Minas Gerais tem duas datas importantes para reverenciar sua história, destacar os primeiros povoados e lembrar personagens que, ao longo dos séculos, ergueram os pilares da civilização. Como o estado tem nome e sobrenome, as homenagens ficaram divididas depois de alguns anos de polêmica. Na próxima quarta-feira, será celebrado em Mariana, na Região Central, o tradicional Dia do Estado de Minas Gerais, mais conhecido como Dia de Minas, com a transferência simbólica da capital, missa solene, entrega de comendas e toque de sino nas igrejas barrocas (veja a programação). Já em 8 de dezembro, como ocorre desde 2011, será a vez de Matias Cardoso, na Região Norte, receber as mesmas honrarias e celebrar o Dia das Gerais.
Conforme pesquisas, Mariana e Matias Cardoso resultam dos primeiros núcleos populacionais mineiros surgidos em meados do século 17 – o primeiro fundado por bandeirantes paulistas e o segundo, por desbravadores que subiram o Rio São Francisco provenientes da Bahia. Batizada em honra à rainha Maria Ana D’Áustria, mulher do então rei de Portugal dom João V, Mariana começou sua trajetória em 16 de Julho de 1696 – daí o Dia de Minas ser sempre nesta data, também dedicada a Nossa Senhora do Carmo –, quando o bandeirante Salvador Furtado de Mendonça, em busca de ouro, chegou às margens do Ribeirão do Carmo e fundou o Arraial do Ribeirão do Carmo.
Segundo o professor de direito e estudioso da história local Israel Quirino, Mariana se tornou a primeira “vila do ouro” de Minas em 8 de abril de 1711, recebendo o nome de Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque. Ainda nesse ano, acrescenta, “houve aqui a primeira eleição de uma Câmara Municipal. Assim, a cidade é considerada a mãe de Minas Gerais, base de uma política organizada na capitania”.
Para se tornar cidade e diocese pioneiras da Minas colonial, passaram-se 34 anos.
INICIATIVAS A criação do Dia de Minas obedeceu duas determinações. De acordo com informações da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a criação se deu com a Lei 7.561/1979, de autoria do deputado estadual Domingos Lanna, que se refere também à transferência simbólica da capital para Mariana. A instituição da data ocorreu em 19 de outubro daquele ano, a partir da sanção pelo então governador Francelino Pereira. Em 1997, houve a emenda de número 22 à Constituição Mineira, obra do parlamentar Sebastião Navarro.
As iniciativas em Mariana começaram bem antes da promulgação da lei, mais exatamente em 1977, durante a sessão alusiva ao 281º aniversário da cidade. Na época, o professor Roque Camêllo, integrante da Academia Marianense de Letras, Ciências e Artes, lançou a ideia de instituir o 16 de Julho, aniversário da cidade, como data cívica estadual. O projeto recebeu o apoio do então presidente da casa, historiador Waldemar de Moura Santos, acadêmicos, autoridades municipais e comunidade. Na sequência, a proposta foi entregue ao governo estadual e à Assembleia Legislativa.
RIO SÃO FRANCISCO Distante 685 quilômetros de Belo Horizonte e última cidade da margem direita do Velho Chico, antes da divisa com a Bahia, Matias Cardoso tem seus primórdios em meados do século 17, sendo que a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi construída em 1664.
“O bandeirante paulista Matias Cardoso de Almeida e seu pai, Januário, chegaram à região provenientes da Bahia, ao subirem o Rio São Francisco. Mais tarde, o primitivo povoado se tornou um grande polo comercial e de abastecimento da colônia”, afirma Luiz Mário. A emancipação do município de Manga ocorreu em 27 de abril de 1992 e, na década passada, surgiu um movimento para dar ao município o lugar que merece no panorama estadual. Dessa forma, em 2011, foi criado o Dia das Gerais por meio da Emenda Constitucional 89 e iniciativa do deputado estadual Paulo Guedes. A data escolhida foi 8 de dezembro, quando se comemora o Dia da Padroeira Nossa Senhora da Conceição.
PROGRAMAÇÃO
DIA DE MINAS
Quarta-feira, em Mariana
9h - Missa solene na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, celebrada pelo arcebispo metropolitano de Mariana dom Geraldo Lyrio Rocha
10h10 - Sineirata –durante 10 minutos, haverá toque de sinos nas igrejas de Mariana
11h - Início da cerimônia comemorativa do Dia de Minas, com assinatura do ato de transferência simbólica da capital do estado para Mariana, entrega de medalhas e pronunciamentos. Presença do governador de Minas Alberto
Pinto Coelho
Nossa história
LINHA DO TEMPO
1664 – Igreja de Nossa Senhora da Conceição é erguida em Matias Cardoso, na Região Norte. Em meados do século 17, vindos da Bahia, chegam à região o bandeirante Matias Cardoso de Almeida e seu pai, Januário
1696 – Em 16 de julho, o bandeirante Salvador Fernandes Furtado chega às margens do Ribeirão do Carmo e funda o Arraial do Ribeirão do Carmo, que deu origem a Mariana, na Região Central
1711 – Em 8 de abril, é criada a Leal Vila de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque, futura cidade de Mariana. Trata-se a primeira “vila do ouro” de Minas
1745 – Com a chegada do bispo dom Frei Manuel da Cruz, vindo do Maranhão, a primeira vila de Minas se torna cidade e também primeira diocese
1977 – Surge em Mariana a ideia da criação do Dia do Estado de Minas Gerais
1979 – Em 19 de outubro, governador Francelino Pereira sanciona Lei 7561, que institui 16 de julho como Dia de Minas. Em 1997, é feita emenda de número 22 à Constituição Mineira sobre a comemoração
2011 – Criado pela emenda constitucional 89 o Dia das Gerais, com a transferência simbólica da capital de Minas para Matias Cardoso em 8 de dezembro.