A filha de 5 anos da motorista que morreu ao ter o ônibus esmagado pelo viaduto que caiu na Avenida Pedro I, em Belo Horizonte, também estava dentro do veículo no momento do acidente e foi encaminhada para o Hospital Risoleta Neves. A criança acompanhava a mãe, Hanna Cristina, de 26 anos, que dirigia o coletivo da linha suplementar S70 no momento em que a estrutura de concreto desabou. Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES), a menina deu entrada na unidade de saúde com um hematoma do lado esquerdo da cabeça, cefaleia e perda de consciência. Depois de passar por um exame de raio-x, ela permanece em observação na ala de pediatria, mas o estado de saúde é considerado estável.
Uma amiga de Hanna foi a primeira a chegar ao hospital para acompanhar a criança. Segundo Rozilene Edlourdes Canuto Silva, que também é motorista, a menina chegou ao pronto socorro em estado de choque e chegou a relatar para enfermeiros o que viu no momento do acidente. “Ela não sabe que a mãe morreu, mas disse ter visto a hora em que o viaduto caiu e atingiu a Hanna”, relata Rozilene. Segundo ela, a criança está aparentemente bem, apesar do hematoma na cabeça.
Companheira de profissão, Rozilene conta que Hanna era considerada uma excelente motorista, muito tranquila e atenta enquanto estava no trânsito. “Infelizmente, o que aconteceu estava fora do controle dela. Ainda assim, ela conseguiu frear ao perceber que o viaduto estava caindo para impedir que ele atingisse o meio do ônibus. Essa atitude pode ter salvado muita gente”, acredita.
Hanna Cristina fazia parte de uma família de motoristas e começou a conduzir o micro-ônibus para ajudar o pai, ex-perueiro que deixou de dirigir depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Sem horário para trabalhar, ela dividia a direção do coletivo com o irmão, afirma o presidente do Sindpautras, sindicato que reúne os permissionários autônomos do transporte suplementar e alternativo na capital e em Betim, Maurício dos Reis.
A moradora de Lagoa Santa, Cristilene Pereira Leme, vive momentos de angústia na Avenida Pedro I. A mulher acredita que o corpo que está dentro do Fiat Uno, placa GSZ-5394, embaixo do viaduto, seja do marido. Chorando muito, a mulher contou que esperava pelo homem. “Ele tinha combinado de me pegar por volta das 15h, pouco depois do viaduto. Ligo insistentemente para ele, mas não me atende”, comentou.
O documento do veículo está em nome de Charles Frederico Moreira do Nascimento. No carro, há uma caixa de isopor e alguns pertences que indicam, segundo o Corpo de Bombeiros, ser alguém vindo de um sítio. (Com informações de Bruno Freitas)
Infográfico mostra como foi o acidente