A derrota humilhante já bastaria a torcedores brasileiros que foram acompanhar Brasil x Alemanha. Mas quem sofreu com casos de furto, roubo ou perda de ingressos, como o do paulista Luciano Castro, 39, que veio a Belo Horizonte assistir à semifinal, não foi atendido durante a partida graças a uma manobra judicial da Fifa. A federação internacional de futebol obteve recurso contra a ação civil movida pela Defensoria Pública de Minas Gerais e só reimprimiu os bilhetes até o horário de abertura dos portões do Mineirão, às 14h.
A decisão foi obtida no Tribunal de Justiça de Minas Gerais na noite de segunda-feira e até o momento do jogo não havia sido informada oficialmente à Defensoria. Procurada, a assessoria de imprensa do TJMG não retornou aos telefonemas da reportagem para explicar o teor do recurso.
A ação que garantia a segunda via de ingressos do Mundial’2014 em caso de furto, roubo, dano e extravio, mediante registro de boletim de ocorrência, havia sido deferida pela 31ª Vara Cível da capital na sexta-feira. Não sendo possível a reimpressão em tempo hábil durante a partida, a Fifa deveria assegurar a entrada do torcedor nas mesmas condições da entrada adquirida. Cartazes afixados no Centro de Ingressos do estádio com a informação de que os bilhetes não seriam reimpressos deveriam ser retirados e, em cada caso de descumprimento, a entidade poderia ser multada em R$ 10 mil.
Um dos que foram barrados foi Luciano Castro. O engenheiro paulista tem família na capital e aproveitaria a chance para assistir à semifinal. No caminho para o estádio, disse ter perdido o ingresso dentro do BRT/Move. Luciano não soube explicar se o perdeu ou se foi furtado. “No famoso empurra-empurra, perdi o ingresso e o documento que estavam no meu bolso. Acho um absurdo não ter a reimpressão”, reclamou o engenheiro, antes de tentar bloquear o bilhete. Um casal de alemães auxiliado por um voluntário também permaneceu por 15 minutos no local, mas não conseguiu novas entradas.
ABERTURA A Fifa declarou, via assessoria de imprensa, que a decisão prevê a reimpressão até a abertura dos portões do estádio e foi respeitada em Belo Horizonte e Fortaleza, onde a Justiça local também determinou o atendimento. A Defensoria Pública, por sua vez, alegou que não houve restrição de horário na decisão em primeira instância, confirmando a decisão do TJMG. Na semana passada, a Fifa se comprometeu a devolver R$ 270 a um norte-americano que teve o tíquete furtado e não conseguiu acompanhar o duelo entre Alemanha e Gana, em 21 de junho, no Castelão.