Cidade aberta para o mundo, reconhecida pela hospitalidade e dona de um tempero que fica na memória. Belo Horizonte ganhou elogios dos estrangeiros que vieram torcer pelas suas seleções na Copa. Satisfeito com a chegada da Grécia às oitavas de final, fato inédito na história da Seleção Helênica, o controlador de voo do aeroporto de Atenas Georgios Terzis, de 54 anos, gostou tanto de BH que pretende, nas próximas férias, trazer a mulher e os quatro filhos. Hospedado na casa do irmão Konstantinos Nikolaos, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, ele conheceu Ouro Preto e Inhotim, em Brumadinho, na região metropolitana. Bem-humorado e enrolado na bandeira do seu país, Georgios contou que, atualmente, os gregos não quebram mais pratos em momentos de euforia, aposentando a tradição. “A situação econômica por lá anda tão difícil, que não dá mais para fazer isso”, brincou.
A comida cativou os gringos e não houve quem deixasse de elogiar o pão de queijo no café da manhã, tropeiro no almoço, fígado com jiló na chapa no meio da tarde e petiscos para acompanhar a cerveja gelada nos bares à noite. Declarando-se bom de cozinha, o italiano Donato Rosario Di Iorio, de 25, se fartou de churrasco com farofa, mas dispensou o vinagrete. No bate-papo com amigos à mesa de um restaurante no quarteirão fechado da Rua Pernambuco, o jovem revelou outra paixão: o açaí – “mas não o suco, a frutinha mesmo”. Quem também elogiou a culinária foi o engenheiro iraniano Farshid Jamali, que apreciou feijoada e considerou a cidade “segura, pacífica e amiga”.
Acostumados a longos e cinzentos períodos de inverno, os europeus se disseram encantados com a atual estação em BH. “O inverno de Minas tem céu azul”, observou o inglês Craig Whittle, morador de Liverpool, terra dos Beatles. “Estou me sentindo bem tranquilo nesta cidade. Há polícia por todo canto”, comentou Craig, que pretende voltar outras vezes. Com o rosto pintado de vermelho e branco, remetendo às duas cruzes da sua bandeira, o suíço Andreas Meier, de 28, residente em Zurique, também adorou a temperatura de BH – “bem melhor do que a de São Paulo e do Rio de Janeiro”.
A fotógrafa holandesa Josje van der Hoop, de 27, circulou pela cidade com a camisa na cor “laranja mecânica” e também gostou do clima “agradável”. Na companhia do tio Hans e da avó Toos, a fotógrafa provou dos sabores da terra e visitou Ouro Preto, um prato cheio para quem trabalha com luz e imagens.
Num ponto mais tranquilo da Savassi, o finlandês Toni Tuira, residente em Helsinque, se surpreendeu ao saber o significado, em inglês, de Belo Horizonte. “Visitei a igreja da Pampulha”, disse, ao lado da namorada, Marjut Kukkonem. Coração de torcedor está sempre a mil e o belga François Jacob era a prova desse princípio básico das arquibancadas. Foi ao Mineirão com amigos ver a vitória de sua Seleção sobre a Argélia por 2 a 1 e revelou que roda o planeta para ver o time. Já na chegada, no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, a turma de François entoou gritos de guerra – Go Red Devils! (Vamos, Diabos Vermelhos!) – e bebeu centenas de tulipas de chope.
Para não perder nada da festa, o estudante alemão de engenharia mecânica Christian Koehler aprendeu português em seu país e se disse impressionado com a hospitalidade mineira. Já o médico costarriquenho Hernando González fez questão de levar os filhos Andrés, de 19, e Javier, de 16, aos pontos turísticos e cidades de relevância histórica. “Em Mariana, entramos na Mina da Passagem e foi excelente”, disse Hernando. O francês Sebastien Bray resumiu bem a acolhida em BH: “É muito bom chegar a uma cidade e ouvir que você é bem-vindo”.
CAMINHOS CRUZADOS Vitórias, derrotas, descobertas e planos. O argentino Sérgio Madero, de Buenos Aires, ficou hospedado na casa de amigos belo-horizontinos e pretende passar um tempo no litoral brasileiro. “Encanta-me a solidariedade dos mineiros”, afirmou. (Colaboraram Júnia Oliveira, Ana Clara Brant, Paula Carolina, Isabela Souto e Carolina Braga)
Redescobrindo BH - por Benny Cohen