemos o que aconteceu.Talvez tenha faltado divulgação da região para os turistas', Orlando Júnior, filho do proprietário do Bar do Orlando - Foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press


Enquanto a Savassi é o lugar de encontro para diversas culturas a ponto de estar no limite da sua capacidade para receber visitantes, outros tradicionais bairros boêmios da cidade nem sentiram a Copa do Mundo em Belo Horizonte. O Bairro Santa Tereza, na Região Leste, por exemplo, não parece mais o mesmo. Nesses dias, poucos clientes passam por ali. Na Avenida Bandeirantes, Região Centro-Sul, que recebeu mais de 10 mil pessoas em 2006, na Copa do Mundo da Alemanha, comerciantes agora dizem nem ver turistas.

Anteontem, durante o jogo entre Brasil e Chile, a Pizzaria Parada do Cardoso, em Santa Tereza, fechou as portas. “Não adianta, quando abrimos durante a partida da Seleção contra Camarões, na segunda-feira, havia três pessoas aqui”, lamenta o proprietário, André Luiz Carvalho. Segundo ele, o bairro desde o início da Copa não vem atraindo público. “Até havia a promessa de um telão na Praça Duque de Caxias, mas isso não foi cumprido”, reclama.
Segundo informou a assessoria de imprensa da Regional Leste, houve a intenção de colocar um telão no espaço, porém, seria feito por uma empresa, que desistiu sem apresentar motivos. Até mesmo no Bar do Orlando, outro tradicional ponto de encontro do bairro, a clientela não tem aparecido. “Não sabemos o que aconteceu. Talvez tenha faltado divulgação da região para os turistas”, palpita Orlando Júnior, filho do proprietário do bar.

Para o dono do conhecido Restaurante Bolão, Carlos Henrique Rocha, o que pode explicar a baixa procura de turistas por Santa Tereza é a falta de ânimo dos comerciantes em investir em atrações. “O que nos desanimou foi a norma da prefeitura que limitou eventos na Praça Duque de Caxias”, afirma. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a portaria foi publicada no dia 5 de junho no Diário Oficial do Município (DOM) e permite que os eventos na praça sejam feitos uma vez por mês, com público máximo de 2,5 mil pessoas. “Mas essa recomendação ainda está em discussão. O que ocorreu com Santa Tereza foi falta de investimento da prefeitura. Mas os turistas estão vindo aqui. Procuram lugares para comer e se divertir”, afirma o presidente da Associação dos Bares e Restaurantes de Santa Tereza, Elias Brito. De acordo com ele, o bairro é residencial e um público alto, como está na Savassi, não seria bom. “No carnaval deste ano tivemos muitos problemas com o número de pessoas que passaram por aqui”, recorda.


BANDEIRANTES O mesmo trauma pode ter ocorrido na Avenida Bandeirantes, no Bairro Mangabeiras. Segundo conta o garçom José Geraldo, do restaurante Tudo no Espeto, na Copa do Mundo de 2006 foram mais de 10 mil pessoas comemorando o jogo da Seleção na avenida. “Era uma loucura. As pessoas faziam xixi nas ruas e houve muita bagunça. Os moradores reclamaram e, este ano, por exemplo, não há movimento algum. Nem turista temos visto passar. Está triste”, disse. Para a gerente do estabelecimento, Roberta dos Santos, havia a esperança de que a avenida pudesse atrair gente e ter festas. “Mas, logo no primeiro jogo, tivemos prejuízo.”

Para o presidente da Belotur, Mauro Werkema, a Savassi não roubou o público de ninguém, mas pelo perfil do trânsito e do espaço da região, é o local com mais atração para as comemorações da Copa.

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