A tecnologia e a conversa entre usuários eram aliados de uma quadrilha de tráfico de drogas que agia em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A organização criminosa, que atendia os consumidores por meio de um disque-drogas, foi desmantelada durante uma operação da 3ª Delegacia da Polícia Civil da cidade e apresentada na tarde desta quinta-feira. Ao todo, cinco pessoas foram presas. Entre elas, Pablo Joaquim da Silva, de 33 anos, apontado como o líder do grupo. Conforme as investigações, o homem morava em uma casa luxuosa de dois andares que tinha até hidromassagem. Porém, segundo o delegado Renan Gutierrez, ele nunca teve vínculo empregatício.
As investigações da Polícia Civil começaram meses atrás e giravam em torno de Pablo. O homem atuava no tráfico de drogas há mais de 15 anos na cidade e até chegou a ser preso em 2000. “Ele acabou sendo solto e começou a se aperfeiçoar. Como já tinha uma grande clientela, passou a fazer as vendas por telefone. Com o passar do tempo, contratou mais pessoas para trabalhar nos negócios ilícitos”, explica o delegado.
Mesmo dentro da cadeia, Pablo continuava comandando a quadrilha. Segundo o delegado, um outro traficante da cidade foi colocado em seu lugar e passou a usar o disque-drogas. João Gustavo Vila Verde Ferreira, de 36, e sua mulher, Catarina Vila Verde, de 29, a mulher de Pablo, Stefânia Pereira Chinem, de 29, e Geovane Gomes Ferreira, de 40, continuavam as entregas para os usuários de drogas.
Na última quinta-feira, durante uma operação da Polícia Civil, João Ferreira acabou preso junto com Geovane dentro de um carro. No veículo foi encontrada uma porção de maconha. “Quando chegamos na casa de João, encontramos Stefânia e Catarina. Lá, conseguimos apreender 120 porções de cocaína e uma planilha de gastos financeiros da quadrilha e nomes de todos os integrantes”, afirma o delegado.
Conforme Gutierrez, cada integrante tinha uma função na quadrilha. Stefânia era responsável em lavar o dinheiro e comprar a droga. Era ela, conforme as investigações, quem trazia os entorpecentes do Espírito Santo para Minas. Catarina fazia os depósitos nas contas dos envolvidos. “Ela usava dois filhos para evitar as filas nos bancos”, comenta o delegado. Já Geovane se passava por pedreiro de Pablo e fazia as entregas das drogas.
Luxo sem trabalhar
A quadrilha conseguia arrecadar uma grande quantia com a venda de drogas por telefone. “Tudo era feito por celular. Não conseguimos mensurar quanto eles ganhavam, mas sabemos que atingia a cidade toda. Os usuários iam passando os telefones dos criminosos, o que facilitava os contatos”, explica o delegado.
Os investigadores ficaram impressionados com a casa onde Pablo morava. Em um grande terreno, o homem conseguiu construir um imóvel de dois andares com piso de porcelanato, banheira de hidromassagem e churrasqueira. Tudo isso sem trabalhar. “Não tem nenhum vínculo empregatício e nunca teve, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego”, conta Gutierrez.