Jornal Estado de Minas

Evitando o caos

Com interdição de acesso ao Mineirão pela Pedro I, PBH aposta em novas rotas

Reforço de transporte e feriado foram as medidas tomadas para evitar que bloqueio da Avenida Pedro I deixe trânsito caótico em dia de jogo do Brasil em BH

Junia Oliveira, Marcelo Fonseca e Guilherme Paranaiba

Congestionamento passou de quatro quilômetros na MG-010, logo no início da manhã, um transtorno que voltou a se repetir no rush do início da noite - Foto: FOTOS PAULO FILGUEIRAS/EM/D.A PRESS


Belo Horizonte enfrenta nesta terça-feira o desafio de driblar o caos no trânsito em uma das principais vias de acesso ao Mineirão, palco do jogo Brasil x Alemanha. A interdição da Avenida Pedro I, causada pelo desabamento de uma alça do Viaduto Batalha dos Guararapes, que matou duas pessoas na quinta-feira, exigiu táticas especiais para evitar transtornos. O comércio vai funcionar normalmente, mas haverá ponto facultativo nas repartições públicas estaduais e feriado municipal para amenizar a retenção do tráfego, além de rotas alternativas. A demolição da estrutura de concreto começou nessa segunda-feira, mas a incógnita da liberação do trânsito no local permanece. A prefeitura tem expectativa de liberar o trecho ao tráfego de veículos amanhã, mas fontes da Polícia Civil informam que a reabertura está condicionada a uma análise pericial.

Quem sai da Região Norte em direção ao Mineirão tem como opção as avenidas Cristiano Machado e Portugal. A BHTrans orienta ainda os torcedores de Venda Nova a usarem o metrô a partir da Estação Vilarinho até a Estação Minas Shopping e, de lá, o Terminal Copa até o estádio. Haverá ainda reforço nas linhas do Move (veja esquema especial de trânsito no caderno Copa).
Outra preocupação é o bate-volta de torcedores brasileiros e estrangeiros que virão a BH apenas para ver o jogo, irão direto do aeroporto de Confins para o Mineirão e embarcarão de volta logo depois da partida, mas podem ficar retidos no trânsito.

Ontem, sem todas as medidas paliativas em execução, o dia foi problemático desde as primeiras horas da manhã. Turistas que chegaram à capital à noite tiveram de ter muita paciência no trajeto entre Confins e o Centro de BH. A partir das 17h, na altura dos bairros Serra Verde e Minas Caixa, o trânsito na MG-010 ficou praticamente paralisado. Com a interdição da Pedro I, o tráfego ficou concentrado na Cristiano Machado e até as 19h30 os motoristas sofreram com o trânsito lento. Nos desvios organizados pela BHTrans próximos à Pedro I, as ruas também ficaram congestionadas até o início da noite, com pontos de ônibus lotados. Pela manhã, não foi diferente. Por volta das 6h, horário em que o trânsito ainda costuma fluir sem grandes retenções, já era grande o congestionamento em quatro vias da região.

Com a Pedro I fechada, a fila invadiu a MG-010 e também houve congestionamento na Cristiano Machado. A Rua Padre Pedro Pinto e a Avenida Vilarinho sofreram com o funil natural criado pelos desvios da Pedro I e o trânsito se arrastou nessas vias.

Na MG-010, a fila se formou a partir das 6h30 e o trânsito ficou bastante lento até as 10h. Segundo o cabo Valdinei Santos, do posto da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), o congestionamento chegou a quatro quilômetros, ultrapassando a Cidade Administrativa, no Bairro Serra Verde. “Normalmente, a retenção não passa de dois quilômetros. Hoje chegou a quatro por conta do viaduto que está bloqueando a Pedro I”, informou o militar.

A escolta da Seleção Alemã teve dificuldades para vencer o entroncamento na MG-010 das avenidas Cristiano Machado e Pedro I.
Foram cerca de cinco minutos no local até conseguir alcançar a Cristiano Machado e depois seguir pelo Anel Rodoviário para o Bairro Belvedere, Centro-Sul de BH.


Demolição acelerada

Quatro dias depois de desabar e causar a morte de duas pessoas, parte do Viaduto dos Guararapes começou a ser demolida na manhã de ontem. Às 7h30, já era intenso o movimento de máquinas pesadas em frente à alça que caiu. Com a autorização para a demolição parcial assinada pelo desembargador Adilson Lamounier, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a primeira martelada no concreto foi dada às 9h34. Pela manhã, dois rompedores hidráulicos foram usados no serviço, um de cada lado do viaduto. Eles foram auxiliados por um caminhão pipa, que jogou água no elevado para evitar a poeira e permitir o trabalho dos operários. À tarde, outro rompedor hidráulico foi usado no trabalho.

Caminhões e escavadeiras também foram usados para retirada dos entulhos, que serão levados para bota-fora licenciado posteriormente. Segundo acordo feito com a população do entorno, os trabalhos dos cerca de 110 funcionários da empresa Solum – contratada pela Cowan para a demolição – se restringem ao horário das 8h às 22h, ou seja, 14 horas diárias. Seundo a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), a estimativa para concluir a demolição é de 24 horas de trabalho. Sem imprevistos, a previsão da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) é que a Pedro I seja liberada para o tráfego amanhã.

“A princípio, o planejamento é para horas corridas (mas respeitado o horário das 8h às 22h). É uma previsão, mas a perícia está acompanhando e caso haja necessidade de recolher alguma prova, o trabalho vai parar”, informou o coordenador de Defesa Civil, coronel Alexandre Lucas.

Segundo ele, o serviço fica suspenso também caso seja detectada alguma movimentação da alça que permaneceu ou dos imóveis.

“A nossa prioridade é sempre a segurança, em segundo lugar produção da prova e em terceiro, remoção”, disse. Paralelamente à destruição do concreto, técnicos e funcionários da Comdec fazem análises do solo para verificar possíveis deslocamentos de terra no entorno. Uma estação total, equipamento de monitoramento topográfico, foi montada para atuar exclusivamente na alça norte do viaduto, que permanece de pé, e nos imóveis do entorno. A cada meia hora, a quebradeira é interrompida por cinco minutos para as medições.

A área no entorno do pilar que afundou seis metros, foco dos peritos que investigam as causas do acidente, foi fechada com tapumes e trancada com cadeado. Só a equipe da Polícia Civil tem acesso. “Sempre teremos um perito para acompanhar os trabalhos e garantir que está tudo correndo de forma a preservar o local delimitado para a perícia”, afirma o coronel Lucas.

Por segurança, houve necessidade de aumentar o perímetro de isolamento da área do Parque Lagoa do Nado e também aumentando a ponta virada para a Rua Álvaro Camargos. No parque, foi preciso proteger pedestres de possíveis pedradas. E do outro lado, houve a ampliação por conta de um possível escorregamento do viaduto.

“É uma operação de risco e delicada, por isso a amplitude do isolamento e a necessidade de fiscalização rigorosíssima de segurança de trabalho. A Defesa Civil está atenta à segurança de trabalho. Não pode ocorrer acidente nesta área”, afirmou Lucas, referindo à prevenção de desastres secundários.

 

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