Jornal Estado de Minas

Grupo Tweed Ride BH celebra um ano em clima de nostalgia

Jorge Macedo - especial para o EM
Paula Carolina

- Foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press

Em clima de muita festa, no melhor estilo retrô, o grupo Tweed Ride BH, que reúne ciclistas de diversas tribos, comemorou ontem um ano de convivência marcada por encontros especiais em cada uma das quatro estações. O local escolhido para a celebração foi a Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, Região Leste de Belo Horizonte. O evento, que repete os diversos tweed rides (ou tweed run, conforme o país) existentes pelo mundo, tem como característica o visual retrô presente tanto nas roupas dos participantes como em bicicletas antigas que compõem o cenário, como a Monark 1958, do lanterneiro Frederico Gonçalves Pereira, que ganhou placa da Prefeitura Municipal de Araxá, em referência ao emplacamento de bicicletas que era feito na época.

Veja a galeria de fotos

 

Um alegre piquenique, muita música – o grupo mantém parceria com a equipe de dança Be Hoppers – e um concurso de figurino também fazem parte da festa que a cada encontro termina com uma pedalada pela cidade, mesmo depois de algumas taças de vinho. O evento é bem-vindo num momento em que o número de ciclistas em Belo Horizonte aumenta. Conforme mostrou o Estado de Minas ontem, somente na ciclovia da Rua Professor Morais, na Região Centro-Sul, em dois anos o uso da faixa exclusiva cresceu 146%.

“Sou ciclista há muitos anos e junto com um amigo resolvi criar esses encontros. Todo mundo vem pedalando. A gente faz o piquenique, dança, depois faz um passeio de bicicleta e terminamos em um barzinho”, conta a linguista Renata Aiala, de 27 anos, uma das organizadoras do evento. Renata ressalta que um dos objetivos do grupo é mostrar que a bicicleta pode ser usada no dia a dia como meio de transporte e com roupas comuns.

“Queremos desvincular isso de que a bicicleta é só um esporte e que o ciclista tem que usar roupas coladas. Eu trabalho de bicicleta, saio para namorar de bicicleta e vou até ao supermercado de bicicleta”, diz.

O professor Gabriel Quintão, de 22, é outro adepto da bicicleta como meio de transporte. Ele só anda de bike e tem argumentos para convencer qualquer um que duvide que em Belo Horizonte é possível ir a qualquer lugar pedalando. “Faço caminhos alternativos para fugir dos morros e levo minha bicicleta dobrável para qualquer lugar. Vou ao trabalho, à faculdade, pego elevador e entro até em banco com ela. Ninguém nunca me barrou”, garante. Desde que começou a andar somente de bicicleta, em outubro, Gabriel emagreceu 15 quilos.

Mas nem todos têm a mesma sorte. O garçom Célio Marques, de 47, mais conhecido como Leelo, mora em Contagem e trabalha em um shopping de Belo Horizonte. A distância não permite vir pedalando todos os dias. “Venho duas vezes por semana porque não dou conta de vir todos os dias. Cada um sabe o seu limite”, afirma.
Mas para Leelo a bicicleta é mais do que um meio de transporte. Ele organiza o passeio Pedal do Chaves, voltado para crianças. “É para quem tem de 8 a 80 anos”, brinca. Vestido como o personagem do seriado Chaves, ao lado do bancário Otávio de Barros Gomes, de 49, que representa o personagem Chapolim, eles fazem a alegria da criançada, enquanto dão dicas de trânsito e monitoram passeios, de cerca de quatro quilômetros, a cada dois meses, buscando estimular a consciência e o gosto pelo pedal. Otávio e a esposa Suzélia Oliveira de Carvalho são ciclistas assíduos , com cinco bicicletas em casa, e participam do Tweed Ride desde o primeiro encontro.

DANÇA O grupo de dança Be Hoppers animou a Praça Floriano Peixoto com diversas coreografias da equipe e um aulão de dança para participação do público. O grupo segue o lindy hop, estilo de dança criado nos Estados Unidos entre as décadas de 1920 e 1930. Parceria perfeita para o estilo retrô marcante no encontro. A parceria foi motivada pelo professor de dança Fabrício Martins, de 33, ciclista há cerca de 18. “Eu já conhecia o grupo.
Organizamos a apresentação de dança e eles gostaram. Deu muito certo”, conta Fabrício que lamenta ainda ter que andar de ônibus devido à distância entre o trabalho e a casa. “Fico esperando ansioso a hora que vou poder andar somente de bicicleta”, diz.

.