Um grande centro de espiritualidade, onde a reconciliação, a saúde e a paz são os elementos fundamentais do cuidado consigo mesmo, com familiares e com o mundo. Essa é a missão dada à Igreja Padre Eustáquio, no bairro homônimo, na Região Noroeste de Belo Horizonte, a partir do dia 30, quando o templo será elevado à condição de santuário. O anúncio foi feito nessa quinta-feira pelo arcebispo metropolitano da capital, dom Walmor Oliveira de Azevedo. O Santuário da Saúde e da Paz será o 11º da Arquidiocese de BH e o quarto da capital. O nome do lugar é referência à saudação com que o religioso acolhia os fiéis.
O templo será reorganizado em torno de três espaços: reconciliação com Deus, cuidado com a saúde e a compreensão do sentido da paz nesse mundo em guerra. Em cada local, haverá programas específicos a serem trabalhados com os fiéis. No da saúde, deverá será trabalhado, entre outros temas, medicina alternativa, a consciência do próprio corpo e um tratamento de vida de modo mais natural. Na reconciliação, ela será estimulada entre familiares, entre as outras pessoas e também com o mundo.
Dom Walmor informou que a Arquidiocese vai buscar parcerias e investimentos para o local.
O arcebispo informou que serão feitas intervenções para melhorar o atendimentos aos fiéis, tanto na estrutura interna quanto no entorno. Ele espera também que o santuário incremente o turismo religioso, aproveitando o potencial de Minas Gerais em projetar os templos e criando uma ligação entre o circuito mineiro e o de São Paulo, por onde Padre Eustáquio também passou. Segundo dom Walmor, a nova denominação da igreja colabora ainda com a canonização do religioso, cujo processo está à espera da comprovação de um milagre. “Estaremos orando e indo a essa fonte perene que é Padre Eustáquio para que ele possa ajudar nesse milagre de que precisamos.”
O titular da paróquia, padre Sérgio Stein, disse que as novas ações não significam mais horários de missa, o que deve ocorrer no futuro. Segundo ele, por enquanto, os temas serão incorporados nas celebrações. “Vamos direcionar para esses assuntos. Na saúde, por exemplo, poderemos trazer os enfermos para uma palavra especial”, afirmou.
Fiés
Os fiéis ficaram satisfeitos com a notícia e acharam o novo status da igreja mais do que justo. A dona de casa Francisca Luíza Nery, de 99 anos, morava no Bairro Calafate, na mesma região, quando Padre Eustáquio morreu e se orgulha de dizer que foi a pé, passando mal, com a filha de 2 anos, até o Cemitério do Bonfim para o enterro. “Venho à missa todos os dias e faço novenas. Meus filhos querem me levar para morar com eles, mas longe da igreja eu não vou”, conta.
Maria Efigênia Gomes da Silva, de 77, diz que não reza, mas conversa com o religioso. “Ele não precisa do título de santo, porque santo ele já é.” A irmã dela, Maria Gomes, de 66, afirma que já alcançou graça para a sobrinha doente.
Izabel Leite Souza, de 83, também conheceu o religioso e se orgulha de sempre tê-lo em devoção. Ela atribui ao beato a cura da filha, acometida por paralisia infantil. “Ela trabalhou 36 anos no Colégio Padre Eustáquio, como professora de biologia, e hoje está quase aposentando”, relatou. E nunca deixou de cumprir a promessa de ajudar os pobres. “Quem conheceu Padre Eustáquio não esquece aquele semblante nem aquele olhar.”
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