O clima de comoção e saudade perdurou na missa de sétimo dia da motorista Hanna Cristina dos Santos, de 26 anos, que conduzia o micro-ônibus atingido pela alça do Viaduto dos Guararapes que desabou na última quinta-feira na Avenida Pedro I. Na tragédia, Charlys Frederico Moreira do Nascimento, que estava em outro carro, também morreu. Antes de entrar na igreja, na noite desta quarta-feira, familiares e amigos de Santos valorizaram o ato heroico da condutora de ter freado antes da estrutura. A esposa do prefeito Marcio Lacerda (PSB) fez uma visita de solidariedade aos parentes.
Veja imagens da homenagem
Os primeiros familiares de Hanna começaram a chegar na Paróquia Nossa Senhora de Misericórdia, no Bairro Itapoã, na Região da Pampulha, por volta das 18h50. A maioria usava uma camisa branca com a imagem da motorista e com a frase. “Hanna nossa heroína guerreira. Saudades eternas”. Muito emocionada, a mãe da mulher afirmou que a morte da filha tem que servir de alerta. “Não tem como voltar atrás e trazer minha filha de volta. Isso (queda do viaduto) é um alerta para as autoridades. Que isso não aconteça mais”, disse Analina Soares Santos.
A missa durou aproximadamente uma hora. Alguns familiares leram mensagens emocionantes sobre a motorista. “Vou dizer as mesmas palavras que eu disse para minha filha quando ela tinha 15 anos. Deus te abençoe. Que a luz divina te ilumine para sempre”, disse emocionado José Antônio dos Santos, de 61 anos, pai de Hanna.
A irmã dela, Priscila Carla dos Santos, de 30, afirmou que a família ficou mais unida depois do ocorrido e também prestou homenagens a mulher. “Minha irmã lutou muito para ser motorista, que era o sonho dela. Era uma jovem cheia de planos. Que trabalhava para dar conforto a filha. Morreu fazendo o que gostava”, afirmou.
Os familiares valorizaram o ato heroico da motorista. Passageiros que estavam no coletivo disseram que ela freou ao ver o viaduto caindo e conseguiu desviar alguns centímetros. A atitude salvou a vida de dezenas de pessoas que estavam no veículo. Além disso, ela conseguiu alertar a filha de 5 anos que estava no carro no momento do desabamento.
Os parentes informaram que a esposa do prefeito Marcio Lacerda, Regina Lacerda, esteve na casa deles em visita de solidariedade. A informação foi confirmada pela a assessoria de imprensa da Prefeitura de Belo Horizonte.
Protesto
Depois da missa, os familiares e amigos saíram em uma passeata da Igreja até o local da tragédia, na Avenida Pedro I. Com faixas, cartazes, balões brancos e velas, o grupo fez uma procissão para pedir Justiça pela tragédia. Durante o trajeto, todos caminharam em silêncio. O grupo não teve acesso a área do desabamento e ficou no perímentro de segurança, a 100 metros do ponto do desabamento. Emocionados, os parentes cantaram músicas e gritaram palavras de ordem. No, eles deixaram velas cesas e cartazes em homenagem à vítima. o ato foi acompanhado por 20 policiais militares e aconteceu de forma pacífica.
Reunião
Uma reunião entre a Polícia Civil, Defesa Civil, Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e representantes da Cowan, responsável pela obra do viaduto que caiu na Avenida Pedro I, vai definir como será feita a demolição do elevado. Essa parte está dentro da área de segurança pedida por peritos no entorno do pilar central da estrutura e próximo ao conjunto habitacional Residêncial Antares. A retirada dos moradores dos imóveis não foi descartada. O encontro vai acontecer nesta quinta-feira às 17h. Os técnicos também fizeram uma vistoria nesta quarta-feira na alça que ainda continua de pé e em edificações próximas ao local. Nenhuma movimentação ou risco de desabamento foi constado.