Jornal Estado de Minas

Onze dias depois da tragédia, queda de alça na Pedro I intriga os peritos

Peritos da Polícia Civil aguardam o resultado das análises de solo, e consideram o método de fundação empregado na obra um dos mais seguros

Mateus Parreiras
Enquanto terminam de sondar o terreno onde o pilar do Viaduto Batalha dos Guararapes afundou cerca de seis metros na Avenida Dom Pedro I e aguardam o resultado das análises de solo, peritos da Polícia Civil que investigam as causas do desabamento estão intrigados por considerar que o método de construção de fundações empregado é um dos mais seguros.
Isso porque a forma de trabalho envolve escavação do terreno, o que dá uma segunda oportunidade de avaliação do local onde serão ancoradas as estacas, além da sondagem feita na elaboração do projeto executivo que concebeu o viaduto. A informação é de pessoas envolvidas com a perícia técnica, mas que não têm autorização oficial para dar declarações. No dia 3, a alça sul do viaduto, que ligava a Avenida General Olímpio Mourão Filho à Rua Doutor Álvaro Camargos, sobre a Pedro I, desabou e matou duas pessoas.

Para se sustentar sobre um solo de estabilidade intermediária, de silte argiloso, o viaduto teve suas estacas construídas dentro de buracos tubulares escavados no solo e moldadas em concreto armado. Segundo a fonte ligada à perícia técnica, a vantagem desse método é justamente poder colher amostras e ver a situação do solo enquanto se molda a estrutura. Isso torna menos provável, por exemplo, que o viaduto tenha ruído devido a uma ancoragem em local errado, sem solidez, ou que tenha havido problemas no solo, a não ser que a execução do trabalho, os cálculos usados e o material construtivo fossem os errados.

Segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (Ibape), Frederico Correia Lima Coelho, além das análises de solo feitas sobre as amostras que estão sendo colhidas pelos peritos, os investigadores aguardam a demolição da cabeceira do viaduto para que seja possível escavar o solo ao redor do pilar que afundou e verificar mais elementos que possam esclarecer a queda.

Para o presidente do Ibape, que auxilia a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec), há três possibilidades investigadas. “Pode ter sido empregado material inadequado, como aço ou concreto.
O projeto pode ter sido malfeito ou fundamentado em informações imprecisas de solo, por exemplo. Ou a execução pode ter sido ruim, usando menos aço que o necessário ou fazendo blocos de dimensões menores”, exemplifica Coelho..