A iluminação da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, voltará ser original, garante o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). Nas últimas semanas, várias luminárias antigas foram substituídas por globos de vidro transparente, o que incomodou moradores e frequentadores do conjunto arquitetônico e paisagístico da praça, tombado desde junho de 1977.
Segundo o Iepha, não se fabricam mais luminárias no formato original, mas a Cemig localizou a Vidraçaria Piratininga, no interior de São Paulo, para fornecer réplicas das peças originais das décadas de 1950 e 1960, já que o molde antigo foi preservado. “As luminárias foram destruídas e as provisórias foram instaladas para proteção das lâmpadas. Estamos esperando a Cemig fazer o levantamento de quantas peças serão necessárias para fabricação”, informou o Iepha.
Na Praça Sete, as quatro luminárias também foram substituídas por peças modernas. Uma delas foi destruída por vândalos na Copa das Confederações, no ano passado. Mas outras originais serão colocadas. O modelo original também pode ser visto nos viadutos Santa Tereza e Floresta e na Rua Sapucaí, no Bairro Floresta, Região Leste, e na Igreja de São José, no Centro.
Em março do ano passado, dois postes antigos em frente ao Palácio da Liberdade foram destruídos em um acidente de carro. Um motorista embriagado perdeu o controle da direção do veículo, subiu no passeio e bateu com o carro nas estruturas em ferro, quebrando as luminárias.
Em fevereiro de 2012, outro poste antigo foi destruído em um canteiro da Praça da Liberdade durante um show pré-carnavalesco, quando foram danificados também canteiros, sistema de irrigação e correntes de proteção.
Na Praça da Liberdade, as luminárias antigas em frente ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) foram trocadas pelas modernas, assim como outras seis na Rua Cláudio Manoel, ao lado. Na praça com a Rua Gonçalves Dias, o poste histórico está sem luminária. As peças antigas são mantidas em frente ao Palácio da Liberdade, mas do outro lado, no canteiro da praça, um globo transparente chama a atenção. “A praça está perdendo a originalidade. Estamos perdendo um pouco da nossa história”, lamenta o aposentado Guilherme Romero, de 47. “Quebra o contexto da praça, que não tem nada a ver com essas luminárias modernas”, reclama.
A Cemig informou que não há previsão de quando as réplicas ficarão prontas, o que preocupa frequentadores da Praça da Liberdades. “Está descaracterizada. As luminárias antigas fazem parte da história de Belo Horizonte e o espaço público deve ser mantido para a geração futura”, reclama a autônoma Mairy Godoy, de 56.
A neta dela, Yasmin Dornas, de 17, mesmo adepta ao estilo moderno, com seus cabelos pintados de rosa e piercing no nariz, concorda com a avó. “A história de Belo Horizonte tem que ser preservada para as gerações futuras, ainda mais que é um dos principais pontos turísticos da cidade”, disse. Para Schubert Araújo, de 59, as peças modernas interferem negativamente no equilíbrio e na harmonia do conjunto arquitetônico.