Enquanto a Savassi é o lugar de encontro para diversas culturas a ponto de estar no limite da sua capacidade para receber visitantes, outros tradicionais bairros boêmios da cidade nem sentiram a Copa do Mundo em Belo Horizonte. O Bairro Santa Tereza, na Região Leste, por exemplo, não parece mais o mesmo. Nesses dias, poucos clientes passam por ali. Na Avenida Bandeirantes, Região Centro-Sul, que recebeu mais de 10 mil pessoas em 2006, na Copa do Mundo da Alemanha, comerciantes agora dizem nem ver turistas.
Anteontem, durante o jogo entre Brasil e Chile, a Pizzaria Parada do Cardoso, em Santa Tereza, fechou as portas. “Não adianta, quando abrimos durante a partida da Seleção contra Camarões, na segunda-feira, havia três pessoas aqui”, lamenta o proprietário, André Luiz Carvalho. Segundo ele, o bairro desde o início da Copa não vem atraindo público. “Até havia a promessa de um telão na Praça Duque de Caxias, mas isso não foi cumprido”, reclama.
Para o dono do conhecido Restaurante Bolão, Carlos Henrique Rocha, o que pode explicar a baixa procura de turistas por Santa Tereza é a falta de ânimo dos comerciantes em investir em atrações. “O que nos desanimou foi a norma da prefeitura que limitou eventos na Praça Duque de Caxias”, afirma. Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a portaria foi publicada no dia 5 de junho no Diário Oficial do Município (DOM) e permite que os eventos na praça sejam feitos uma vez por mês, com público máximo de 2,5 mil pessoas. “Mas essa recomendação ainda está em discussão. O que ocorreu com Santa Tereza foi falta de investimento da prefeitura. Mas os turistas estão vindo aqui. Procuram lugares para comer e se divertir”, afirma o presidente da Associação dos Bares e Restaurantes de Santa Tereza, Elias Brito. De acordo com ele, o bairro é residencial e um público alto, como está na Savassi, não seria bom. “No carnaval deste ano tivemos muitos problemas com o número de pessoas que passaram por aqui”, recorda.
BANDEIRANTES O mesmo trauma pode ter ocorrido na Avenida Bandeirantes, no Bairro Mangabeiras. Segundo conta o garçom José Geraldo, do restaurante Tudo no Espeto, na Copa do Mundo de 2006 foram mais de 10 mil pessoas comemorando o jogo da Seleção na avenida. “Era uma loucura. As pessoas faziam xixi nas ruas e houve muita bagunça. Os moradores reclamaram e, este ano, por exemplo, não há movimento algum. Nem turista temos visto passar. Está triste”, disse. Para a gerente do estabelecimento, Roberta dos Santos, havia a esperança de que a avenida pudesse atrair gente e ter festas. “Mas, logo no primeiro jogo, tivemos prejuízo.”
Para o presidente da Belotur, Mauro Werkema, a Savassi não roubou o público de ninguém, mas pelo perfil do trânsito e do espaço da região, é o local com mais atração para as comemorações da Copa. .