Jornal Estado de Minas

Por estresse, psicóloga sugere saída de mais nove moradores vizinhos de viaduto

Tiago de Holanda

Um laudo psicológico encaminhado nessa terça-feira à Defesa Civil de BH recomenda a remoção imediata de mais nove moradores dos condomínios Antares e Savana, vizinhos ao Viaduto Batalha dos Guararapes, cuja alça sul desabou no dia 3.

Eles têm medo de continuar no local, mostram alto grau de estresse e chegam a apresentar sintomas de depressão e síndrome do pânico, segundo a psicóloga responsável pelo relatório, Andréa Regina Marques Reis. O coordenador do órgão municipal, coronel Alexandre Lucas, afirma que, após o documento ser avaliado, a retirada desse grupo pode ser antecipada.

O laudo foi feito a pedido da Defesa Civil, apesar de a psicóloga ser contratada pelos moradores. O órgão transferiu domingo 19 famílias para um hotel no Bairro São Cristóvão, na Região Noroeste da capital. Do total, 12 moram nos blocos 8 e 9 do Antares, e sete no bloco 3 do Savana, mais próximos à alça norte, que continua de pé, mas tem risco de cair, segundo laudo não oficial encomendado pela construtora Cowan, responsável pela obra. “Esses moradores estão na área de risco. Foram removidos por precaução, embora não haja sinais de risco iminente de queda da alça norte”, explica o coronel.

A Defesa Civil planeja remover os demais moradores durante a demolição da alça norte, que ainda não tem data para começar. Porém, domingo, alguns pediram para ter a transferência antecipada.
“Vou passar o documento para psicólogos da prefeitura para ser avaliado”, diz. “Esses moradores não estão na área de risco e, por isso, não tenho argumentos para solicitar a remoção deles. Vou verificar essa possibilidade”, afirma. O mesmo relatório será enviado ao Ministério Público, informa a advogada que representa os moradores, Ana Cristina Drummond.

A psicóloga Andréa Reis elaborou o laudo após conversar na segunda-feira com 15 moradores que haviam pedido para ser instalados em outro local. “Seis concluíram que não há problema em esperar o prazo da Defesa Civil”, afirma. “No caso dos outros nove, é muito arriscado aguardar mais para que sejam removidos. Eles estão muito ansiosos e têm sinais de estresse pós-traumático. Alguns têm crise de choro, insônia, falta de apetite. O maior medo é o da morte”.

Demolição

A promotora Cláudia do Amaral Xavier, da Promotoria de Justiça de Direitos Humanos, visitou ontem a área do viaduto e os condomínios Antares e Savana, onde conversou com moradores. Ela estava acompanhada de técnico da UFMG, que atuam nas áreas de moradias e urbanismo, segundo a assessoria de imprensa do Ministério Público. O objetivo foi recolher informações sobre as famílias que residem nos apartamentos vizinhos ao elevado, os riscos que podem estar correndo e o modo como são acompanhadas pela Defesa Civil. Os dados serão anexados à apuração da promotoria sobre o caso, que não tem prazo para terminar.

A demolição da alça norte não tem data para ocorrer, mas a Cowan encaminhou na segunda-feira à prefeitura a sugestão de uma empresa especializada no procedimento. O Executivo municipal afirmou que a proposta está sendo analisada.

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