Desativado em 2007, o espaço está no centro de queda de braço entre os moradores do bairro, um dos mais tradicionais da capital, e a Prefeitura de BH. Em agosto de 2013, o Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) aprovou um parecer flexibilizando lei que transformou o Bairro Santa Tereza em Área de Diretrizes Especiais (ADE).
A alteração foi necessária para que o mercado seja transformado em escola profissionalizante. Contrária à mudança, a população do bairro diz que a edificação deve ser usada para atividades culturais e educativas.
O projeto de mudança do Mercado Distrital de Santa Tereza foi elaborado pela Federação Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Na documentação entregue pela entidade à Prefeitura da capital constam a manutenção e a reforma da fachada, bem como a recuperação das instalações. O projeto mostra ainda que o número de vagas de estacionamento será ampliado, passando para 87. Hoje são 60. O mercado terá a sua área total edificada estendida de 6.734 metros quadrados para 8.723.
Ainda de acordo com a proposta, a Escola Estadual Pedro Américo, que está no mesmo terreno do mercado, será utilizada pela Fiemg.
Polêmica
O presidente da Associação Comunitária do Bairro Santa Tereza (ACBST), João Bosco Alves Queiroz, afirmou que a entidade vai divulgar no início da semana uma carta aos moradores em repúdio à decisão da (PBH). Queiroz informou também que a associação vai procurar um advogado para tentar reverter o parecer do Conselho Municipal de Política Urbana (Compur) favorável à instalação da escola profissional. Ele teme ainda que a flexibilização ADE abra brechas para a construção de outros empreendimentos no bairro. A associação pretende se reunir com o Ministério Público Estadual (MPE) para discutir a situação.
Em novembro de 2013, o MP emitiu um parecer técnico dizendo ser contrário à transformação do mercado em escola profissionalizante com área superior a 400 metros quadrados. O documento foi produzido a pedido da Câmara Municipal e alerta que a iniciativa estaria em desacordo com a legislação que busca preservar a característica predominantemente residencial do bairro, pois atrairia grande circulação de pessoas e veículos.
O texto ressalta que o Santa Tereza pertence a Área de Diretrizes Especiais, conforme a Lei 7.166/96 (Lei de Uso e Ocupação do Solo). Assinado pela analista e arquiteta Sílvia Couto Monteiro de Moura, o relatório informa que a alteração que se pretende na lei para permitir a implantação da escola profissionalizante pode desvirtuar o objetivo original da legislação e abrir precedentes para mais mudanças.
Limitação
O mercado tem 6 mil metros quadrados e, segundo a classificação dos usos da ADE, centros de formação profissional, cursos pré-vestibular e supletivos no bairro devem ter no máximo 400 metros quadrados. “Entende-se que tais restrições tenham por objetivo preservar as características do bairro, impedindo grandes atrações de pessoas e veículos”, diz o relatório. “A escolha das atividades deveria ser feita após consulta popular e estudos sobre os impactos”, acrescenta o documento.
Na tarde desta sexta, a Fiemg informou que a publicação no Diário Oficial não significa que a escola será construída, pois para isso, são feitos estudos sobra a mobilidade, o meio ambiente e o acesso ao local. Ainda conforme a Federação das Indústrias de Minas Gerais, essas análises foram entregues à prefeitura hoje. .