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Estado de Minas

Morte de designer na Fernão Dias abala jogadores da seleção argentina

Atletas cancelaram entrevista coletiva na Cidade do Galo e se solidarizaram com familiares dela pelas redes sociais


postado em 03/07/2014 06:00 / atualizado em 03/07/2014 07:01

Jornalistas argentinos ficaram de pé e fizeram minuto de silêncio em homenagem a María Soledad (foto: RODRIGO CLEMENTE/EM/D.A PRESS)
Jornalistas argentinos ficaram de pé e fizeram minuto de silêncio em homenagem a María Soledad (foto: RODRIGO CLEMENTE/EM/D.A PRESS)

A morte da designer de moda María Soledad Fernández, de 26 anos, comoveu jogadores e jornalistas na volta aos treinos da Seleção Argentina, ontem à tarde, na Cidade do Galo, em Vespasiano, a ponto de cancelar a entrevista coletiva marcada para depois das atividades de campo. Segundo o vice-presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), Juan Carlos Crespi, os atletas não se sentiram à vontade para falar após a trágica morte de Soledad, filha do jornalista Titi Fernández, da Fox Sports e TV Pública, que também está no Brasil cobrindo o Mundial.

“Os jogadores estão afetados, como nós. Os mais velhos, porque muitos também têm filhos. Os jogadores se sentem mal, porque Titi é um homem muito querido e o que se passou com sua filha é uma dor para todos nós”, informou Crespi.

Soledad chegou ao Brasil em 15 de junho, para fazer surpresa ao pai aniversariante. Como não está credenciada para o Mundial, a designer acompanhava a seleção com uma credencial particular oferecida pela AFA. Antes da entrevista, os cerca de 120 jornalistas argentinos que cobrem o dia a dia da seleção se reuniram e cogitaram cancelar a coletiva, mas voltaram atrás por se tratar de ser um evento Fifa. Em seguida, concordaram em não fazer perguntas. O único que teve o microfone foi um jornalista da Fox Sports, que convocou o minuto de silêncio, com todos de pé na sala.

María Soledad Fernández, de 26 anos, estava de carona no carro de dois jornalistas argentinos(foto: Facebook/divulgação)
María Soledad Fernández, de 26 anos, estava de carona no carro de dois jornalistas argentinos (foto: Facebook/divulgação)
Durante a tarde, os jornalistas demonstraram grande comoção. “Todos ficaram muito abalados, pois conhecem o Titi de muitos Mundiais”, afirmou o repórter Elias Perugino, da revista El Gráfico. “Estamos todos hospedados no mesmo hotel em Belo Horizonte. Alguns jornalistas voltaram de carro de São Paulo, outros de avião. Foi muito triste quando recebemos a notícia pela manhã”, explicou. Ao longo do dia, vários jogadores prestaram condolência à família Fernández pelas redes sociais. Via Twitter, o defensor Martin Demichelis, um dos mais experientes do grupo, falou em nome de toda a equipe. “Meus pêsames. Estamos todos com você e com sua família. Me solidarizo por todo o plantel”, publicou Demichelis, fazendo referência a Titi Fernández. “Imensa dor pela morte da filha de Titi Fernández. Um abraço gigante a ele e a toda a sua família”, afirmou o atacante Lavezzi. “Meus pêsames a Titi Fernández e a toda sua família neste momento”, disse o volante Mascherano.

Jornais internacionais e jornalistas argentinos, chilenos e uruguaios também repercutiram a morte de Soledad. Entre os veículos que trataram do acidente, estão La Nacion, Clarín, Cadena 3, El Show de Manãna, TV Pública Canal e El Espectador. Em seu perfil no Twitter o jornalista uruguaio Alejandro Figueiredo lembrou a tragédia na vida de Titi Fernández: “Tremendo golpe na vida de Titi. Horas depois de Argentina e Suíça, morre sua filha em um acidente no Brasil.” 

CONSULADO Funcionários do Consulado da Argentina em Belo Horizonte foram até Oliveira para tratar dos trâmites de liberação do corpo de María Soledad. Por volta das 14h30, o pai de Sole, Titi Fernández, também chegou à cidade e foi até o necrotério fazer o reconhecimento do corpo. Bastante abatido, ele não quis falar com a imprensa. O corpo seguiu para Campo Belo para autópsia no Instituto Médico Legal (IML) e no início da noite voltou para a funerária de Oliveira. O traslado para Buenos Aires, ainda não tem data. Uma integrante do consulado informou que o cônsul-adjunto Mariano Guida faria os trâmites necessários para o embarque pelo aeroporto de Confins.


Um jornalista popular

O rosto rechonchudo, enfeitado com vasto bigode, faz de Miguel Ángel Fernández, de 63 anos, uma das figuras mais conhecidas da televisão argentina, presente de mesas redondas e reality shows a propagandas de geladeira. Repórter esportivo desde a década de 1970, com experiência de nove Copas do Mundo, Titi, como é conhecido, trabalha atualmente para a TV Pública e a Fox Sports, detentora dos direitos de transmissão do Mundial na Argentina. Por isso, sempre é o primeiro a conversar com os jogadores ainda no gramado, com o microfone da Fifa, como o fez segunda-feira ao entrevistar Ángel Di María, minutos depois de o atacante marcar o gol da vitória sobre a Suíça, por 1 a 0, em São Paulo, pelas oitavas de final.

“É um sujeito simples, sem aquela sisudez dos jornalistas conhecidos, sendo assim tão querido pelo público e por nós, jornalistas”, afirmou o argentino Vicente Panetta, da Associated Press, que debutou em Copas com o amigo, em 1978. “Só não estivemos juntos em 2002, pois foi a única em que ele não trabalhou.” A simplicidade ajudou Titi a ser popular fora do meio esportivo. Em 2007, venceu o reality show Cantando por um sonho. Antes, participou do programa de humor Casados com filhos, uma sitcom produzida pelo Canal Telefe.

“Ele é um cara popular, que sempre está na TV em programas de debate ou à beira do campo. Sempre é o primeiro a falar com os jogadores, por isso, os atletas ficaram tão comovidos”, disse Luís Ampuero, da agência Reuters. Titi passou pelas principais rádios e canais de TV da Argentina. Trabalhou no Canal 13, para empresas do Grupo Clarín e, desde 2010, quando o governo passou a ser detentor dos direitos de transmissão dos campeonatos locais, é o repórter do programa Futebol para Todos, da TV Pública e da Fox Sports. (RD)

Um Trecho crítico

O Km 619, trecho da Fernão Dias onde ocorreu o acidente que matou a jovem argentina María Soledad Fernández, registra uma morte por ano desde 2012. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, é uma reta, o que contribui para que motoristas ultrapassem o limite de 110km/h. O radar mais próximo está no 618 e registrou 7.060 infrações em maio, ocupando a quarta posição entre os 13 equipamentos em funcionamento no trecho mineiro da rodovia. Uma das medidas para tentar reduzir acidentes são os 13 novos radares, mas eles ainda não multam, por falta de assinatura de um convênio entre os órgãos de transporte.


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