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Estado de Minas

Garçom acusado de integrar o bando da degola é condenado a 30 anos de prisão

O julgamento de Adrian Gabriel Grigorcea aconteceu nesta segunda-feira no 2º Tribunal do Júri. O réu foi absolvido pelos crimes de extorsão e ocultação de cadáver


postado em 14/07/2014 16:36 / atualizado em 14/07/2014 17:31

Adrian Gabriel Grigorcea foi quem apresentou um dos empresários ao líder do Bando da Degola(foto: Reprodução/TV Alterosa)
Adrian Gabriel Grigorcea foi quem apresentou um dos empresários ao líder do Bando da Degola (foto: Reprodução/TV Alterosa)

Mais um integrante do Bando da Degola, grupo que ficou conhecido por extorquir e assassinar, com requintes de crueldade, dois empresários em abril de 2010, no Bairro Sion, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, foi condenado. O garçom norte-americano Adrian Gabriel Grigorcea pegou 30 anos de prisão. Ele foi sentenciado por homicídio qualificado e formação quadrilha.

O juiz Glauco Soares, que coordenou os trabalhos, determinou a pena de 14 anos de reclusão para cada um dos crimes de homicídio qualificado. Por formação de quadrilha, o réu foi sentenciado a 2 anos. O conselho de sentença absolveu o garçom pelos crimes de extorsão e ocultação de cadáver.

Fabiano Ferreira Moura, 36 anos, e Rayder Santos Rodrigues, de 39 foram mortos dentro do apartamento e, para dificultar a identificação, o grupo decapitou e retirou os dedos das vítimas. Os membros foram enrolados em lonas plásticas e queimados numa estrada de terra em Nova Lima, Região Metropolitana de Belo Horizonte. As cabeças e os dedos nunca foram encontrados.

Três envolvidos nos crimes brutais já foram condenados. O ex-estudante de direito Frederico Flores, apontado como líder do grupo, está condenado a 39 anos de prisão por de homicídio, ocultação de cadáver, extorsão, formação de quadrilha, sequestro e cárcere privado. O ex-estudante, Arlindo Soares Lobo, foi sentenciado a 44 anos de reclusão e o ex-policial, Renato Mozer, condenado a 59 anos.

Ex-cabo da PM, que seria julgado hoje, só vai sentar nos bancos dos réus em janeiro(foto: Reprodução/TV Alterosa)
Ex-cabo da PM, que seria julgado hoje, só vai sentar nos bancos dos réus em janeiro (foto: Reprodução/TV Alterosa)
O júri

O garçom seria julgado junto com o ex-cabo da Polícia Militar, André Luiz Bartolomeu, envolvido no mesmo crime. Porém, o juiz iniciou a sessão dizendo que o processo seria mais uma vez o desmembrado. O pedido foi feito pelo advogado do ex-policial que alegou pouco tempo para se preparar para o júri. O magistrado Glauco Soares Fernandes marcou o julgamento de Bartolomeu para 29 de janeiro de 2015.

Depois do pedido da defesa do ex-pm, o juiz deu início ao júri. O conselho de sentença foi sorteado e foi formado por cinco mulheres e dois homens. Todas as testemunhas foram dispensadas pela defesa e acusação.

Réu diz que foi ameaçado por Frederico Flores

Em depoimento, que durou aproximadamente duas horas, o garçom insistiu em dizer que foi obrigado por Frederico Flores, apontado como o líder do grupo e que já foi condenado pelo crime, a participar dos homicídios de Fabiano Ferreira Moura, 36 anos, e Rayder Santos Rodrigues, de 39. Quando questionado pela promotoria, confessou a participação na trama macabra, mas afirmou que foi forçado pelo líder da quadrilha.

O réu Adrian Grigorcea era sogro de Rayder e o atraiu ao apartamento, onde o empresário foi morto. Disse que fez isso sob ameaça de Flores, que cogitou estuprar a filha do garçom caso não obedecesse às ordens. O acusado relatou que viu os assassinatos, porém não participou das execuções. Ele tenta se livrar dos crimes de ocultação de cadáver e formação de quadrilha, dizendo que foi obrigado a todo momento por Flores. Negou que tenha participado de qualquer reunião com os outros integrantes do bando para planejar a ação criminosa.

Grigorcea ainda deu detalhes, que já constam no processo, sobre o que aconteceu no apartamento. Contou na sessão do júri que as vítimas ficaram amarradas, aparentemente dopadas e sob a vigília dos policiais envolvidos no crime. O garçom apontou um dos militares como executor de Fabiano, morto supostamente por sufocamento em um banheiro. O réu também relatou que viu Flores esfaquear Rayder na sala do imóvel.

Conforme o acusado, Flores dançou sobre os corpos comemorando o crime. Logo depois, os militares cortaram as cabeças e dedos dos empresários. Grigorcea ajudou a guardar as partes em lonas, mas não saiu do apartamento para levar os corpos. No dia seguinte, Flores obrigou todos os envolvidos a limpar a sujeira no apartamento. De acordo com Grigorcea, quando pôde sair do imóvel contou tudo para a esposa e filhas. Também foi à polícia comunicar o crime, mas acabou preso naquele mesmo dia por participação.


Em depoimento, o garçom afirmou que era ameaçado por Frederico Flores(foto: Reprodução/TV Alterosa)
Em depoimento, o garçom afirmou que era ameaçado por Frederico Flores (foto: Reprodução/TV Alterosa)


Debates


O representante do Ministério Público, promotor Francisco de Assis Santiago, foi quem iniciou os debates. Durante aproximadamente uma hora e 15 minutos, ele afirmou que a participação de Adrian foi a mais importante para que o crime ocorresse, pois foi ele quem apresentou uma das vítimas a Frederico Flores. O réu e o líder do bando se conheceram no restaurante onde o garçom trabalhava.

O promotor salientou que Adrian sabia dos negócios ilegais de Rider, que era amante de sua filha, e contou para Frederico. Os trabalhos ilícitos foram as causas do motivo da extorsão, conforme Santiago. O magistrado enfatizou que o acusado participou ativamento do crime em vários momentos.

Conforme o promotor, Rider, um dos empresários, foi espontaneamente ao local do crime em confiança ao convite de Adrian. Por fim, Francisco Santiago reconheceu que o garçom não participou do crime de ocultação de cadáver e pediu a condenação pelos crimes de homicídio qualificado, sequestro e cárcere privado, extorsão e formação de quadrilha.

Em seguida, foi a vez do advogado Hudson de Oliveira Cambraia, que defende o réu, fazer as explanações. O defensor afirmou que Adrian se sentia ameaçado por Frederico Flores, que usava policiais militares como seguranças. Ele disse que o garçom não tinha liberdade no apartamento onde aconteceu os assassinatos, mesmo sem estar algemado. Conforme Cambraia, o réu estava “mentalmente aprisionado”.

O advogado falou que não estava caracterizado o crime de formação de quadrilha, pois Adrian também era vítima da coação de Frederico e dos policiais.


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