Gustavo Werneck
A futura Catedral Cristo Rei, sede da Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte, terá uma escola para ensinar a milenar arte dos mosaicos bizantinos e direcionada especialmente às comunidades de baixa renda. Primeira filial no mundo do Instituto Oriental Centro Aletti, vinculado à Pontifície Universidade Gregoriana, da ordem dos jesuítas, em Roma, a escola vai ensinar não só a técnica de obras que ornamentam interior e fachada de igrejas em vários países, como também esculturas e vitrais. “Trata-se de uma conjugação de fé, arte e serenidade”, explica o padre belo-horizontino Gleicion Adriano Silva, há nove meses se preparando na Itália para coordenar as atividades em BH.
No Brasil, não há uma escola para formação de mosaicistas ou profissionais que trabalham especificamente com os mosaicos bizantinos, técnica que remonta ao século 4 e retrata, com pequenas pedras, rostos de santos, cenas bíblicas e outros motivos religiosos. Em visita a BH, padre Gleicion diz que, antes de mais nada, trata-se de um trabalho coletivo. “No ateliê, os alunos se unem para fazer os mosaicos e rezam antes de começar a tarefa. Vamos trazer essa tradição para Minas”, afirmou o ex-titular da Paróquia de Santo Antônio, na Pampulha, e integrante das equipes de cerimonial da arquidiocese e do espaço litúrgico da catedral que está sendo erguida no Bairro Juliana, na Região Norte da cidade.
A ideia de enviar o padre a Roma partiu do arcebispo metropolitano de BH, dom Walmor Oliveira de Azevedo, ao enxergar no religioso pré-requisitos para desempenhar a função. “Sempre gostei de desenhar e pintar imagens de santos e capelas”, afirma o sacerdote, mostrando um mosaico de São José feito por ele durante três semanas no curso ministrado pelo jesuíta esloveno Marco Ivan Rupnik. Com um sorriso de satisfação, ele mostra as pedras usadas na composição: verde ming, da China, no manto; amarelo de Siena, Itália, na roupa de baixo; pastilhas de vidro colorido, de Veneza; pastilhas e outros materiais. As cores e formas, no entanto, vão depender dos recursos de cada região, principalmente em Minas, rica por natureza em rochas.
A escola de BH será um espaço de informação sobre a preservação do patrimônio cultural e religioso. “É preciso conservar a memória do que foi construído, pois, dessa forma, mantemos a presença de Deus”, certo de que é preciso haver equilíbrio entre o passado e o novo, sem destruição do acervo. “Nos mosaicos, fazemos uma leitura das obras bizantinas em sintonia com o mundo atual.” O padre está certo de que há muito para aprender, já que passará mais três anos se especializando em Roma.
Na catedral
“O trabalho demanda um desenho e a escolha das cores. Mas, nesse caminho, tem o corte das pedras e aprendizagem de todo o processo”, conta o padre Gleicion, lembrando que no Instituto Aletti, renomado centro de estudos da arte oriental, há aprendizes de 14 nacionalidades, entre religiosos e leigos, sendo mais dois sacerdotes brasileiros – de Santa Catarina e São Paulo. Os mosaicos estarão presentes no interior da Catedral Cristo Rei, num projeto feito em parceria com Rupnik. A ideia inicial é de que a ornamentação seja alusiva ao Cristo Ressuscitado.
Enquanto isso...
...obra em andamento
De acordo com informações da Arquidiocese de Belo Horizonte, as obras da Catedral Cristo Rei estão na fase de fundações profundas, estruturas responsáveis pela sustentação de todo o peso do prédio. As colunas e paredes deverão começar a ser construídas no início de 2015. Enquanto operários, técnicos, engenheiros e arquitetos trabalham no canteiro de obras, a arquidiocese reúne adesões ao Projeto Faço Parte, Estou na Praça das Famílias, caminho para quem deseja ajudar na edificação. Além de contribuir para a conclusão da obra, o doador pode homenagear parentes e amigos, indicando nomes que serão inscritos no grande terço localizado na Praça da Catedral Cristo Rei. As adesões podem ser feitas pelo telefone (31) 3269-3100 ou pela internet: www.catedralcristoreibh.com.br.