Depois de a Santa Casa de São Paulo anunciar o fechamento do seu pronto-socorro, a Santa Casa de BH informou ontem que a realidade da instituição mineira não é diferente das outras instituições filantrópicas do país. Com 1.085 leitos exclusivos para atendimento a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 5 mil funcionários e uma dívida tributária de cerca de R$ 200 milhões, o hospital afirmou, em nota, que os valores repassados através de contratos como SUS “não são suficientes para cobrir o custo operacional da instituição”.
A perda da maternidade para BH é muito significativa. Atualmente, seis maternidades da capital atendem pelo SUS, além da Ssanta Casa. São elas Hospital Risoleta Tolentino Neves, Hospital Odilon Behrens, Hospital das Clinicas, Maternidade Odete Valadares, Hospital Júlia Kubitschek e Hospital Sofia Feldman.
Vitallis
Até o dia 31, os 64 mil usuários do plano de saúde Santa Casa vão receber, no endereço cadastrado no convênio, carta explicativa, carteirinha e livro de referência de uma nova operadora. Depois de sete meses de negociação, o Santa Casa foi vendido para a Vitallis, de capital internacional, que é a segunda maior do estado em número de usuários. A nova dona da carteira vai ter que prestar atendimento aos novos clientes, nas mesmas condições. Para isso, será mantida a atual rede de médicos e serviços credenciados.
A continuidade do corpo clínico e do hospital São Lucas no convênio Vitallis é o principal motivo de preocupação dos usuários, que durante quase um ano viveram na incerteza. A rede credenciada do novo dono, que inclui hospitais como Vila da Serra, Life Center, Hospital Infantil São Camilo e Clínica Belvedere, também passa a atender os usuários da Santa Casa. No início da negociação entre as operadoras, a carteira Santa Casa era de aproximadamente 100 mil beneficiários, mas durante o processo esse número sofreu redução. Em pouco mais de seis meses mais de 30% dos usuários migraram para outros convênios ou cancelaram o plano. O valor da transação comercial não foi revelado, mas no ano passado a Vitallis foi vendida para a multinacional colombiana Grupo Sanitas Internacional, por R$ 40 milhões. O faturamento do Santa Casa Saúde, de R$ 193 milhões em 2013, é parecido com o que foi apurado pela Vitallis, R$ 191 milhões no mesmo período.
Com a compra, a Vitallis ganhou corpo somando agora 331 mil usuários. A operadora se consolida como a segunda maior do estado, depois da Unimed-BH. A intenção do Grupo Sanitas Internacional (segundo a entrar no país depois da UnitedHealth no Brasil, que comprou a Amil,) é crescer sua participação no mercado nacional somando 1 milhão de clientes até 2017. Hoje, o grupo soma no país meio milhão de usuários. A aquisição da carteira da Santa Casa é a terceira compra da multinacional no mercado brasileiro, que primeiro negociou a Universal Saúde em São Paulo (MediSanitas Brasil).
Doações
A Santa Casa BH foi a primeira instituição de saúde instalada em Belo Horizonte no final do século 19. Fundada em 1899, 2 anos após a inauguração da capital mineira, funcionou inicialmente em um pavilhão construído na esquina da rua Ceará com avenida Francisco Sales (atual ala C), atendendo a população carente da cidade durante décadas.. Ao longo de 114 anos, a Santa Casa BH sempre contou com o apoio do poder público e da iniciativa privada para prestar atendimento à população usuária da rede pública de saúde. Devido à necessidade de se manter atualizada tecnologicamente e oferecer mais conforto aos pacientes, a instituição elabora projetos que podem ser financiados por qualquer pessoa física ou jurídica.
São diversas as maneiras de contribuir com o trabalho da Santa Casa que, no último ano, realizou mais de 32 mil internações, 334 mil consultas e cerca de 14 mil cirurgias pelo Sistema Único de saúde. A instituição recebe doações em dinheiro, equipamentos, reformas, bens materiais e, até mesmo, trabalho voluntário por meio da sua Associação de Voluntárias (Avosc) ou das Doulas, na Maternidade Hilda Brandão.