Jornal Estado de Minas

Sobrevivente de explosão em fábrica de fogos presta depoimento

Elenilton Gonçalves, de 19 anos, estava no galpão e escapou segundos antes. Quatro mulheres morreram na tragédia. O teor dos depoimentos não foi divulgado

João Henrique do Vale

Perícia fez os primeiros levantamentos no local. Resultado sai em até 30 dias - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press


A polícia segue com as investigações sobre a explosão na empresa Fogos Globo, de fogos de artifício, que deixou quatro mortos e um ferido. O delegado Lucélio da Silva, responsável pelo inquérito, começou a ouvir as testemunhas do caso. Nesta quarta-feira, dois funcionários foram ouvidos. Um deles, Elenilton Golçalves, de 19 anos, estava no galpão e escapou segundos antes da explosão. Ele falou por aproximadamente três horas.

 

O jovem deu detalhes de como começou um princípio de incêndio antes da explosão. Porém, o teor da oitiva não será repassado. “Ele me pediu para não divulgar os dados do depoimento. Também acho que neste momento atrapalharia o andamento das investigações”, explica Lucélio Silva.



Nessa terça-feira, o delegado contou que Elenilton estava no galpão quando, por volta das 7h20, notou um princípio de incêndio. O funcionário disse que correu e gritou, mas quatro mulheres que trabalhavam no local não conseguiram sair. Morreram na hora Daiana Cristina Maciel, de 25, Maria José da Soledade Campos, de 27, Maria das Graças Gonçalves Siqueira, 42, e Marli Lúcia da Conceição, de 39. O jovem teve três queimaduras nas costas e ficou em estado de choque.

A fábrica não apresentava nenhum problema com a documentação e, por isso, segue funcionando normalmente. “A fábrica é grande. Tem aproximadamente 150 imóveis entre pavilhões e depósitos. A explosão aconteceu em apenas um deles. O local está interditado, porém o restante segue normalmente. O exército fiscaliza a empresa, que está em dia”, explica o delegado.
Duas vítimas da tragédia foram enterradas nesta quarta-feira na cidade - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A.Press
Enterro

O clima de tristeza tomou conta da cidade durante o enterro de duas vítimas da tragédia neste manhã. A movimentação no velório de Maria das Graças Gonçalves Siqueira, de 42, e Marli Lúcia da Conceição, de 39, foi grande. Familiares, amigos e funcionários da fábrica prestaram as últimas homenagens com um sentimento de solidariedade.
Muitos reclamaram que a única opção de emprego no município está nas fábricas de fogos. Segundo os moradores, mesmo as empresas seguindo padrão de segurança na produção estão sujeitas aos acidentes. De 2011 até este ano, foram três graves explosões com morte no município. Os trabalhadores se dizem reféns desse mercado de fogos de artifício.(Com informações de Guilherme Paranaiba e Luana Cruz)

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