Jornal Estado de Minas

Alemães que estão em BH se preparam para assistir à final da Copa

Torcedores alemães agradecem a hospitalidade dos mineiros. Teve até aplausos na Praça da Liberdade

Jorge Macedo - especial para o EM
Guilherme Paranaiba e Gustavo Werneck

Já com o ingresso da final nas mãos, Hubert Shumacher foi aplaudido por crianças na Praça da Liberdade. Till Hufnagel aproveitou o dia para conhecer o Edifício Niemeyer e não conseguia disfarçar a felicidade - Foto: Euler Junior/EM DA Press



Os 7 a 1 aplicados pela Alemanha no Brasil permitiriam que qualquer torcedor germânico assumisse um ar de superioridade e provocação. Porém, nas ruas de Belo Horizonte o que se viu ontem foi o oposto. Apesar de toda a felicidade pela goleada, os alemães não se preocuparam em provocar, mas sim em elogiar a hospitalidade dos moradores de BH.

Era difícil acreditar, mas três alemães carregavam uma bandeira do Brasil, na tarde de ontem, num bar da Savassi. Os amigos Peter Biermann, Walter Mross e Dieter Goebbels se diziam felizes “sete vezes” pela vitória contra o Brasil e muito satisfeitos pela hospitalidade que encontraram em Belo Horizonte. Para relaxar do jogo tão emocionante, o trio decidiu ficar mais um dia na capital. Em outra mesa, o professor de alemão Ingo Umstaetter e Dietmar Umstaetter conversavam com brasileiros e procuravam desesperadamente por dois ingressos para a final no Maracanã, domingo, no Rio de Janeiro.



Criativos, Ingo e Dietmar resolveram pregar com alfinetes nas costas de cada um cartazes sobre a procura de ingressos. “Estão muito caros”, disse Ingo, que mora há dois anos em São Paulo.
“Decidimos ficar mais um dia em Belo Horizonte para descansar e passear na Savassi. Os belo-horizontinos se mostraram muito legais, depois do jogo teve gente que até nos cumprimentou no Mineirão. Isso foi fantástico, difícil encontrar uma cidade em que a gente possa celebrar a vitória com tranquilidade”, disse Ingo.

Ao passear pela Praça da Liberdade, o alemão Hubert Shumacher, de 60 anos, não conseguia conter a felicidade. “Foi fantástico, inesquecível. O melhor jogo da Alemanha nos últimos 10 anos”, disse, orgulhoso de ter ido ao Mineirão. Enquanto conversava com a reportagem, Hubert era observado de perto por um grupo de crianças da Escola Municipal José Ouvídio Guerra, em Contagem, na Grande BH, e foi aplaudido pelos alunos. Com o ingresso da final da Copa nas mãos, ele se despediu de BH e conta com a torcida dos brasileiros para levar o caneco. “Espero que eles estejam do nosso lado, pois é um povo muito amigável”, completa.

Sorriso no rosto

Sem dar muitos indícios de ser turista, o alemão Till Hufnagel, de 39, se escondia atrás dos óculos escuros e um fone de ouvido. Ao ouvir a pergunta se era germânico, abriu um largo sorriso. “Meu avô esteve na final da Copa de 1954, na Suíça, quando a Alemanha ganhou seu primeiro título. Agora, também vou passar pela mesma experiência”, disse. Sobre a decepção da torcida brasileira no Mineirão, ele conta que já viveu um drama parecido, porém, sem tamanha diferença no placar. “Em 2006, quando jogávamos a Copa em casa, eu estava no estádio e vi a derrota para a Itália.

Ontem (terça-feira) foi tão rápido que acho que as pessoas acabaram aceitando o resultado”, diz ele.

Como ele chegou a BH no dia da semifinal, não foi possível conhecer bem a capital mineira “Tive a oportunidade de caminhar por cerca de uma hora e me pareceu ter as mesmas características das grandes cidades. Antes de ir ao Rio de Janeiro ainda vou passar por Ouro Preto”, completa. O repórter esportivo Henning Feindt, de 32, que veio ao Brasil cobrir a Copa do Mundo para o jornal alemão Bild, destacou a atitude da torcida brasileira durante o jogo. “O melhor momento foi o sétimo gol, quando os brasileiros aplaudiram a Alemanha. Não esperávamos um placar como esse.” Henning foi o único que arriscou uma brincadeira. Com as mãos, reproduziu o número sete em frente ao Edifício Niemeyer, na Praça da Liberdade. “Ouvi falar desse prédio e quis muito conferir de perto. Achei o estilo da construção muito bacana.”

 

Enquanto isso...
… Torre de Babel continua

Mesmo sem jogos no Mineirão, Belo Horizonte ainda mantém ares de torre de Babel, com gringos circulando pela Savassi, Região Centro-Sul da capital, pontos turísticos e shoppings. Na tarde de ontem, europeus e latino-americanos bebiam nos bares, percorriam lojas, visitavam parques ou simplesmente admiravam as paisagens.
O holandês Hans van der Hoop levou a mãe, Toos, e a sobrinha Josje, fotógrafa, para fazer uma caminhada. “Sou frequentador da Savassi e gosto muito de vir aqui. Vou levar minha mãe e Josje para visitar Ouro Preto”, disse. Em outra mesa, o casal de finlandeses Toni Tuira, de 34, e Marjut Kukkonen, de 35, aproveitavam a tarde. “Fiquei triste com a derrota do Brasil e não vou torcer para ninguém na final”, disse. O Parque das Mangabeiras também foi procurado por estrangeiros ontem. O local foi a única parada fora do Mineirão do trio de suíços Walter Wirth, de 55, Raymond Treiel, de 62, e Silvio von Bürer, de 60, que esteve no estádio para a semifinal. “Acho que a Seleção não estava em um bom dia. De qualquer forma, gostei muito do clima ameno da cidade para o inverno e também da limpeza das ruas”, disse. Ainda no parque, os amigos Nicholas Weiand, de 21, que veio da Austrália, e a canadense Monika Tesiorowski, de 20, elogiaram. “Gostamos muito de ver os protestos contra aqueles que vaiavam o time mostrando que o Brasil tem que ser apoiado”, disse Nicholas.

 

.