Mesmo depois de liberados ao trânsito ou em fase final de obras, cinco viadutos construídos na Avenida Pedro I, que integram o plano de mobilidade para a Copa do Mundo, passarão por novas vistorias, informou ontem o secretário municipal de Obras e che fe da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), José Lauro Nogueira Terror. A alça Norte do Viaduto Batalha dos Guararapes também será periciada. Esse braço do elevado se manteve erguido após a queda do outro lado da estrutura em formato de Y quinta-feira. Terror admitiu que ocorreu falha na fiscalização da obra: “Entendemos que sim, houve um erro”. Já o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de Minas Gerais (Ibape-MG), Frederico Lima, informou que um dos três pilares de sustentação da alça que desabou afundou seis metros. A estrutura caiu exatamente em cima desse pilar, que é sustentado por 10 estacas de concreto.
As vistorias no complexo da Pedro I são uma resposta à população, segundo o secretário: “A prefeitura, objetivamente, conduzirá exames adicionais, com base naqueles já executados, procurando garantir que exista, para a opinião pública, a satisfação merecida nessa questão”, afirmou.
Terror disse que houve falha na fiscalização e que a prefeitura compartilha a responsabilidade do acidente, sem adiantar possíveis causas do desmoronamento. “É uma questão de responsabilidade solidária, tem o concurso da prefeitura e da Sudecap, especialmente nos serviços de fiscalização, que são complexos”, disse.
Embora admita erro na fiscalização, o secretário disse que a prefeitura sempre manteve pessoal próprio ligado às obras. Essa informação, segundo ele, pode ser observada nos diários de obra, que são registros formais de todos os eventos ligados à construção. E reforçou que não faltaram funcionários “habilitados e competentes” para acompanhar o andamento. Mesmo assim, ele informou que será investigado em que circunstância ocorreram falhas.
O secretário negou que as escoras do viaduto tenham sido retiradas antes do prazo necessário. Garantiu que a remoção das estacas obedeceu à maturação do concreto e todos os quesitos de segurança, além de não poder ter sido feita à noite, com isolamento do tráfego, e em um só dia, por ser uma estrutura muito grande e que demanda semanas para ser retirada. “A prefeitura é obrigada a cumprir prazos de contratos de financiamento, com compromissos legais de uma licitação pública. Porém, em nenhum momento, nenhuma dessas questões se superpôs à segurança e aos bons princípios da engenharia”, disse.
PRESSA É ESCARTADA José Lauro Terror rebateu a avaliação de especialistas que apontam falhas estruturais na construção do viaduto, como afundamento dos pilares de sustentação. Ele disse que não houve pressa para entregar a obra e que todo o cronograma de aprovação do empreendimento, “principalmente considerando uma estrutura elevada e de grande peso, é muito detalhado”, referindo-se aos ensaios feitos desde as fases iniciais até ao testes para liberação do tráfego. “Nenhum exame, teste, ensaio técnico, nenhuma medida preventiva, verificação de elementos técnicos, de cálculo, de planilha, etc. deixou de ser feita em todas as obras”, garantiu.
A construção do viaduto que desabou não estava prevista para ser entregue antes da Copa e a inauguração estava marcada para agosto, segundo ele. O elevado, que intrega o sistema BRT/Move na Pedro I, deveria ter sido entregue em fevereiro de 2013, de acordo com a licitação da obra. Mas esbarrou nas desapropriações que precisariam ser feitas ao longo da via, algumas inclusive resolvidas por via judicial. A obra chegou a ser questionada pelo Tribunal de Contas do Estado por suspeita de superfaturamento de R$ 6 milhões. Mas, segundo Terror, as análises estão em curso e o município tomará todas as medidas de ordem técnica, procedimental e disciplinar para correção do que foi apontado.
Na Pedro I, o dia de ontem foi de análises e levantamento de informações que vão subsidiar as perícias técnicas sobre as causas do acidente. O local permanece interditado, à disposição da Defesa Civil Municipal e da Polícia Civil. Além destes órgãos, especialistas contratados pela prefeitura e peritos de outras entidades trabalham na identificação das causas do problema. Assim que o local for liberado, será feita a demolição, que será mecânica, com duração de 24 horas, e feita por máquinas que já estão no local, segundo o secretário.
A dois dias do jogo da Seleção Brasileira contra a Alemanha no Mineirão, o secretário afirmou que turistas que vierem a Belo Horizonte não vão encontrar problemas de segurança nem de trânsito, embora o tráfego esteja sendo desviado na Pedro I, o principal acesso entre o Mineirão e o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH.