Jornal Estado de Minas

Dia foi turbulento nos aeroportos de Confins e Pampulha

Saguão do aeroporto de Confins ficou lotado de passageiros que vieram para o jogo e foram embora atônitos com a derrota. Na Pampulha, movimento aumentou 60%

Celina Aquino Juliana Cipriani Gustavo Werneck

Na espera pelo embarque ou na chegada a Confins, passageiros pararam para acompanhar a partida - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Olhares perplexos, mão na boca em sinal de espanto e o amargo sabor da derrota descendo pela garganta. A vitória da Alemanha sobre o Brasil deixou atônitos os passageiros em trânsito ou que embarcaram, na noite de ontem, no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

“Foi uma decepção, uma vergonha nacional”, lamentou o gaúcho Gilmar Sossella, que estava no Mineirão desde o início da partida e decidiu sair quando o placar já estava 5 a 0 para o país europeu. “Inacreditável”, acrescentou a mulher Melania. Gilmar disse que sabia muito bem que a partida seria difícil, mas que não chegaria a esse ponto. Na opinião dele, será necessário uma reformulação na Seleção Brasileira “começando por cima”. Ele explicou que a Alemanha fez essa reforma na década passada e criou uma nova geração de jogadores de futebol. “Deu tão certo que o resultado está aí”, disse Gilmar.

Para o advogado norte-americano Robert Willoughby, que seguia com a mulher Helisângela para São Francisco, na Califórnia, o resultado do jogo foi decorrente da desestabilização do time brasileiro. Mineiro de Montes Claros, Marcos Damasceno Freire estava no voo procedente de Fortaleza quando o piloto falou do resultado de 7 a 1.

“Não acreditei. Agora vou viajar para a minha cidade muito chateado.”

Entre os passageiros que assistiam ao jogo no telão do aeroporto, um torcedor se destacava por estar com o boné da Alemanha. Era o arquiteto venezuelano Juan Pablo Gross, descendente de alemães. “Estou feliz e vou torcer ainda muito pela Alemanha.” Já o casal Isaías Martins e Maria de Lourdes Alcântara Pereira, de Governador Valadares, no Leste de Minas, não perde a esperança. Os dois estavam com uma camisa onde se liam os anos em que o Brasil foi campeão da Copa (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002). “Deixamos as reticências depois de 2002, pois nunca se sabe”, disse Isaías.

Com a camisa da Alemanha, os empresários Gunter Kuhstein, de 54, e Andreas Tragner, de 30, estavam felizes e surpresos com a goleada. “Achei que o placar fosse de no máximo 2 a 0 para a Alemanha; 7 a 1 eu nunca imaginei”, disse Gunter, que seguiu para Salvador (BA) e estará na final no Maracanã, no domingo.

MOVIMENTO De manhã e início da tarde, os aeroportos da Pampulha e de Confins foram de chegadas, partidas e muito movimento. Eram torcedores querendo chegar a Belo Horizonte para torcer. Desembarcavam e seguiam direto para o Mineirão. Na Pampulha, bem perto do estádio, aviões particulares de empresários, artistas e autoridades disputaram espaço para pousar. Nos corredores, passageiros e funcionários contaram ter visto até o presidente do país africano Gabão desembarcando. Segundo a Infraero, houve um aumento de 60% de voos executivos ontem. As empresas tiveram que recusar atendimentos de última hora.

“O Aeroporto da Pampulha já foi um dos 10 maiores do Brasil em movimentação de voos executivos”, comentou o supervisor da Infraero, Nerivaldo Gomes.
O órgão não informou a quantidade exata de aeronaves particulares recebidas, a maioria de origem estrangeira, mas estima-se que tenham sido mais de 100. Thiago Nacif Kasbergen é gerente de uma das empresas e disse que nunca viu tantas aeronaves particulares no aeroporto. Foram 27 de várias partes do Brasil ontem, incluindo seis helicópteros. Em dias normais, o número não passa de 15. Chamou a atenção a vinda de dois aviões da Inglaterra, uma delas o jato Falcon 7X, um dos maiores modelos de aviação executiva. Diante de tantos pedidos, alguns recusados, Thiago direcionou dois voos para o Aeroporto Carlos Prates.

Outra empresa teve que dispensar atendimento a 17 aeronaves. O hangar atingiu a capacidade máxima com voos programados desde anteontem, assim como ocorreu nos outros dias de jogos do Brasil em Belo Horizonte. No total, foram 33 pousos. “Isso é o que faturo em todo o mês”, comemorou o coordenador de operações Guilherme Rodrigues Abrantes.
Os aviões saíram lotados principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro, interior de Minas e Nordeste, e 70% deles retornaram ontem mesmo.

Em Confins, além dos voos internacionais, aviões chegavam do Rio de Janeiro, Guarulhos, Goiânia, Rio de Janeiro e Curitiba, entre outras origens, trazendo, em sua maioria, torcedores do Brasil. É o caso dos engenheiros Lívia Fuentes, de 29 anos, e Leonardo Furtado, de 31, que se tornaram verdadeiros nômades para acompanhar todos os jogos do Brasil na Copa. O casal de São Paulo já foi a Brasília, Fortaleza, Recife, Porto Alegre e Salvador. “Nós somos pés quentes, vamos trazer a Copa”, brincava Leonardo antes do jogo.

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