A luta pelos ingressos para os momentos finais da Copa do Mundo no Brasil desfilou ontem na orla da Lagoa da Pampulha. Enquanto brasileiros comemoravam a sorte de terem conseguido comprar entradas de última hora no site da Fifa, estrangeiros não escondiam a intenção de adquirir os tíquetes nas imediações do estádio e topavam pagar por cada ingresso nada menos do que R$ 7 mil. No site da Fifa, os ingressos postos à venda para a partida Brasil X Alemanha custavam R$ 1.350. Mas para conseguir comprar, era necessário acordar de madrugada e ficar monitorando o site.
Foi o que fez o administrador de empresas Daniel Ramos, 30 anos, que veio de São Paulo com a namorada e com amigos para ver o duelo perdido pelo Brasil. “Consegui dois ingressos ontem (anteontem) pela manhã. Acordei às 5h e quarenta minutos depois já tinha comprado. Agora vamos tentar conseguir bilhetes para a final”, disse. O engenheiro paulista Renato Nunes, 33 anos, amigo de Ramos, conseguiu nada menos do que 23 ingressos e para isso gastou cerca de R$ 13 mil. “Já vim a BH ver Chile e Brasil, assisti Argentina e Suíça no Itaquerão e agora voltei a BH”, explica. Para isso, ele vem acordando todos os dias às 5h. “Comprei para a família toda, mas o pessoal vai ter que pagar, senão dói muito no bolso”, disse.
Cantoria Por outro lado, entre os brasileiros parecia até que o confronto não era contra os alemães. No caminho para o Mineirão, o que se ouvia eram os cantos contra a Argentina. “Mil gols, mil gols…”, cantavam os patrícios. Enquanto isso, os alemães seguiam confiantes na vitória. Sem Neymar e sem Thiago Silva, a seleção Canarinho não assustava os torcedores germanos. “Vai ser de 3 a 1 para a Alemanhã. Sem Neymar e Thiago Silva vai ficar muito difícil para o Brasil”, dizia o instrutor alemão de Crossfit Renke Clasen, que mora em Hamburgo e veio para o Brasil com outros 11 amigos.
Enquanto isso...
...Tudo para ter só um aceno
“Ô Felipão, libera a seleção. Ô Felipão, libera a seleção”, cantava a torcida ansiosa para ver os craques da Seleção Brasileira que estavam hospedados em um hotel da Região Nordeste de Belo Horizonte. Desde o início da manhã de ontem, muitos torcedores se aglomeravam para ver algum dos ídolos. Vestidos com a camisa amarela, pintados com as cores da bandeira ou com algum mimo para ser entregue aos atletas, aquele momento era, para muitos que estavam ali, o mais próximo que eles chegariam da Seleção Canarinho. Sem ingresso para acompanhar a partida no Mineirão, a operadora de telemarketing, Bruna Kellen, de 29 anos, levou os dois filhos para ver de perto os ídolos. Moradora do Bairro Jaqueline, na Região Norte de BH, Bruna acordou cedo e atendeu o pedido de Leonardo, de 5, e de Luan, de 3, que convenceram a mãe a ir para a porta do hotel. . “Era muita confusão, mas para ver a Seleção vale a pena”, afirmou. Logo que o ônibus deixou o hotel, ela correu para casa para assistir pela TV a partida.