Em depoimento prestado ao delegado David Batista na delegacia de Ibirité, na Grande BH, a mãe do garoto Keven Gomes Sobral, de 2 anos, encontrado morto dentro de um sofá, confessou o crime. A informação foi confirmada pelo pai da criança no fim da tarde desta segunda-feira. A mulher contou que ficou nervosa com o menino porque ele estava querendo mexer no celular. Como não obedeceu a ordem dela, Marília Cristiane Gomes, de 19 anos, o arremessou contra a parede. Ela foi presa em flagrante pelo crime.
Marília Cristiane já tinha sido ouvida na manhã desta segunda-feira, mas acabou chamada novamente para prestar esclarecimentos por causa de contradições em suas versões. Nesta tarde, o pai da criança, Cláudio Ribeiro Sobral, de 31, deixou a delegacia e teve que ser amparado por parentes. Ele contou que a mulher confessou o crime.
O menino morava com os pais Marília e Cláudio em um terreno onde há outras duas casas de aluguel, na Rua Doutor Paulo Souza Lima. Em uma das outras residências moram os tios do menor, Ailton Silva Sobral e Lucimeire de Souza Antunes, ambos de 21. Quando notou que a criança já estava morta, a mulher enrolou o corpo em um lençol e foi até a residência vizinha. Ela tinha as chaves da porta. Lá, cortou o forro do sofá, colocou o filho.
Desde que o garoto foi encontrado, a mulher tentava incriminar Ailton e Licimeire. Porém, segundo a tia da menina, eles não estavam na casa quando o crime aconteceu. Os dois viajaram para o enterro de um parente e, aproveitando a casa vazia, Marília escondeu o corpo lá. Foi Lucimeire que notou um cheiro estranho no imóvel. “Quando cheguei de viagem e coloquei meu celular para carregar, senti um mal cheiro. Vi que o sofá estava remexido e desconfiei que o corpo estava lá”, disse.
Logo que teve a suspeita, a mulher chamou o pai do garoto. “Ele arrastou o sofá e entrou em estado de choque quando o viu o corpo do menino”, contou Lucimeire. O corpo foi retirado por policiais militares e depois levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Betim.
Marília foi presa em flagrante por ocultação de cadáver. O delegado responsável pelo caso vai passar mais detalhes sobre o crime em entrevista coletiva que deve acontecer nesta terça-feira.
Investigações
No dia 24, por volta das 16h, Marília chamou a polícia, dizendo que o filho havia desaparecido de casa. Ela contou que estava lavando roupas enquanto o menino dormia. Quando Keven acordou, a mãe o alimentou e o deixou brincando no quarto para continuar o serviço doméstico. A mulher estranhou o silêncio da criança e, quando foi vê-lo no quarto, não o encontrou. A porta da sala, que dá saída para o lote, antes trancada, estava aberta.
A mãe disse aos policiais que procurou pelo garoto por todo o terreno, inclusive em uma das casas alugadas, porém não o encontrou.
No dia 27, angustiada com o sumiço do filho, Marilia foi até a Delegacia de Desaparecidos de Belo Horizonte para buscar panfletos impressos com a foto do menino. Os investigadores já estavam envolvidos na procura e prepararam o material para a mãe. Quando retornou, muito abalada, ela passou pelo Hospital Municipal de Ibirité para tomar uma medicação, porque não estava se sentido bem. Em seguida, voltou para casa.
Por volta de 22h, a mãe dormia com o companheiro Cláudio, quando foram acordados por Ailton e Lucimeire, que haviam chegado de viagem naquele momento e encontrado a fechadura trocada. Ailton teve a ideia de arrombar uma outra porta dos fundos para entrar em casa sem precisar chamar o dono José Sebastião, àquela hora da noite. Ailton e a mulhar estavam ansiosos para guardar as malas da viagem.
Quando entraram na residência, foram surpreendidos por um cheiro estranho e uma poça de sangue perto do sofá. Quando arrastaram o móvel, viram o corpo do sobrinho. O estofado estava rasgado, conforme consta no boletim de ocorrência. Eles chamaram Marília e Cláudio para reconhecer as roupas do garoto. A polícia foi acionada para os trabalhos de perícia. O dono do imóvel, José Sebastião, esteve no local quando viu as viaturas policiais..