São julgados nesta terça-feira dois irmãos acusados de integrar um grupo de extermínio que matou 21 pessoas entre 2004 e 2009 em São José da Lapa e Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo horizonte. O ex-policial Rodney Balbino Leonardi, o “Robocop”, e Robert Balbino Leonardi, o “Betinho”, prestaram depoimento no 2º Tribunal do Júri. Os dois negaram envolvimento nas duas tentativas de homicídio pelas quais são julgados hoje.
O júri de hoje é sobre os crimes ocorridos em agosto de 2009. Segundo o Ministério Público, os crimes envolvem gangues ligadas ao tráfico de drogas nas cidades. Conforme o processo, as organizações criminosas se enfrentavam constantemente, numa disputa por pontos de venda de tóxicos.
O réu negou envolvimento com tráfico, dizendo que cinco operações policiais foram feitas na sua casa, sem que fosse apreendida qualquer quantidade de drogas. Disse que no dia do crime não estava armado, porque estava para se aposentar e havia deixado a arma no batalhão onde era lotado.
Rodney afirmou no júri que era atirador de elite da PM, por isso não atiraria no pé ou na panturrilha das vítimas, conforme consta na denúncia do Ministério Público. Ele ainda contou que estava em casa no dia das tentativas de homicídio.
O irmão dele, Robert, também negou a denúncia do MP. Afirmou que estava tomando um caldo na casa da mulher, quando ocorreram os tiros contra as duas vítimas. Robert contou que um dos baleados há havia sido preso por Rodney em outra oportunidade. O réu aproveitou para se defender dizendo que nunca foi preso por tráfico de drogas e que foi absolvido por outros crimes dos quais foi acusado.
Robert já foi condenado a 20 anos de prisão por um homicídio e uma tentativa de homicídio ocorridos em setembro de 2009, em São José da Lapa. Em outro julgamento, quando foi acusado de um duplo homicídio ocorrido em agosto de 2009, ele foi absolvido por falta de provas que assegurassem a sua participação no crime.
Manhã de julgamento
A sessão do júri foi aberta pelo juiz Glauco Eduardo Soares às 10h20. O Conselho de Sentença é composto por quatro mulheres e três homens, conforme sorteio feito em plenário. Os réus são defendidos pelos advogados Ernani Couto, Marcos Couto e Agnaldo Aquino. O representante do Ministério Público é o Herman Lott. Os dois acusados estão presos e foram requisitados para participar do julgamento, marcando presença no tribunal hoje.
Duas testemunhas foramo ouvidas na audiência sendo uma de acusação e uma de defesa. A testemunha de acusação é uma das vítimas dos disparos, que pediu a saída dos réus do salão do júri para depor. O homem confirmou que os irmãos são os autores dos disparos contra ele. Disse que os acusados tinham envolvimento com o tráfico e deu detalhes sobre o dia do crime.
Segundo a depoente, Robert disparou várias vezes contra ele a caminho de uma festa. Os motivos dos tiros seriam desavenças entre a testemunha e os irmãos Robert e Rodney. Houve troca de tiros entre os acusados e um dos alvos da tentativa de homicídio, que estava armado porque trabalhava como vigia. O depoente admitiu ser usuário de drogas, mas disse que na noite do crime não estava drogado. Ele foi ouvido por mais de uma hora e meia.
A segunda testemunha falou em defesa do réu Rodney e começou a ser ouvida às 11h57. O homem apenas contou que um dos homens baleados estava "doidão" no dia do crime.